ONU discute no Rio violência, participação social e direitos humanos
23 setembro 2008
Fórum realizado pelo Centro de Informação das Nações Unidas para o Brasil em parceria com o movimento Rio de Paz defende maior mobilização da sociedade civil para o fim da violência.
O Centro de Informação da ONU para o Brasil (UNIC Rio) e a organização não-governamental Rio de Paz realizaram, nesta quinta-feira, no Rio de Janeiro, o 2º Fórum Violência, Participação Popular e Direitos Humanos como parte das comemorações dos 60 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, celebrado em 2008.
O evento contou com a presença de diversas autoridades, representantes de ONGs e especialistas e ocorreu na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Os temas abordados foram as altas taxas de homicídios, o baixo índice de esclarecimento dos crimes, além de debater formas para reduzir a violência e a necessidade de mobilização da sociedade civil.
O Diretor do UNIC Rio, Giancarlo Summa, afirmou que os direitos humanos são essenciais para a paz. Ele disse ainda que após 60 anos da Declaração, houve muitos avanços, destacou que no mundo inteiro ainda existem milhões de homens, mulheres e crianças que têm seus direitos violados diariamente. Giancarlo também lembrou que no dia 21 de setembro será comemorado o Dia Internacional da Paz promulgado pelas Nações Unidas.
"Não existe paz sem respeito aos direitos humanos. Aqui no Rio de Janeiro há, infelizmente, uma situação de desrespeito a esses direitos, à vida, à segurança e aos direitos sociais. É preciso que a sociedade cobre soluções, que todos estejam presentes e participem para exigir que sejam elaboradas e implementadas soluções. Existe uma indignação da sociedade civil a essa situação e somente a partir dessa indignação é possível imaginar que haverá algum tipo de solução".
Segundo o Presidente do Rio de Paz, Antônio Carlos Costa, cerca de meio milhão de brasileiros foram vítimas de homicídio nos últimos dez anos e o Rio de Janeiro possui uma das mais altas taxas de homicídios do Brasil. Ele defende a participação popular para atuar em conjunto com o poder público a fim de elaborar políticas públicas para a segurança.
Antônio Carlos afirmou que uma possível manifestação na sede das Nações Unidas, Nova York, poderá ser organizada caso as autoridades brasileiras não atendam às reivindicações.
"Nós acreditamos que sem participação popular não há esperança. Nós estamos vivendo dentro de um contexto de ingovernabilidade no campo da segurança pública, então julgamos que se não houver uma mobilização da sociedade como um todo, não há esperança. Se não houver um tratamento sistêmico para o problema não vamos ver redução no número de homicídios no nosso país. Estamos prontos para ir para Nova York fazer um protesto em frente a ONU, caso o governo brasileiro não atenda as nossas reivindicações".
Desde a criação da Ong Rio de Paz em 2007, o movimento já fez mais de 30 protestos em várias capitais do Brasil. E há um ano, elaborou um manifesto para a redução de homicídios no Brasil que já conta com mais dez mil assinaturas. O objetivo é recolher um milhão de assinaturas e encaminhar às autoridades federais e estaduais. O documento estabelece metas para a redução de homicídios no país, defende a presença pacífica das polícias nas favelas e mais investimentos em segurança pública.
Estiveram presentes no evento o Vice-Reitor para Assuntos de Desenvolvimento da PUC-Rio, Pe. Francisco Ivern Simó; o Diretor do UNIC Rio, Giancarlo Summa; e o Presidente do Rio de Paz, Antônio Carlos Costa.
Além do Diretor Presidente do Instituto de Segurança Pública, Mário Sérgio de Brito Duarte; a professora do IUPOL da Universidade Cândido Mendes, Ana Paula Miranda; o Secretário Geral do Sindicato dos Delegados de Polícia do Rio de Janeiro, Vinícius George; e o perito em Criminalística Mauro Ricart.
O evento contou ainda com a presença de Eduardo Machado, jornalista e editor de Pebodycount, premiado site de Recife sobre assuntos de segurança pública; o Chefe de gabinete do Ministro da Justiça e Secretário-Executivo do PRONASCI, Ronaldo Teixeira da Silva; e do sociólogo e professor Gláucio Soares.