Em dia mundial, ONU defende empoderamento das 1,1 bilhão de meninas do mundo
11 outubro 2016
No Dia Internacional das Meninas, oficiais das Nações Unidas defenderam o bem-estar, a garantia dos direitos humanos e o empoderamento das 1,1 bilhão de meninas do mundo, especialmente as mais marginalizadas. Este ano, a ONU enfatizou a importância dos dados para visualizar e tornar acessíveis as vidas de cada menina, nos vários contextos, rumo ao desenvolvimento sustentável.
Em mensagem para a ocasião, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, disse que os Estados-membros, quando concordaram com a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável no ano passado, prometeram educação de qualidade e serviços de saúde para as meninas. Segundo ele, o tema deste ano para a data é baseado nos 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável: "o progresso das meninas é igual ao progresso dos objetivos globais — o que conta para elas".
“Nos comprometemos em acabar com a discriminação e a violência contra meninas, e práticas prejudiciais como o casamento infantil. Houve o compromisso de não deixar ninguém para trás”, disse Ban. “Frequentemente, em aldeias, favelas e campos de refugiados no mundo todo, as meninas são deixadas para trás: sem comida, serviços de saúde ou educação de qualidade, e sob risco de sofrerem violência sexual”, completou.
Na opinião do secretário-geral, investir nas meninas é tanto "a coisa certa como a mais inteligente a ser feita", uma vez que esse investimento tem efeito em cadeia em todas as áreas do desenvolvimento, atingindo inclusive as gerações futuras.
“Mas o que não é medido não pode ser administrado. Se não reunirmos os dados necessários, nunca saberemos se estamos cumprindo nossas promessas”, ressalvou. “Precisamos garantir que nossas iniciativas estejam atingindo todas as meninas: meninas na extrema pobreza; meninas em áreas rurais isoladas; meninas com deficiência; meninas em comunidades indígenas; meninas que são refugiadas ou deslocadas em seus próprios países”.
“Vamos trabalhar duro para garantir que contemos todas as meninas, porque todas as meninas contam”, concluiu o secretário-geral em sua mensagem.
Dados que contam
Para o diretor-executivo do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), Babatunde Osotimehin, o tema deste ano reconhece que a importância dos dados para visualizar e tornar acessíveis as vidas de cada menina, nos vários contextos, para o progresso sustentado.
“Com acesso a este tipo de dados e informações, formuladores de políticas, comunidades, organizações da sociedade civil, grupos liderados por jovens, ativistas e as próprias meninas podem moldar as políticas e iniciativas que afetam positivamente as vidas de milhões de meninas em todo o mundo”, declarou, em comunicado.
Segundo ele, investir em meninas adolescentes permite que elas permaneçam na escola, ganhem habilidades, casem mais tarde e recebam uma renda maior para investir novamente em suas famílias e comunidades.
Hoje é o #DiaInternacionaldasMeninas. Ainda temos muitos desafios para garantir que elas sejam empoderadas https://t.co/AkkJIkFGBP pic.twitter.com/jEhoG08HJL
— ONU Brasil (@ONUBrasil) 11 de outubro de 2016
“Estes investimentos devem ser orientados e informados por dados de alta qualidade para o máximo impacto e resultados, e para monitorar o progresso”, disse Osotimehin. “Isto é particularmente importante para identificar e abordar as necessidades das meninas mais marginalizadas — aquelas sobre as quais, muitas vezes, sabemos o mínimo”.
Segundo ele, menos de 50 países fornecem dados desagregados por sexo e idade, enquanto existem enormes lacunas de informações em muitas áreas, incluindo pobreza, violência entre parceiros íntimos e mortes de adolescentes por complicações na gravidez e no parto, especialmente na faixa etária de 10 a 14 anos de idade.
Como resultado, os desafios que muitas meninas enfrentam permanecem sem solução, e este segmento importante da sociedade é repetidamente impossibilitado de realizar seu pleno potencial, disse o chefe do UNFPA.
“Cada menina tem o direito a uma transição segura e bem-sucedida para a idade adulta, e o direito de abraçar as oportunidades futuras reservadas a cada uma", disse o chefe do UNFPA. "Agora é hora de explorar plenamente o poder dos dados como uma das ferramentas mais importantes para o desenvolvimento e para a proteção e promoção dos direitos das adolescentes".
Empoderamento das meninas pelo esporte
No Brasil, uma das principais frentes de atuação das Nações Unidas e parceiros no empoderamento de meninas é o projeto "Uma Vitória Leva à Outra", realizado no Rio de Janeiro.
O programa da ONU Mulheres e do Comitê Olímpico Internacional, em parceria com ‘Women Win’ e o Comitê Olímpico do Brasil, tem apoio da Loteria Sueca e da marca Always.
Veja abaixo vídeo sobre a iniciativa:
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ONU Mulheres alerta para invisibilidade de meninas adolescentes
Em sua mensagem para a data, a diretora-executiva da ONU Mulheres, Phumzile Mlambo Ngcuka, destacou que sem progresso para as meninas, não pode haver qualquer avanço real em relação aos compromissos globais com a justiça e a prosperidade.
“Com sua visão de deixar ninguém para trás, a Agenda 2030 sobre o Desenvolvimento Sustentável tem a igualdade de gênero e o empoderamento das mulheres e meninas em seu coração”, lembrou.
“Para navegar entre a longa lista de ações urgentes para aqueles que ficaram mais para trás, precisamos saber exatamente seus desafios e suas vulnerabilidades. As meninas são os nossos agentes de mudança, por vezes escondidas do presente e do futuro. Precisamos saber sobre elas e ouvir suas vozes”, acrescentou.
Phumzile lembrou que, para isso, são necessários dados precisos, confiáveis, transparentes e comparáveis de gênero.
“Meninas adolescentes podem compartilhar muitos dos mesmos riscos para a sua saúde e seus direitos que as crianças ou mulheres, mas os desafios que elas enfrentam são às vezes mais agudos, em parte porque não são visíveis”, argumentou a diretora-executiva da ONU Mulheres.
Como exemplo, citou a falta de registro civil e dados de estatísticas vitais adequadas em países em desenvolvimento, que segundo Phumzile significa que “sabemos muito pouco sobre o número de meninas adolescentes que dão à luz por ano”.