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Campanha da ONU busca conscientizar população sobre prevenção ao suicídio

11 setembro 2017

[caption id="attachment_100702" align="aligncenter" width="580"]Entre 1990 e 2013, o número de pessoas sofrendo de depressão e ansiedade aumentou quase 50%, de 416 milhões para 615 milhões. Foto: EBC Suicídio é a segunda principal causa de morte entre jovens com idade entre 15 e 29 anos. Foto: EBC[/caption]



O suicídio é um importante problema de saúde pública em todo o mundo. Afeta famílias, comunidades e países inteiros. Por isso, desde 2003, a Associação Internacional para a Prevenção do Suicídio e a Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS) promovem a cada 10 de setembro o Dia Mundial para a Prevenção ao Suicídio. Neste ano, o lema da campanha é “Doe um minuto de seu tempo. Mude uma vida”. O objetivo é conscientizar a população de que o suicídio pode ser prevenido.

Principais fatos



• Aproximadamente 800 mil pessoas morrem por suicídio a cada ano.

• Para cada suicídio, há muito mais pessoas que tentam o suicídio a cada ano. A tentativa prévia é o fator de risco mais importante para o suicídio na população em geral.

• O suicídio é a segunda principal causa de morte entre jovens com idade entre 15 e 29 anos.

• 78% dos suicídios no mundo ocorrem em países de baixa e média renda.

• Ingestão de pesticida, enforcamento e armas de fogo estão entre os métodos mais comuns de suicídio em nível global.

Introdução



A cada ano, aproximadamente 800 mil pessoas tiram a própria vida e um número ainda maior de indivíduos tenta suicídio. Cada suicídio é uma tragédia que afeta famílias, comunidades e países inteiros e tem efeitos duradouros sobre as pessoas deixadas para trás. O suicídio ocorre durante todo o curso de vida e foi a segunda principal causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos em todo o mundo no ano de 2015.



O suicídio não ocorre apenas em países de alta renda, sendo um fenômeno em todas as regiões do mundo. Na verdade, 78% dos suicídios ocorreram em países de baixa e média renda em 2015. Trata-se de um grave problema de saúde pública; no entanto, os suicídios podem ser evitados em tempo oportuno, com base em evidências e com intervenções de baixo custo. Para uma efetiva prevenção, as respostas nacionais necessitam de uma ampla estratégia multisetorial.

Quem está em risco?



Embora a relação entre distúrbios suicidas e mentais (em particular, depressão e abuso de álcool) esteja bem estabelecida em países de alta renda, vários suicídios ocorrem de forma impulsiva em momento de crise, com um colapso na capacidade de lidar com os estresses da vida — tais como problemas financeiros, términos de relacionamento ou dores crônicas e doenças.



Além disso, o enfrentamento de conflitos, desastres, violência, abusos ou perdas e um senso de isolamento estão fortemente associados com o comportamento suicida. As taxas de suicídio também são elevadas em grupos vulneráveis que sofrem discriminação, como refugiados e migrantes; indígenas; lésbicas, gays, bissexuais, transgêneros e intersexuais (LGBTI); e pessoas privadas de liberdade. De longe, o fator de risco mais relevante para o suicídio é a tentativa anterior.

Métodos de suicídio



Estima-se que cerca de 30% dos suicídios globais acontecem por auto-envenenamento com pesticidas, dos quais a maioria ocorre em zonas rurais de países com baixa e média renda. Outros métodos recorrentes são enforcamento e uso de armas de fogo.



O conhecimento dos métodos de suicídio mais utilizados é importante para a elaboração de estratégias de prevenção que têm se mostrado eficazes, como a restrição de acesso aos meios de suicídio.

Prevenção e controle



Suicídios são evitáveis. Há uma série de medidas que podem ser tomadas junto à população, subpopulação e em níveis individuais para prevenir o suicídio e suas tentativas, incluindo:



• Redução de acesso aos meios utilizados (por exemplo, pesticidas, armas de fogo e certas medicações);

• Cobertura responsável pelos meios de comunicação;

• Introdução de políticas para reduzir o uso nocivo do álcool;

• Identificação precoce, tratamento e cuidados de pessoas com transtornos mentais ou por uso de substâncias, dores crônicas e estresse emocional agudo;

• Formação de trabalhadores não especializados em avaliação e gerenciamento de comportamentos suicidas;

• Acompanhamento de pessoas que tentaram suicídio e prestação de apoio comunitário.



O suicídio é uma questão complexa e, por isso, os esforços de prevenção necessitam de coordenação e colaboração entre os múltiplos setores da sociedade, incluindo saúde, educação, trabalho, agricultura, negócios, justiça, lei, defesa, política e mídia. Esses esforços devem ser abrangentes e integrados, pois apenas uma abordagem não pode ter efeitos em um tema tão complexo quanto o suicídio.

Estigma e tabu



O estigma, particularmente em torno de transtornos mentais e suicídio, faz com que muitas pessoas que estão pensando em tirar suas próprias vidas ou que já tentaram suicídio não procurem ajuda e, por isso, não recebam o auxílio que necessitam. A prevenção não tem sido tratada de forma adequada devido à falta de consciência do suicídio como um grave problema de saúde pública. Em diversas sociedades, o tema é um tabu e, por isso, não é discutido abertamente. Até o momento, apenas alguns países incluíram a prevenção ao suicídio entre suas prioridades de saúde e só 28 países relatam possuir uma estratégia nacional para isso.



Sensibilizar a comunidade e quebrar o tabu são ações importantes aos países para alcançar progressos na prevenção do suicídio.

Qualidade dos dados



Em todo o mundo, a disponibilidade e a qualidade dos dados sobre suicídio e tentativas de suicídio são baixas. Apenas 60 Estados-membros possuem registros vitais de boa qualidade que podem ser usados diretamente para estimar taxas de suicídio. Esse problema de dados sobre mortalidade de baixa qualidade não é exclusivo ao suicídio, mas dada a sensibilidade do assunto — e a ilegalidade do comportamento sucedida em alguns países — é provável que a subnotificação e a má classificação sejam maiores problemas para o suicídio do que para a maioria das outras causas de morte.



A melhoria na vigilância e monitoramento do suicídio e das tentativas de suicídio é necessária para efetivas estratégias de prevenção. Diferenças entre os países nos padrões de suicídio e as mudanças nas taxas, características e métodos destacam a necessidade de cada país melhorar a abrangência, a qualidade e a resposta precoce de suas taxas relacionadas ao suicídio. Isso inclui o registro vital do suicídio, registros hospitalares de tentativas de suicídio e inquéritos nacionalmente representativos que coletem informações das tentativas de suicídio auto relatadas.

Prioridade



A OMS reconhece o suicídio como uma prioridade de saúde pública. O primeiro relatório sobre suicídio no mundo da OMS “Prevenção do suicídio: um imperativo global”, publicado em 2014, tem como objetivo conscientizar sobre a importância do suicídio e das tentativas de suicídio para a saúde pública e fazer da prevenção uma alta prioridade na agenda global de saúde pública. O documento também incentiva e apoia os países a desenvolverem ou reforçarem estratégias de prevenção ao suicídio em uma abordagem de saúde pública multisetorial.



O suicídio é uma das condições prioritárias do “Mental Health Gap Action Programme (mhGAP)” (programa de saúde mental da OMS), que fornece aos países orientação técnica baseada em evidências para ampliar a prestação de serviços e cuidados para transtornos mentais e de uso de substâncias. No Plano de Ação de Saúde Mental 2013-2020, os Estados-membros da OMS se comprometeram a trabalhar o objetivo global de reduzir as taxas de suicídios dos países em 10% até 2020.

Cobertura na mídia



A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) realizou recentemente um seminário virtual sobre as melhores práticas para noticiar suicídios, com o intuito de promover uma cobertura responsável. Mais de 130 jornalistas, especialistas em comunicação e profissionais de saúde mental de 30 países das Américas participaram.



Entre as recomendações para a cobertura estão:



• Evitar descrever o suicídio como inexplicável e esclarecer os sinais de alerta;

• Evitar glorificar ou romantizar o ato do suicídio e tentar apresentar uma história equilibrada sobre a pessoa;

• Evitar incluir o método, local ou detalhes da pessoa que faleceu e limitar as informações aos fatos que o público precisa saber;

• Evitar retratar o suicídio como uma resposta aceitável às adversidades da vida;

• Evitar títulos sensacionalistas;

• Evitar gráficos e fotografias prejudiciais;

• Evitar o uso de linguagem estigmatizante;

• Não compartilhar o conteúdo de cartas suicidas;

• Evitar citar a polícia ou as primeiras pessoas que presenciaram o ato;

• Apresentar recursos sempre que possível, como o telefone de linhas de ajuda.