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Em dia mundial, ONU pede acesso universal a serviços de água e saneamento

22 março 2019

Agricultores coletam água potável no vilarejo de Badnoogo, em Burkina Faso. Foto: Banco Mundial/Dominic Chavez
Legenda: Agricultores coletam água potável no vilarejo de Badnoogo, em Burkina Faso. Foto: Banco Mundial/Dominic Chavez





Dirigentes da ONU pediram nesta sexta-feira (22), Dia Mundial da Água, que países "não deixem ninguém para trás" no acesso a serviços de água potável e saneamento básico. Atualmente, estima-se que 2,1 bilhões de pessoas no mundo vivam sem água própria para o consumo humano. Organização alerta que degradação ambiental, crescimento populacional e mudanças climáticas poderão agravar desafios de oferta e disponibilidade dos recursos hídricos.



"A água é vital para a sobrevivência e, junto com o saneamento, ajuda a proteger a saúde pública e ambiental. Nossos corpos, nossas cidades e indústrias, nossa agricultura e nosso ecossistema dependem disso", afirmou o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres.



"A demanda crescente, associada a uma má gestão, aumentou a pressão sobre os recursos hídricos em muitas partes do mundo. A mudança global do clima vem somar-se dramaticamente a essa pressão. Em 2030, estima-se que 700 milhões de pessoas, em todo o planeta, poderão ter que se deslocar de suas terras em função da intensa escassez de água", acrescentou o chefe da Organização.



Guerres enfatizou que a água é um direito humano e ninguém deve ter o acesso a ela negado. "Devemos encorajar a cooperação para enfrentar a crise global da água e fortalecer nossa resiliência aos efeitos da mudança do clima, no intuito de dar acesso a água para todas e todos, especialmente os mais vulneráveis", disse o secretário-geral.


O Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 6 é claro: #água para todos até 2030. Por definição, isto significa não deixar ninguém para trás. No entanto, bilhões de pessoas ainda vivem sem água potável.



E você? Onde consegue sua água?#Water4All@UN_Waterhttps://t.co/AEhXUE6YSy pic.twitter.com/AMyA0XLq4V



— ONU Brasil (@ONUBrasil) 20 de março de 2019







O dirigente máximo da ONU ressaltou ainda que fatores como situação econômica, gênero, etnia, religião e idade afetam o acesso das pessoas a água potável.



"À medida que nos esforçamos para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, devemos valorizar os recursos hídricos e garantir sua gestão inclusiva, se quisermos proteger e usar esse recurso vital de forma sustentável para o benefício de todas as pessoas", concluiu Guterres.

UNESCO pede acesso universal a água e saneamento



Também por ocasião da data, a chefe da UNESCO, Audrey Azoulay, alertou que apenas dois quintos da população global têm acesso a serviços de saneamento geridos de forma segura. "O acesso a água potável é um direito humano e – juntamente com o acesso a instalações sanitárias – impulsiona o desenvolvimento", afirmou a diretora-geral da agência da ONU.



Audrey explicou que, em 2019, as comemorações do Dia Mundial da Água estão centradas no tema "não deixar ninguém para trás", que ecoa o lema da Agenda 2030 das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável e seus 17 objetivos.



"Essa aspiração de alcançar até mesmo as pessoas mais vulneráveis é cada vez mais importante: a intensificação da degradação ambiental, a mudança climática, o crescimento populacional e a rápida urbanização – entre outros fatores – impõem desafios consideráveis à segurança hídrica", acrescentou a dirigente.



A ONU divulgou nesta semana a nova versão do Relatório Mundial sobre Desenvolvimento dos Recursos Hídricos. A pesquisa mostra que, em 2015, 4,5 bilhões de pessoas, ou seis entre dez moradores do planeta, não tinham instalações sanitárias seguras.


Hoje é o Dia Mundial da Água #WaterDay2019



Neste Dia, a UNESCO reafirma seu compromisso de apoiar os governos em seus esforços para alcançar o acesso universal à água e ao saneamento para todos, sem discriminação.#WWDR #DiaDaÁgua pic.twitter.com/RJOB2hF93P



— UNESCO no Brasil (@UNESCOBrasil) 22 de março de 2019







"O relatório defende que se dê um impulso à vontade política internacional para alcançar os marginalizados e para enfrentar as desigualdades existentes – sejam elas socioeconômicas, com base em gênero, ocasionadas por desafios específicos dos contextos urbanos ou rurais, ou decorrentes de qualquer outro fator", explicou Audrey.



"Essa necessidade por mais solidariedade internacional é especialmente importante em certas regiões, como a África Subsaariana e o Sul da Ásia, onde o acesso a serviços básicos de fornecimento de água e saneamento continua a ser amplamente limitado."



A chefe do organismo internacional explicou que, num mundo cada vez mais globalizado, decisões sobre recursos hídricos atravessam fronteiras — o que exige uma governança abrangente sobre água.



"Neste Dia Mundial da Água, a UNESCO reafirma seu compromisso de apoiar os governos em seus esforços para alcançar o acesso universal à água e ao saneamento para todos, sem discriminação. Ao priorizar as pessoas mais necessitadas, nós seremos capazes de construir comunidades mais resilientes, sociedades mais igualitárias e um mundo mais pacífico e sustentável", concluiu Audrey.

FAO: segurança hídrica é fundamental para acabar com a fome



Também nesta sexta, a vice-diretora geral de Clima e Recursos Naturais da FAO, Maria Helena Semedo, chamou atenção para os desafios que a escassez de água traz para a produção de alimentos. A agricultura responde por 69% das captações de água, e cerca de 80% das terras cultiváveis ​​do mundo são alimentadas pela chuva, produzindo 60% de toda a comida.



"À medida que a disponibilidade de água doce diminui devido ao crescimento populacional, à urbanização e a mudanças dos padrões de vida, vemos um aumento nas exigências agrícolas, industriais e energéticas. Essa luta pelo equilíbrio é o nosso maior desafio ”, alertou a especialista no encerramento do Fórum Internacional sobre Escassez de Água na Agricultura, em Cabo Verde.



De acordo com Maria Helena, até 2050, a demanda global de água aumentará de 20 a 30%, enquanto a oferta diminuirá de forma alarmante. As mudanças climáticas também vão afetar a disponibilidade de recursos hídricos e os ciclos hidrológicos naturais.


Não importa quem você é, onde quer que esteja, a água é seu direito humano; 2,1 bilhões de pessoas vivem sem água potável em casa.



Neste Dia Mundial da Água, como todos os dias, não devemos deixar ninguém para trás.#Water4Allhttps://t.co/wd2L9Xxva9 @UN_Water pic.twitter.com/sBzuRtEpZ5



— ONU Brasil (@ONUBrasil) 19 de março de 2019







“As áreas secas tendem a se tornar mais secas, as estiagens tendem a se tornar mais frequentes e severas, e áreas costeiras serão mais afetadas pela intrusão da água do mar devido ao aumento do nível do oceano. A agricultura é, de longe, o setor mais afetado em períodos de seca, levando a perdas de safra e redução da produção ”, explicou a especialista.



A dirigente da FAO disse ainda que esses prejuízos afetam a população rural e agricultores, em especial os pequenos produtores, responsáveis por 80% das fazendas do mundo em áreas menores que dois hectares.



Maria Helena citou estudos recentes que apontam que as secas afetaram mais de 1 bilhão de pessoas em todo o mundo num período de dez anos. A especialista também frisou que a escassez de água, as secas, o aumento do nível do mar, a desertificação e a perda de ecossistemas provocam pressões sociais consideráveis, capazes, por exemplo, de causar migrações forçadas.



“Na FAO, promovemos medidas como a seleção de espécies resistentes à seca e salinidade, manejo sustentável do solo e captação de água. Essas inovações podem ajudar muito os agricultores, especialmente os pequenos produtores, a garantir a produção de alimentos em períodos de escassez de água ”, completou a representante da FAO.

Entidades da ONU envolvidas nesta atividade

FAO
Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura
UNESCO
Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura