As lições deixadas pelo ano de 2020 serão incomuns. O impacto da COVID-19 sobre as populações foi devastador.
O acesso à saúde, como direito humano de todas as pessoas, foi um dos vários que foram retirados brutalmente de uma população que já carecia de alimento, atenção e principalmente empatia.
Nestes 40 anos de resposta ao HIV, vimos avanços médicos e sociais que foram capazes de enfrentar a epidemia de aids em vários países ao redor do mundo.
A COVID-19 nos fez repensar as metas para 2030.
As metas para 2020 não foram alcançadas, por isso replanejamos e começaremos o próximo ano com novas e ousados objetivos para que a resposta ao HIV seja eficiente. Buscamos um mundo que as pessoas que vivem com HIV tenham seus direitos respeitados.
Queremos que menos de 10% dos países tenham leis e políticas punitivas, menos de 10% das pessoas vivendo com HIV e populações-chave experimentem estigma e discriminação e menos de 10% vivam desigualdade e violência de gênero.
Ainda temos um longo caminho para a busca para um mundo sem AIDS.
Tivemos avanços importantes, como a disponibilização da profilaxia pré-exposição pelo sistema único de saúde e a dispensação multimês de medicamentos antirretrovirais.
Essas conquistas são muito valiosas para a resposta ao HIV no Brasil.
No entanto, ainda temos populações que não conseguem acessar os serviços de saúde relacionados ao HIV para fazer o teste ou buscar a PrEP devido ao estigma e à discriminação.
Por isso, é importante que essa luta seja compartilhada e realizada por todas as pessoas: sociedade civil, ONGs, serviços de saúde, escolas e governos.
De forma conjunta, conseguiremos buscar soluções para que o número de novas infecções diminua e as pessoas que vivem com HIV e pessoas que vivem com AIDS tenham acesso a seus medicamentos e tratamento. É uma responsabilidade de todas e todos.
Reforço o que a diretora executiva do UNAIDS, Winnie Byanyima, trouxe como mensagem para o 1º de dezembro: devemos acabar com as injustiças sociais que colocam as pessoas em risco de contrair o HIV.
Estigma e discriminação precisam ser combatidas para que as pessoas tenham uma vida plena. De forma conjunta, conseguiremos promover uma resposta ao HIV e à COVID-19 que reduza desigualdades e respeite o direito de todas as pessoas.
Obrigada.
Claudia Velasquez, diretora do UNAIDS Brasil