ACNUR: 10 crises humanitárias que precisam de apoio
08 janeiro 2021
- Em 2020, diversas crises se agravaram com a chegada do novo coronavírus. A ajuda humanitária foi vital para a sobrevivência de milhares de pessoas em todo o mundo.
- Conheça dez crises humanitárias ao redor do mundo que continuam demandando apoio da Agência da ONU para os Refugiados, o ACNUR.
Todos os dias milhares de pessoas são forçadas a deixar suas casas por causa de guerras, perseguições e violações de direitos humanos. Em busca de segurança, refugiados percorrem jornadas perigosas. Mulheres e crianças desacompanhadas estão ainda mais vulneráveis. Partindo apenas com o que conseguem carregar consigo, muitos vão passar a vida inteira longe de casa, e, às vezes, longe de suas famílias.
Atualmente, cerca de 80 milhões de pessoas estão deslocadas - 1% da população mundial. Desse total, quase metade é composta por crianças, um número tão grande quanto a soma das populações da Dinamarca, Mongólia e Austrália.
A crise de COVID-19 exacerbou as já terríveis necessidades humanitárias em todo o mundo, particularmente em países de baixa e média renda, que atualmente acolhem mais de 85% dos refugiados do mundo. Agora, países que já enfrentavam outras crises precisam também alocar recursos e esforços no combate ao coronavírus, e muitos o fazem contando com um sistema de saúde já debilitado.
A ajuda humanitária é essencial para garantir a sobrevivência de milhões de pessoas. No entanto, muitos lugares que não recebem financiamento suficiente para que as operações de apoio continuem. Conheça alguns deles:
Somália - Filsan, refugiada somali de cinco anos, sonha em ser médica e, para isso, ela é uma das alunas mais dedicadas do campo de refugiados de Ifo, onde nasceu. “Quando eu crescer, quero ser médica”, afirma. A situação na Somália é uma das crises de deslocamento mais antigas do mundo. O país tem enfrentado uma série de desafios em 2020, todos agravados por um conflito armado em curso. Muitas pessoas continuam precisando de assistência humanitária urgente e mais de 778 mil refugiados somalis em países anfitriões também continuam a contar com proteção, assistência e apoio na busca por soluções duradouras, incluindo repatriação voluntária em segurança e dignidade.
Sudão do Sul - Mais de 42 mil crianças refugiadas do Sudão do Sul vivem na Etiópia e estão desacompanhadas ou separadas de seus pais. A falta de financiamento impacta diretamente a capacidade do ACNUR de responder ao grande número de recém-chegados e de fortalecer os serviços de apoio a crianças. A população de refugiados do Sudão do Sul é a maior da região e uma das mais vulneráveis. Cerca de 2,3 milhões de refugiados vivem em condições extremamente precárias, agravadas pela pandemia da COVID-19.
República Democrática do Congo - Cerca de 45 mil pessoas fugiram de ataques no leste da República Democrática do Congo (RDC) em maio de 2020. Um grupo de pessoas ficou preso em uma área remota e inacessível, já que as fronteiras entre a RDC e Uganda estavam fechadas devido ao surto de COVID-19. Embora uma transição pacífica de poder tenha sucedido às eleições presidenciais em dezembro de 2018, a situação de segurança e humanitária na República Democrática do Congo continuou a se deteriorar, principalmente no leste, palco de uma das mais complexas e longas crises humanitárias permanentes na África. Só em 2019, 1,67 milhão de pessoas foram forçadas a se deslocar na área.
República Centro-Africana - Na região, mais de um milhão de pessoas já foram forçadas a se deslocar desde a eclosão dos conflitos em 2013. Muitos dos deslocados testemunharam atrocidades e mulheres foram vítimas de violência sexual.
Iraque - Milhares de pessoas foram forçadas a se deslocar internamente no Iraque depois que suas terras foram confiscadas e suas casas e meios de subsistência foram destruídos. Existem cerca de 1,4 milhão de deslocados internos no Iraque, mais da metade dos quais vivem deslocados há pelo menos três anos. Apesar dos esforços para reconstruir o país e revitalizar as economias locais, muitos desafios persistem. No Iraque, o ACNUR trabalha com o governo e parceiros para incorporar as necessidades dos deslocados internos nos planos de desenvolvimento e apoiar sua absorção gradual no sistema de bem-estar social iraquiano. Há também cerca de 278 mil refugiados iraquianos no Egito, Jordânia, Líbano, Síria e Turquia para os quais o ACNUR fornece proteção e serviços básicos, enquanto também trabalha para buscar soluções permanentes que permitam que reconstruam suas vidas.
Burundi - A situação no Burundi continua a ser uma das crises humanitárias com menos recursos do mundo. Em junho de 2020, 333 mil refugiados do Burundi estavam na República Democrática do Congo, Ruanda, República Unida da Tanzânia e Uganda. O surto de COVID-19 exacerbou a condição já precária dos refugiados do Burundi na região e adicionou pressão sobre os sistemas de saúde e saneamento em áreas remotas de países de asilo.
Síria - Famílias inteiras foram forçadas a se deslocar para escapar do conflito que já dura dez anos. Mais de 5,5 milhões de refugiados sírios deixaram o país, mas enfrentam condições de vida precárias. Até agosto de 2020 o ACNUR havia conseguido apenas 38% do financiamento necessário para a operação humanitária na Síria. A falta de financiamento impacta diretamente o acesso a educação e serviços de saúde e ameaça milhares de vidas.
Afeganistão - A crise no Afeganistão já dura aproximadamente 50 anos e os afegãos são a segunda maior população de refugiados sob o mandato do ACNUR em todo o mundo. São cerca de 2,4 milhões de refugiados registrados e 2,6 milhões de deslocados internos.
Venezuela - Mais de 5 milhões de venezuelanos deixaram o país. Esse é o maior êxodo da história recente da América Latina e uma das maiores crises de deslocamento do mundo. A assistência humanitária aos venezuelanos deslocados, bem como o aumento do apoio a sua inclusão socioeconômica, precisa ser ampliada para complementar os esforços dos governos dos países que os acolhem.
ota Mediterrânea Central - Uma das rotas mais perigosas do mundo. Apenas 2017, 100 mil refugiados e migrantes cruzaram o Mediterrâneo rumo à Europa. Muitos não sobreviveram. Em 2020, diversas crises se agravaram com a chegada do coronavírus. A ajuda humanitária se tornou cada vez mais vital para a sobrevivência de milhares de pessoas em todo o mundo.