Grávida, venezuelana embarca para o sul do Brasil: “Serei forte pelo meu filho”

No sétimo mês de gravidez, Luz e o marido José começaram 2021 embarcando para uma nova vida no Rio Grande do Sul. Eles são voluntários da Operação Acolhida.
As mochilas nas costas com roupas e documentos representam o momento de mudança para o jovem casal que atravessa as portas de vidro do Aeroporto Internacional de Boa Vista em busca de uma nova vida em outra cidade. No sétimo mês de gravidez, a pequena família começava o ano de 2021 embarcando para o Rio Grande do Sul.
Voluntários da estratégia de interiorização da Operação Acolhida, resposta humanitária do governo federal para refugiados e migrantes venezuelanos, Luz e José já tinham em mente os planos que seguiriam ao chegar na cidade de Novo Hamburgo, a mais de 5,4 mil quilômetros de distância da fronteira que separa a Venezuela e do Brasil.
A história do casal no território brasileiro começou há mais de um ano, quando Luz chegou, aos 18 anos, em busca de melhores condições de vida para ela e a família. Ela se estabeleceu em Manaus, mas a saudade do namorado bateu forte. Ela voltou para a Venezuela e o convenceu a atravessar para Roraima.
“Voltei para buscá-lo e viver com ele. Dessa viagem, já voltei para o Brasil grávida. No começo não foi fácil porque logo veio a pandemia. Percorremos um longo caminho até chegarmos aqui para podermos viajar”, relembra.
Juntos, foram abrigados na Área de Pernoite da Rodoviária de Boa Vista. A situação durou alguns meses até que decidiram participar da Estratégia de Interiorização, que transfere venezuelanos que estão na fronteira para outras cidades do país, dando melhores condições de vida para quem decide permanecer no Brasil.
A esperada ligação da Organização Internacional para as Migrações (OIM) chegou no dia 22 de janeiro, confirmando que o casal viajaria em um voo comercial. O mais importante: iriam pela modalidade de Vaga de Emprego Sinalizada (VES) e José já tinha a garantia de começar a trabalhar ao chegar em Novo Hamburgo.
“A pandemia foi muito difícil porque não podíamos sair para procurar emprego, mas agora eu fico feliz porque estou indo para um novo lugar e teremos uma vida melhor. Quero crescer como pessoa e ajudar minha família, pois a distância é difícil, mas serei forte. Serei forte pelo meu filho.”
Luz

Recomeço - Para José, com apenas 20 anos, deixar a Venezuela e a família foi difícil. A trajetória para chegar até a fronteira com o Brasil durou dez dias, entre caronas e caminhadas. Hoje, pensa no futuro ao lado da esposa e do primeiro filho e de já ter a oportunidade de trabalho na cidade de destino.
“Estou demasiadamente feliz desde o dia em que recebi a ligação da OIM. Não conseguia dormir com a expectativa da viagem. Agora vou trabalhar e dar mais conforto a minha esposa e ao meu filho, que são minhas prioridades. Viemos ao Brasil para ajudar uns aos outros e aqueles que deixamos na Venezuela.”
José
Estabelecida para aliviar as estruturas públicas do estado de Roraima e da região norte, especialmente nas áreas de saúde, assistência social e educação, a Estratégia de Interiorização leva voluntariamente os venezuelanos que desejam permanecer no país para outras partes do Brasil. O intuito é possibilitar um recomeço e ampliar as possibilidades de integração socioeconômicas dessas pessoas. Em conjunto com agências da ONU e organizações da sociedade civil, a Operação Acolhida já beneficiou mais de 46 mil pessoas da Venezuela desde que começou, em abril de 2018.
A OIM atua em todas as etapas da interiorização com a Operação Acolhida e fornece cerca de 600 passagens aéreas todos os meses para complementar a capacidade de transferência de pessoas. As atividades da OIM na Estratégia são realizadas com apoio financeiro do Escritório de População, Refugiados e Migração (PRM) do Departamento de Estado dos Estados Unidos da América.