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72% dos consumidores gostariam de receber delivery de comida sem plástico descartável, revela pesquisa

12 abril 2021

  • Pesquisa realizada pelo Inteligência em Pesquisa e Consultoria (Ipec) aponta que 72% dos consumidores querem receber os pedidos sem plástico descartável.
  • 15% dos respondentes já deixaram de solicitar o serviço por se sentirem incomodados com a quantidade de itens que recebem. Plástico é a principal causa da poluição marinha.
  • 77% dos consumidores acreditam que os aplicativos deveriam se comprometer publicamente com metas de redução de itens de plástico descartável nos pedidos de refeições prontas.
  • A pesquisa “Percepções sobre o plástico entre usuários de aplicativos de delivery” foi encomendada pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e pela ONG Oceana, que juntos lideram a campanha #DeLivreDePlástico, lançada em dezembro de 2020.
Garrafa plástica na praia
Legenda: O Brasil, maior produtor de plásticos da América Latina, contribui com mais de 325 mil toneladas de lixo plástico para o oceano.
Foto: © Pexels

Os internautas brasileiros estão incomodados com a quantidade de itens de plástico descartável que recebem nas entregas de comida pronta por aplicativo, como talheres, pratos, copos, sachês, canudos e mexedores. Pesquisa realizada pelo Inteligência em Pesquisa e Consultoria (Ipec) aponta que 72% dos consumidores querem de receber os pedidos sem plástico descartável. Além disso, 15% dos respondentes afirmam já terem deixado de solicitar o serviço por se sentirem incomodados pela quantidade de plásticos.

A pesquisa “Percepções sobre o plástico entre usuários de aplicativos de delivery” foi encomendada pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e pela ONG Oceana, que juntos lideram a campanha #DeLivreDePlástico, lançada em dezembro de 2020. O movimento pede que os aplicativos de entrega de comida se comprometam com a redução da quantidade de plástico descartável enviados com os alimentos, como talheres, sacolas, canudos e embalagens, e ofereçam ao consumidor opções livres de plástico. A campanha estabelece metas específicas para a redução do material nos serviços.

“Os aplicativos de entrega de refeição têm papel fundamental na transição para uma economia circular do plástico e na eliminação dos itens descartáveis desnecessários. Além de serem vetores da intensificação do delivery, sua capacidade de influência sobre a cadeia de valor coloca os aplicativos como importantes agentes dessa mudança.”, afirma o coordenador da campanha Mares Limpos no PNUMA, Vitor Leal Pinheiro. 

Aplicativos e restaurantes precisam reduzir a oferta de plástico descartável - A sociedade entende que os aplicativos devem agir: a maioria dos internautas (86%) declara que essas empresas, que crescem em ritmo acelerado, têm tanto ou mais responsabilidade do que os restaurantes em entregas livres de plástico descartável e, portanto, deveriam se unir para reduzi-lo e oferecer aos clientes uma melhor experiência com esses serviços – para 56% os aplicativos e restaurantes têm a mesma responsabilidade e para 30% os aplicativos têm um papel fundamental. Ainda de acordo com a pesquisa, 77% dos consumidores acreditam que os aplicativos deveriam se comprometer publicamente com metas de redução de itens de plástico descartável nos pedidos de refeições prontas.

A maioria dos respondentes (82%) também acredita que as empresas de delivery deveriam oferecer itens de plástico apenas sob demanda do cliente e não para todos os consumidores (recipientes, talheres, mexedores, copos, sachês), como um primeiro passo para reduzir a demanda por esse produto.

Somam 88% os internautas que não gostariam de receber algum item de plástico em seus pedidos de delivery. Os itens que a maioria dos consumidores não quer receber são canudos e mexedores de bebidas (53%); talheres, como garfos, facas, colheres (52%); e copos de plástico (47%) - de acordo com a metodologia, os entrevistados poderiam apontar um ou mais itens.  

Além disso, mais da metade dos respondentes gostaria que as sacolas de plástico (59%) e os recipientes de isopor (52%) fossem substituídos por materiais alternativos e menos poluentes que o plástico.  

“Os dados da pesquisa mostram que o consumidor quer alternativas livres de plástico, mas para isso é necessário que as empresas as ofereçam seu serviço sem plástico sem custo adicional. É direito de cada cidadão optar por não poluir e ajudar a preservar o meio ambiente”, afirma a gerente da campanha pela redução da poluição por plásticos na Oceana, Lara Iwanicki. 

A pesquisa teve como amostragem a população de internautas brasileiros com 16 anos ou mais, das classes ABC, residentes em todas as regiões do país, em capitais e no interior, que fizeram pedidos de comida ou refeição por aplicativo nos últimos seis meses. Foram entrevistadas mil pessoas entre os dias 6 e 14 de março de 2021.

A pandemia e os impactos ambientais - Em 2020, a pandemia por COVID-19 aumentou drasticamente a demanda por entrega de alimentos no Brasil. Segundo levantamento da startup Mobills Labs, os gastos com esses aplicativos cresceram 187% desde o início da pandemia. Só o iFood, que responde por cerca de 70% da fatia de mercado, atingiu 48 milhões de entregas por mês em 2020 e um crescimento de 63% no número de estabelecimentos cadastrados. Graças aos pedidos online, as vendas de refeições para viagem e entrega garantiram receita para restaurantes de pequeno e médio porte em meio à crise econômica que se seguiu ao bloqueio. 

O aumento dos pedidos de entrega também aumentou o consumo de itens descartáveis ​​plásticos. O Brasil produz anualmente 3 milhões de toneladas de plásticos de uso único, dos quais 13% são produtos ​​como pratos, copos, talheres, sacos plásticos e canudos. Isso equivale a 200 bilhões de itens descartáveis ​​por ano. A maioria desses itens não é reciclada, pois não tem valor econômico para a cadeia de reciclagem e, portanto, transformam-se em lixo e poluição.

O Brasil, maior produtor de plásticos da América Latina, contribui com mais de 325 mil toneladas de lixo plástico para o oceano, incrementando um tipo de poluição que além dos impactos ambientais, traz consequências negativas também para a atividade pesqueira e para o setor turístico, como mostra o estudo Um Oceano Livre de Plástico, publicado pela Oceana em dezembro passado.

A Campanha #DeLivreDePlástico - Lançada em dezembro de 2020, a campanha #DeLivreDePlástico pede que os aplicativos de entrega de comida se comprometam, entre outras ações, a promover entregas livres de plástico descartável junto aos restaurantes parceiros em todo o território nacional. Também propõe metas quantitativas de redução, como ter 100% enviando itens opcionais (talheres, guardanapos, canudos plásticos, sachês etc.) somente sob demanda do consumidor até 2023; ter ao menos 30% das entregas feitas com embalagens retornáveis e ter 100% dos restaurantes realizando entregas em sacolas retornáveis ou livres de plástico até 2025.

Para que o compromisso vá além da intenção de acabar com a poluição plástica, a Oceana e o PNUMA têm acionado o iFood e o UberEats, além de outros aplicativos, a se comprometerem com as metas de redução para de fato reduzir a poluição por plástico. “Com tanto lucro, e se beneficiando desse cenário, é inaceitável que essas empresas façam tão pouco em retorno” ressalta Lara Iwanicki.

Sobre o PNUMA - O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) é a principal voz global em temas ambientais. Ele promove liderança e encoraja parcerias para cuidar do meio ambiente, inspirando, informando e capacitando nações e pessoas a melhorarem a sua qualidade de vida sem comprometer a das futuras gerações.

Sobre a OCEANA - Fundada em 2001 e presente no Brasil desde 2014, a Oceana é a maior organização não governamental focada exclusivamente na conservação dos oceanos. Nossa atuação em 11 países e na União Europeia busca proteger a biodiversidade marinha e aumentar a abundância dos oceanos por meio de campanhas cientificamente embasadas, que já resultaram em mais de 225 vitórias em todo o mundo.

CONTATO PARA IMPRENSA

Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente

Renata Chamarelli

PNUMA
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