Capacetes-azuis enfrentam um número crescente de ataques

Os capacetes-azuis da ONU enfrentam um número crescente de ataques em todos os ambientes complexos em que trabalham, disse o chefe das operações de manutenção da paz da Organização, Jean-Pierre Lacroix, ao Conselho de Segurança na segunda-feira (24).

Na semana em que se comemora o Dia Internacional dos Trabalhadores das Forças de Paz, celebrado em 29 de maio, Lacroix fez uma atualização sobre as medidas tomadas para fortalecer a proteção e segurança dos soldados da paz da ONU. Ele relatou que, desde 1º de janeiro deste ano, 15 soldados perderam a vida devido a ataques.

“Um soldado da paz perdido continua a ser muito”, disse ele, destacando que “os ataques contra as forças de manutenção da paz podem constituir crimes de guerra, são um grande impedimento para a busca da paz e uma restrição adicional para a implementação efetiva dos mandatos do Conselho de Segurança da ONU”.

Além disso, doenças e acidentes com veículos também estão causando fatalidades e podem afetar significativamente a capacidade das forças de manutenção da paz de cumprirem suas tarefas exigidas.

Reforçando a segurança - O chefe da manutenção da paz disse que o Plano de Ação da ONU permitiu “um progresso significativo” no fortalecimento da segurança dos capacetes-azuis.

“Isso contribuiu para uma diminuição sustentada nas mortes de pacificadores devido a ataques, de 59 em 2017 para 13 em 2020”, disse ele.

Lacroix disse aos embaixadores que a manutenção da paz da ONU revisou as orientações, processos e ferramentas; política e procedimentos reforçados; e aumentou o uso de tecnologias, que têm “provado um multiplicador chave para o aprimoramento da preparação e das capacidades das forças de manutenção da paz”.

“Também avançamos no apoio a países anfitriões para levar os autores de crimes contra as forças de paz à justiça”, incluindo nas operações da República Centro-Africana (MINUSCA), do Mali (MINUSMA) e da República Democrática do Congo (MONUSCO), disse.

Intensificando -  Segurança, proteção e desempenho “se reforçam mutuamente e andam de mãos dadas”, explicou o chefe das forças de paz da ONU, enfatizando que sua segurança é “fundamental” para seu desempenho. No entanto, segundo ele, muitos fatores “continuam a impedir a segurança e a proteção de nossos soldados da paz no terreno”.

“A Secretaria está planejando dobrar seus esforços em segurança e proteção no futuro”, disse Lacroix.

Além de fortalecer a inteligência de manutenção da paz; aumentar a proteção da força; melhor compreensão dos dispositivos explosivos improvisados ​​(IEDs); melhorar o treinamento de gerenciamento de crise para liderança de missão; e realizar novos testes de estresse de evacuação de vítimas, a Manutenção da Paz da ONU também está se concentrando em comunicações estratégicas aprimoradas.

“As missões estão monitorando e combatendo a desinformação e o discurso de ódio, inclusive no contexto desta pandemia”, afirmou.

Para complementar esses esforços, o chefe da manutenção da paz da ONU defendeu “ações coordenadas pelos Estados-Membros, incluindo o Conselho de Segurança, em linha com a resolução 2518 do Conselho de Segurança” para melhor resolver as lacunas e deficiências que persistem no campo.

Seguindo em frente - Para encerrar, Lacroix pediu apoio no fornecimento de bom pessoal, particularmente mais mulheres mantenedoras da paz, que são “essenciais” para fortalecer o desempenho da missão, e no corte do fluxo de precursores de IED para impedir sua fabricação, particularmente na região do Sahel.

Ele também sublinhou a importância de implantar pessoal uniformizado “sem ressalvas” e apoio político e técnico para garantir a responsabilização por crimes contra as forças de manutenção da paz.

“E, finalmente, evitar cortes nos orçamentos da sede e missões nos ajudará a garantir a continuidade de nossos esforços para fortalecer a segurança dos soldados da paz da ONU”, concluiu o chefe das forças de paz da ONU.

Medidas de alerta precoce - Dirigindo-se também ao Conselho, o chefe do Departamento de Apoio Operacional da ONU, Atul Khare, disse que as tecnologias de alerta precoce se mostraram eficazes em missões de habilitação que estão regularmente sob ataque para obter maior segurança para seu pessoal.

Por exemplo, foguetes e morteiros foram detectados antes do impacto durante um ataque ao acampamento MINUSMA na região de Kidal em 25 de abril, o que permitiu que os funcionários se refugiassem em abrigos e contribuíssem para salvar vidas.

Embora ambos requeiram atenção de alta prioridade, ele observou a distinção entre vítimas de acidentes e aquelas de “atos maliciosos” e pediu para uma atualização do reconhecimento situacional.