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Relator especial da ONU alerta para 'mortes em massa' em Mianmar

10 junho 2021

  • Em Mianmar, uma ação internacional é necessária para prevenir “mortes em massa” depois que civis fugiram dos ataques das chamadas “bombas da junta”, alertou um importante especialista independente em direitos da ONU.
  • O desenvolvimento da crise provoca a preocupação da equipe da ONU em Mianmar, que na segunda-feira destacou a rápida deterioração da segurança e da situação humanitária no estado de Kayah e em outras partes do país, ligada aos protestos causados ​​pela tomada militar.
  • Os ataques do estado de Kayah foram apenas os últimos de uma série em todo Mianmar que causou deslocamento em massa e sofrimento, de Mutraw no estado de Karen a Mindat no estado de Chin e na cidade de Bago.
Legenda: Uma manifestação contra o golpe militar de Mianmar ocorre em frente à Casa Branca em Washington, DC, EUA
Foto: © Gayatri Malhotra/Unsplash

Na tarde desta segunda-feira (7), o relator especial das Nações Unidas para Mianmar, Tom Andrews, se pronunciou sobre os ataques recentes no estado de Kayah e suas consequências para pelo menos cem mil civis que foram forçados a fugir para as florestas devido aos bombardeios. 

Em seu alerta, Andrews observou que os ataques do estado de Kayah foram apenas os últimos de uma série em todo Mianmar que causou deslocamento em massa e sofrimento, de Mutraw no estado de Karen a Mindat no estado de Chin e na cidade de Bago. “Mortes em massa por fome, doenças e exposição poderiam ocorrer no estado de Kayah depois que muitos dos 100.000 forçados a fugir para as florestas por causa das bombas da junta foram privados de alimentos, água e remédios pela junta. A comunidade internacional deve agir”, disse.

O especialista independente em direitos, que relata para o Conselho de Direitos Humanos da ONU, enfatizou que as vidas de muitos milhares de homens, mulheres e crianças estavam sob ameaça de ataques indiscriminados, em uma escala não vista desde o golpe de 1 de fevereiro, “que provavelmente equivalem a crimes de atrocidade em massa”.

O desenvolvimento ecoa a preocupação da equipe da ONU em Mianmar, que na segunda-feira destacou a rápida deterioração da segurança e da situação humanitária no estado de Kayah e em outras partes do país, ligada aos protestos causados ​​pela tomada militar.

Necessidades básicas bloqueadas - Citando relatórios confiáveis, Andrews disse que as pessoas precisavam urgentemente de comida, água, remédios e abrigo após relatos de confrontos com milícias comunitárias voluntárias, enquanto a equipe da ONU no país disse que muitos também buscaram segurança nas comunidades anfitriãs, nas florestas em Kayah e em partes do sul do estado de Shan, que é vizinho.

As entregas de ajuda foram supostamente bloqueadas para aqueles que foram forçados a fugir de suas casas para escapar de bombardeios e fogo de artilharia. Além disso, os militares também colocaram minas terrestres em vias públicas, disse o relator especial. “Qualquer pressão ou influência que os estados-membros da ONU possam exercer sobre a junta deve ser exercida agora”, disse Andrews, para encorajar o líder da junta, Min Aung Hlaing, a permitir a entrada de ajuda vital e parar de “aterrorizar a população ao cessar o bombardeio aéreo e disparos em civis”.       

Equipes médicas como alvo - Em seu apelo, a equipe da ONU no país reiterou pedidos anteriores para que todas as partes protejam os civis e a sua infraestrutura, “particularmente as unidades médicas e profissionais da saúde”.

Apesar do fato de que as equipes de ajuda da ONU e seus parceiros tinham suprimentos prontos para serem enviados, “a insegurança, as restrições de viagem impostas pelas forças de segurança e as más condições das estradas estão atrasando a entrega de suprimentos”, disse a equipe em um comunicado.

A equipe pediu "às forças de segurança que permitam uma passagem segura de suprimentos e pessoal humanitário e facilitem nossa capacidade de fornecer ajuda direta a todos aqueles que precisam".

“Agora, mais do que nunca, a comunidade internacional deve cortar o acesso aos recursos de que a junta militar precisa para continuar esses ataques brutais ao povo de Mianmar”, disse Andrews.

*Relatores especiais e especialistas independentes são nomeados pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU, com sede em Genebra, para examinar e relatar um tema específico de direitos humanos ou a situação de um país. Seus cargos são honorários e não são pagos por seu trabalho.

 

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