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Fundo de População da ONU discute impactos demográficos da pandemia de COVID-19

08 julho 2021

  • A convite da Universidade Federal do Vale do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), a representante do Fundo de População da ONU no Brasil, Astrid Bant, participou da mesa de abertura da 1ª Semana em Comemoração ao Dia Mundial da População Mundial .
  • Ela chamou atenção para o fato de que a pandemia tem afetado de forma desproporcional os grupos populacionais, com maior e mais intenso impacto para as pessoas em situação de vulnerabilidade.
  • A representante auxiliar, Júnia Quiroga, participou de debate sobre dinâmica demográfica e avaliou que as dificuldades impostas pela pandemia devem atrasar o progresso rumo ao alcance dos ODS, previstos na Agenda 2030 da ONU.
Legenda: Representante do Fundo de População da ONU no Brasil, Astrid Bant, participou de mesa de abertura
Foto: © Reprodução UNFPA

O Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) marcou presença no primeiro dia de atividades da 1ª Semana em Comemoração ao Dia Mundial da População Mundial, evento organizado pela Universidade Federal do Vale do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) que reúne especialistas, academia e sociedade civil para discutir a situação da população brasileira diante da pandemia da COVID-19. 

A representante do UNFPA no Brasil, Astrid Bant, participou da mesa de abertura e chamou atenção para o fato de que a pandemia tem afetado de forma desproporcional os grupos populacionais, com impacto maior e mais intenso para as pessoas em situação de maior vulnerabilidade.

Retrocesso - Segundo Astrid, um estudo publicado na Revista Nature demonstrou que a expectativa de vida da população brasileira diminuiu 1,3 ano em 2020 e deve cair pelo menos 1,8 ano em 2021 devido ao excesso de mortes provocadas pela COVID-19 — o país já ultrapassa a marca de 500 mil vítimas. 

“Esta queda é mais acentuada justamente nas regiões do Norte e Nordeste, em estados que apresentam os piores indicadores de desigualdade de renda, pobreza, acesso à infraestrutura e disponibilidade de médicos e leitos hospitalares. Isso exemplifica como os impactos ainda estão sendo conhecidos e como estes impactos evidenciam e aumentam as desigualdades que já existiam”, afirmou.

A representante do UNFPA também destacou os retrocessos em relação à igualdade de gênero e o aumento de casos de violência contra a mulher. “Não podemos retroceder em relação aos direitos das mulheres e meninas, conquistados por meio de lutas coletivas. Isso significa que precisamos conhecer o impacto da pandemia em suas rotinas; garantir que elas continuem acessando os serviços de planejamento reprodutivo, para que possam escolher quando e se querem ter filhos, além de garantir que elas estejam livres de abusos e violências sexuais”, concluiu.

Também participaram da mesa de abertura a representante da diretoria da Associação Brasileira de Estudos Populacionais (ABEP), professora e doutora Luciana Lima, a presidente da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), professora e doutora Gulnar Azevedo e Silva, e o professor da UFVJM e organizador do evento, Dr. Geovane Máximo.

Desigualdades e pandemia - Os impactos desiguais da pandemia da COVID-19 e seus reflexos na dinâmica demográfica brasileira também foram explorados a fundo na palestra do professor e doutor Rômulo Paes, especialista em política, planejamento e gestão em saúde do Centro de Pesquisa René Rachou (Fiocruz Minas). A conversa teve como debatedora a representante auxiliar do UNFPA, Dra. Júnia Quiroga, e foi moderada pelo professor do Cedeplar/UFMG, Dr. Roberto do Nascimento Rodrigues.

O pesquisador Rômulo Paes expôs algumas preocupações com os dados já disponíveis a respeito dos efeitos da pandemia na perspectiva demográfica como, por exemplo, a redução da expectativa de vida, redução da taxa de fecundidade, já que algumas pessoas estão preferindo postergar a gravidez, além dos impactos socioeconômicos. Ele destacou, ainda, problemas na gestão política da pandemia, as dificuldades da assistência social em assistir as pessoas em vulnerabilidade, e as consequências do novo modo de trabalho e vida -- remoto e online -- na educação, uma vez que nem todas as pessoas possuem a mesma infraestrutura de acesso à internet, o que gera um déficit educacional. 

“Este impacto da pandemia nas suas múltiplas circunstâncias é muito desproporcional entre os mais pobres, entre aqueles que vivem na periferia e aqueles que têm menor capacidade de se adaptar, de ter resiliência e fluência digital”, resumiu o professor.

A representante auxiliar do UNFPA, Júnia Quiroga, qualificou a exposição como “interessante e estratégica para o Fundo de População da ONU” e ressaltou, ainda, que as dificuldades impostas pela pandemia devem atrasar o progresso rumo ao alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), previstos na Agenda 2030 das Nações Unidas. 

“Os conhecimentos compartilhados e  a análise sobre as oportunidades perdidas servem de provocação para refletirmos sobre os impactos de curto e longo prazo da pandemia, em particular os de repercussão demográfica, bem como para discutirmos a necessidade de fortalecimento e engajamento de ações futuras em prol da Agenda 2030”, avaliou.

O debate, bem como a mesa de abertura, podem ser conferidos na íntegra neste link. A 1ª Semana em comemoração ao Dia Mundial da População segue até a próxima sexta-feira, 9 de julho, e pode ser acompanhada aqui.

UNFPA

Mariana Alves Tavares

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