À medida que a fome se aproxima, o primeiro voo humanitário do WFP chega à Tigray, na Etiópia
26 julho 2021
- O primeiro avião do WFP chegou à região sitiada de Tigray, na Etiópia, transportando mais de 30 funcionários de várias organizações de ajuda humanitária.
- As entregas são cruciais na região, onde o WFP afirma que quatro milhões de pessoas precisam de ajuda alimentar de emergência, após mais de oito meses de conflito entre as forças do governo regional e central.
- Os voos vão operar duas vezes por semana, facilitando a entrada e saída do pessoal humanitário de Tigray.
- No entanto, a resposta humanitária na região continua a ser desafiada pela falta de alimentos adequados e suprimentos humanitários, cadeias de abastecimento e serviços de comunicação limitados.
- Além disso, à medida que o conflito aumenta nas regiões vizinhas, a passagem segura de comboios humanitários para Tigray continua sendo a preocupação principal da comunidade humanitária.
- Apesar dos desafios, no último mês o WFP conseguiu entregar alimentos para mais de 730 mil pessoas em partes do sul e noroeste, incluindo 40 mil pessoas na cidade de Zana — que foram alcançadas com assistência alimentar pela primeira vez.
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A ajuda chegou à região sitiada de Tigray, na Etiópia, na quinta-feira (22), quando o primeiro avião do Programa Alimentar Mundial das Nações Unidas (WFP), transportando trabalhadores humanitários, pousou na capital, Mekelle. Foi a primeira aeronave do Serviço Aéreo Humanitário da ONU (UNHAS) a chegar à região desde que os voos comerciais foram interrompidos em 24 de junho, transportando mais de 30 funcionários de várias organizações de ajuda humanitária.
Na semana anterior à chegada da ajuda, humanitários da ONU apelaram por um acesso mais rápido à região, uma vez que os caminhões de primeiros socorros levaram dias para chegar à capital. As entregas de ajuda são cruciais na região, onde o WFP afirma que quatro milhões de pessoas precisam de ajuda alimentar de emergência, após mais de oito meses de conflito entre as forças do governo regional e central.
“O WFP e nossos companheiros de resposta a emergências em solo em Mekelle estão extremamente aliviados ao ver este vôo da UNHAS chegar hoje, trazendo colegas que são essenciais em nossos esforços coletivos para ampliar a resposta humanitária e para que o WFP alcance 2,1 milhões de pessoas com assistência alimentar que salva vidas”, disse o diretor-regional do WFP para a África Oriental, Michael Dunford.
O conflito continua - No início de novembro de 2020, o conflito entre o governo etíope e as forças regionais da Frente de Libertação do Povo Tigray (TPLF) começou quando o primeiro-ministro ordenou uma ofensiva militar depois que rebeldes atacaram uma base do exército federal. Em poucos dias, milícias da região vizinha de Amhara se juntaram à briga, supostamente seguidas por algumas tropas da vizinha Eritreia - um rival de longa data de Tigray.
As forças do governo relataram que a região havia sido protegida no final de novembro, mas no mês passado a TPLF recapturou Mekelle, quando o governo etíope declarou um cessar-fogo unilateral.
Ajuda sob ameaça - Seguindo em frente, os voos da UNHAS vão operar duas vezes por semana, facilitando a entrada e saída do pessoal humanitário de Tigray. No entanto, a resposta humanitária na região continua a ser desafiada pela falta de alimentos adequados e suprimentos humanitários, cadeias de abastecimento e serviços de comunicação limitados.
Além disso, à medida que o conflito aumenta nas regiões vizinhas, incluindo a vizinha Afar, a passagem segura de comboios humanitários para Tigray continua sendo a preocupação principal do WFP e da comunidade humanitária.
A agência da ONU está particularmente preocupada depois que um de seus comboios foi atacado há apenas quatro dias enquanto tentava transportar carga humanitária essencial para a região.
Enquanto isso, um comboio liderado pelo WFP de mais de 200 caminhões contendo alimentos e outros suprimentos humanitários essenciais está atualmente retido em Semera, capital da região de Afar, esperando para partir para Tigray, enquanto aguarda as autorizações de segurança.
Na quarta-feira, o Escritório da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) reconheceu melhorias no acesso na região, mas disse que “a última entrada aberta para Tigray, a estrada entre Afar e Tigray pela cidade de Semera, continua bloqueada por motivos de segurança, impedindo o movimento de pessoal humanitário, estoque de alimentos, combustível e outros bens humanitários de entrar na região”.
“A fome é evitável e o poder de evitá-la está nas mãos de todas as partes envolvidas”, disse a agência, pedindo que “todas as partes concordem com um cessar-fogo para que a resposta humanitária possa ser rapidamente ampliada e todas as rotas possam ser usadas com urgência para chegar aos mais necessitados”.
Entregas chegando - Apesar dos inúmeros desafios, no último mês o WFP conseguiu entregar alimentos para mais de 730 mil pessoas em partes do sul e noroeste, incluindo 40 mil pessoas na cidade de Zana — que foram alcançadas com assistência alimentar pela primeira vez.
Nos próximos dias, o WFP espera alcançar mais de 80 mil pessoas no noroeste, avisando que, uma vez distribuídos, os estoques de alimentos provavelmente se esgotarão depois disso. A agência disse que precisa de cerca de 176 milhões de dólares para continuar a ampliar sua resposta para salvar vidas e meios de subsistência em Tigray, até o final do ano.