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Programa da ONU Mulheres utiliza o esporte para empoderar meninas e jovens negras

26 julho 2021

  • O programa “Uma Vitória Leva à Outra”, da ONU Mulheres e do Comitê Olímpico Internacional, incentiva, por meio do esporte, meninas e jovens negras a se sentir confiantes para romper com violências de gênero e raça.
  • Além de práticas esportivas, o projeto promove rodas de conversas sobre autonomia, liderança, autoestima, educação financeira, saúde e direitos sexuais e reprodutivos, violência contra meninas e mulheres, raça e etnia, entre outros.
  • Outro objetivo do programa é visibilizar atletas negras de destaque que podem ser referências para estas meninas.
Legenda: Hingride de Jesus, de 21 anos, participou do programa Uma Vitória Leva à Outra em 2019 pela Federação Fluminense de Rugby e atualmente é Jovem Líder do programa pela mesma instituição. Na foto, ela encontra a jogadora Marta, em uma ação do programa para o Carnaval, em fevereiro de 2020
Foto: © ONU Mulhere

O esporte pode ser uma ferramenta de integração e inclusão social ao incentivar a prática regular de atividades físicas em comunidades periféricas e atender meninas e jovens negras entre as beneficiárias. É o que acredita e promove o programa “Uma Vitória Leva à Outra (UVLO)”, iniciativa conjunta da ONU Mulheres e do Comitê Olímpico Internacional (COI), em parceria com as ONGs Women Win e Empodera.

Iniciada em 2016, o projeto é um dos legados das Olimpíadas no Rio de Janeiro. Na sua primeira fase, foram mais de 800 jovens em 20 Vilas Olímpicas, e, na sua segunda fase, serão 630 meninas em 8 localidades, participando do programa. O programa visa o fortalecimento da autoestima e da confiança de meninas e mulheres jovens por meio do estímulo à participação no esporte em áreas de maior vulnerabilidade social no Rio de Janeiro, em que o perfil demográfico é majoritariamente de meninas negras. Dentre das práticas esportivas estão o futebol, rugby, o voleibol, handebol, capoeira e ginástica rítmica. 

Hoje, em sua segunda fase, “Uma Vitória Leva à Outra” está passando por mais uma Olimpíada, a de Tóquio 2020. O intuito é continuar fomentando a participação e a emancipação dessas meninas para chegar em Paris 2024 com ainda mais meninas e jovens adultas quebrando estereótipos de gênero e rompendo com ciclos de violência, entre eles o racismo.

Além da prática esportiva orientada por facilitadoras, o programa “Uma Vitória Leva à Outra” desenvolve currículo para fomentar habilidades para a vida de cada participante. Juntamente com atividades esportivas, a metodologia do programa é implementada por organizações de base que promovem o esporte como ferramenta para o desenvolvimento, aliando práticas esportivas e rodas de conversas sobre autonomia, liderança, autoestima, educação financeira, saúde e direitos sexuais e reprodutivos, violência contra meninas e mulheres, raça e etnia, entre outros.

Recentemente, no Fórum Geração Igualdade, Camilly Ferreira Santos contou como o esporte pode ampliar as perspectivas de meninas e adolescentes que vivem em periferias e comunidades. “Outra coisa que nós aprendemos no esporte também foi aprender a lidar com esses empecilhos, não somente do esporte. A gente aprendeu em oficinas teóricas como é lidar com esses empecilhos e saber contornar”, salientou Camilly Santos.

Para a adolescente, compreender como acontecem as discriminações e identificar ferramentas para empoderamento e enfrentamento às situações adversas é algo transformador: “É não deixar aquilo tomar a nossa mente, mas conseguir ver uma saída a partir de tudo aquilo. Eu tenho muito a agradecer ao COI, ONU Mulheres, Empodera e Woman Win, porque vocês proporcionam para nós estes momentos. Estes momentos que são inesquecíveis e essas oportunidades que não encontramos em lugar nenhum esse ambiente que nós amamos estar e esses conhecimentos que, como eu disse, muito úteis para o nosso dia a dia”, completou a jovem. 

A brasileira fez parte do evento “Chamado de Paris: o esporte a favor da igualdade de gênero”, conclamando a continuidade de investimentos em esportes para meninas e mulheres em todo o mundo. Participaram do ato: a diretora executiva da ONU Mulheres, Phumzile Mlambo-Ngcuka; o executivo Marc Pritchard, da Procter and Gamble; e representantes do Comitê Olímpico Internacional, da Fifa, do governo da Suécia, da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) e da EuroVision Sport.

Mulheres negras no esporte – Um dos objetivos do programa é visibilizar figuras públicas que podem ser referências para estas meninas. O reforço da memória das mulheres negras e da sua atuação é fundamental para fortalecer a autoestima, o sentimento de pertencimento e a confiança de meninas e jovens negras que podem se reconhecer nestas mulheres e, assim, terem mais forças para romper com um histórico ciclo de violências, de apagamento e invisibilidade.

O projeto busca reconhecer trajetórias de atletas como Daiane dos Santos, a primeira ginasta brasileira a conquistar uma medalha de ouro no Campeonato Mundial de Ginástica Artística; Ketleyn Quadros, porta-bandeira do Brasil em Tókio e a primeira mulher a ganhar uma medalha em esportes individuais para o Brasil na história das Olimpíadas; Formiga, a jogadora de futebol com maior participação em jogos olímpicos e Copas do Mundo, entre tantas outras.

As meninas e jovens negras, quando inspiradas e vendo-se reconhecidas em todos os espaços, são impulsionadas a tentarem diferentes atividades e seguirem com seus sonhos. 

Entidades da ONU envolvidas nesta atividade

ONU Mulheres
Entidade das Nações Unidas para a Igualdade de Gênero e Empoderamento da Mulher

Objetivos que apoiamos através desta iniciativa