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No Dia em Memória ao Holocausto Cigano, especialista da ONU exorta governos a combater discursos de ódio

03 agosto 2021

  • Diante do Dia em Memória ao Holocausto Cigano, um relator especial da ONU denunciou os ataques que os povos Roma e Sinti, conhecidos como ciganos, vêm sofrendo nas redes sociais.
  • O apelo contou com o apoio do ACNUDH e reforçou que é papel dos estados lidar com a exclusão e a discriminação enfrentadas pelas pessoas ciganas hoje.
  • A tragédia que marca a data ocorreu durante a Segunda Guerra Mundial, em 1944, quando 3 mil pessoas de um local conhecido como “campo da família cigana” em Auschwitz-Birkenau, foram assassinadas nas câmaras de gás pelos alemães nazistas. 
  • Embora haja incerteza sobre os números exatos, entre 25% e 50% dos 1 a 1,5 milhão de ciganos da Europa foram provavelmente exterminados.
Legenda: Na foto, uma mulher segura uma máscara com a bandeira oficial do povo Rom, ou Roma, também chamado de cigano
Foto: © ACNUDH

Um relator especial das Nações Unidas para questões das minorias denunciou os ataques que os povos Roma e Sinti, conhecidos como ciganos, vêm sofrendo nas redes sociais. O apelo contou com o apoio do Escritório de Direitos Humanos da ONU (ACNUDH) e foi feito aos governos na data simbólica de 2 de agosto, que marca o Dia em Memória ao Holocausto Cigano. 

“Os Estados devem fazer mais para combater de forma proativa os sinais crescentes de intolerância e ataques contra povos Roma e outras minorias, particularmente crimes de ódio e ataques às redes sociais”, disse o relator especial das Nações Unidas para Questões das Minorias, Fernand de Varennes. Ele também acrescentou que é trágico que quase 80 anos após o genocídio ciagno as minorias — especialmente pessoas Roma na Europa e em outras partes do mundo — estejam "experimentando cada vez mais discursos de ódio".

“Vimos o que aconteceu quando membros da minoria judaica na Alemanha nazista foram retratados como estranhos e antagônicos à nação alemã e aos valores e cultura”, disse de Varennes. “Hoje, as pessoas ciganas estão novamente enfrentando o mesmo tipo de retórica segregacionista”.

Reparação - De Varennes pediu uma maior educação pública sobre o Holocausto Cigano e disse que os Estados devem lidar com a exclusão e a discriminação enfrentadas por muitas pessoas ciganas hoje. Devem também abordar os crimes de ódio na Europa e os elevados níveis de discurso de ódio que demoniza os ciganos nas redes sociais.

Sobre a data - O acontecimento trágico ao qual o relator da ONU se refere é o Holocausto Cigano, que ocorreu durante a Segunda Guerra Mundial, em 1944, quando 3 mil pessoas de um local conhecido como “campo da família cigana” em Auschwitz-Birkenau, foram assassinadas nas câmaras de gás pelos alemães nazistas. Entre as vítimas, estavam mulheres e crianças. 

O Dia em Memória ao Holocausto Cigano relembra todas as vítimas do genocídio cigano cometido pela Alemanha nazista e seus aliados durante a Segunda Guerra Mundial. Embora haja incerteza sobre os números exatos, entre 25% e 50% dos 1 a 1,5 milhão de ciganos da Europa foram provavelmente exterminados.

* O Sr. Fernand de Varennes foi nomeado  Relator Especial da ONU para questões das minorias pelo Conselho de Direitos Humanos em junho de 2017. Ele é encarregado pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU de promover a implementação da Declaração Sobre os Direitos das Pessoas Pertencentes a Minorias Nacionais ou Étnicas, Religiosas e Linguísticas, entre outras coisas. Ele é Professor Extraordinário na Faculdade de Direito da Universidade de Pretória, na África do Sul; professor visitante Cheng Yu Tung na Faculdade de Direito da Universidade de Hong Kong; e professor visitante do Centro Irlandês para os Direitos Humanos da Universidade Nacional da Irlanda-Galway. Ele é um dos maiores especialistas mundiais em direitos das minorias no direito internacional, com mais de 200 publicações em cerca de 30 idiomas.

Os Relatores Especiais fazem parte do que é conhecido como Procedimentos Especiais do Conselho de Direitos Humanos. Procedimentos Especiais, o maior corpo de especialistas independentes no sistema de Direitos Humanos da ONU, é o nome geral dos mecanismos independentes de averiguação e monitoramento do Conselho que tratam de situações específicas de países ou de questões temáticas em todas as partes do mundo. Os especialistas em Procedimentos Especiais trabalham de forma voluntária; eles não são funcionários da ONU e não recebem um salário por seu trabalho. Eles são independentes de qualquer governo ou organização e atuam em sua capacidade individual.

Entidades da ONU envolvidas nesta atividade

ACNUDH
Escritório do Alto Comissariado para os Direitos Humanos

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