Energia limpa é chave para combater pobreza energética e mudanças climáticas, destaca ONU
24 setembro 2021
- O secretário-geral da ONU, António Guterres, clamou por uma transição urgente para energia limpa em todo o mundo no seu discurso de abertura no Diálogo de Alto Nível sobre Energia. O evento foi o primeiro sobre o tema em 40 anos e aconteceu durante a Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova Iorque.
- Responsável por 75% das emissões de gases de efeito estufa, o setor energético negligencia cerca de 760 milhões de pessoas que ainda não possuem acesso a energia elétrica, e 2,6 bilhões que ainda cozinham com fontes de energia indevidas e não saudáveis.
- Segundo Guterres e o atual presidente da Assembleia, Abdulla Shahid, o fornecimento e o acesso à energia limpa possuem juntos o potencial de fazer avançar os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), gerar empregos verdes e ainda colaborar para uma boa recuperação da crise da COVID-19, além de representarem uma boa oportunidade de negócios limpos e conscientes.
- O chefe da ONU também delineou quatro prioridades para um futuro com energia sustentável: cortar pela metade o número de pessoas sem acesso à eletricidade até 2025; mudança rápida para fontes de energia limpa; alcançar o acesso universal à energia até 2030; e garantir que ninguém seja deixado para trás na corrida para um futuro com zero emissões de carbono.
![painel de energia solar](/sites/default/files/styles/large/public/2021-09/image560x340cropped%20%281%29.jpg?h=ce88f7a9&itok=my2vYh_r)
Em seu discurso de abertura do Diálogo de Alto Nível sobre Energia durante 76a sessão da Assembleia Geral da ONU, nesta sexta-feira (24), o secretário-geral da Organização, António Guterres, clamou por apoio dos líderes mundiais no fornecimento de energia limpa para o mundo. O evento convocado por Guterres foi o primeiro a juntar líderes para debater as questões energéticas em mais de 40 anos.
O chefe da ONU iniciou seu discurso apontando o duplo imperativo que define a urgência energética mundial: a pobreza energética e as mudanças climáticas.
“Quase 760 milhões de pessoas ainda não têm acesso à eletricidade. Cerca de 2,6 bilhões de pessoas não têm acesso a meios de cozinhar limpos. E a forma como produzimos e usamos energia é a principal causa da crise climática”, lamentou Guterres, definindo o tom da reunião.
Emissões alarmantes - Segundo o secretário-geral, as emissões do setor energético representam cerca de 75% do total das emissões de gases de efeito estufa no mundo, um número alarmante que pode prejudicar o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentávele (ODS) e da Agenda 2030 como um todo.
Guterres também destacou que só com apoio e ação dos Estados-membros será possível alcançar o ODS número 7, reforçando a importância do acesso e produção de energia acessível, renovável e sustentável para todos.
O atual presidente da Assembleia Geral, Abdulla Shahid, também presente no evento, sublinhou que “o acesso à energia é um ‘acelerador dos ODS’, já que o progresso neste único ODS pode acelerar o progresso em todo o conjunto de 17 Objetivos”.
Solução para a pandemia - “Investir em energia limpa e acessível para todos melhorará o bem-estar de bilhões de pessoas”, insistiu o chefe da ONU.
E muito além disso, “investir em energia renovável - em vez de gastar bilhões em sustentar combustíveis fósseis - pode criar dezenas de milhões de bons empregos e capacitar os mais vulneráveis”, destacou o secretário-geral, indicando que o setor energético possui capacidade para criar os empregos verdes de que precisamos urgentemente para a recuperação da COVID-19.
![mulheres cozinham em fogueira improvisada](/sites/default/files/styles/large/public/2021-09/image560x340cropped%20%282%29_0.jpg?h=ce88f7a9&itok=Az6ifPOH)
Shahid, 76º presidente da Assembleia Geral, também foi direto e enfático em sua declaração sobre como o setor energético é fundamental para superar a crise pandêmica atual, “a energia é crítica tanto para nossa recuperação da pandemia global quanto para nossos esforços para enfrentar a mudança climática”. Ele comparou a situação a um jogo ganha-ganha, onde todos saem ganhando, e ninguém perdendo.
Quatro prioridades - Guterres deu ênfase a quatro áreas de atuação prioritárias que demandam ação imediata para um futuro energético sustentável.
A primeira delas é reduzir até eliminar a lacuna energética e oferecer acesso à energia para todos até 2030. A segunda grande prioridade é a mudança para sistemas de energia descarbonizados. Terceiro, alcançar o acesso universal à energia até 2030 e manter uma trajetória de emissões zero até metade do século. E por último, garantir que todos estejam incluídos nesse processo. Como prega o lema da Agenda 2030, ninguém deve ser deixado para trás.
“A transição energética global deve ser justa, inclusiva e equitativa”, insistiu o secretário-geral.
Muito trabalho pela frente - O chefe da ONU indicou o caminho para atingir de forma eficaz as prioridades definidas em seu discurso.
“Isso significa reduzir pela metade o número de pessoas sem acesso à eletricidade. E também fornecer a mais de 1 bilhão de pessoas acesso a soluções limpas para cozinhar até 2025”, explicou o secretário-geral sobre como reduzir a lacuna energética.
Para descabornizar nossa energia, é preciso que a capacidade solar e eólica seja quadruplicada até 2030. Os esforços para melhorar a eficiência energética também precisam ser intensificados, segundo o plano traçado pelo chefe da ONU.
Além disso, é preciso triplicar o investimento em energia renovável e eficiência energética, e também “o acesso ao financiamento pelos países em desenvolvimento deve ser simplificado, facilitado e acelerado”, completou Guterres.
Em consonância, o presidente da Assembleia Geral disse em seu discurso na reunião: “Um aumento substancial no financiamento de energia limpa é essencial para todos os países, mas particularmente [aqueles] onde a pobreza energética é igual à pobreza ”.
Ao encerrar sua fala, o secretário-geral disse que não se pode esperar mais 40 anos para outro encontro sobre o tema.
“A era do acesso à energia renovável e acessível para todos deve começar hoje”, concluiu Guterres.