Crise global de água é iminente, alerta Organização Meteorológica Mundial

A Organização Meteorológica Mundial (OMM) e seus parceiros informaram, na terça-feira (05), por meio de relatório, que é necessário melhorar o manejo, o monitoramento e a projeção do fornecimento de água diante da iminente crise hídrica global.

O aviso acontece no momento em que enchentes, secas e outros perigos relacionados à água aumentam devido à mudança climática, enquanto o número de pessoas que vivem com “estresse hídrico” continua a crescer, juntamente com o aumento da população mundial e a redução da disponibilidade de água.

Em 2018, 3,6 bilhões de pessoas no mundo tiveram acesso inadequado à água ao longo de um mês. Em 2050, é esperado que esse número passe de 5 bilhões.

“O aumento da temperatura está causando mudanças na precipitação em nível regional e global, o que leva a alterações no regime de chuvas e no período agrícola, com um maior impacto na segurança alimentar e na saúde e bem-estar humano”, afirmou o secretário-geral da OMM, Petteri Taalas.

Aumento dos desastres - Desastres relacionados à água tiveram suas frequências intensificadas desde 2000, de acordo com o relatório Situação dos Serviços Climáticos 2021: Água, coordenado pelo OMM e com contribuições de mais de 20 organizações internacionais, agências de desenvolvimento e instituições científicas.

As tragédias causadas por enchentes subiram 134% quando comparado com as duas décadas anteriores. A maior parte das mortes e perdas econômicas aconteceram na Ásia, onde os sistemas de aviso precisam ser fortalecidos.

Taalas lembrou que, no último ano, as chuvas extremas no continente causaram enchentes no Japão, na China, na Indonésia, no Nepal, no Paquistão e na Índia. Milhões de pessoas foram realocadas e milhares foram mortas.

“Mas não é só nos países em desenvolvimento que as enchentes causaram grandes transtornos”, recordou. “A enchente catastrófica na Europa gerou milhares de mortes e um dano generalizado”.

Preocupações com as secas na África - O número e a duração das secas aumentou 29% nas últimas duas décadas. A maior parte das mortes foram na África, que também precisa de melhores sistemas de avisos.

“A falta de água continua sendo a maior causa de preocupação entre a maioria dos países, especialmente aqueles localizados no continente africano. Mais de 2 bilhões de pessoas vivem em países com carência de água e sofrem com a falta de acesso à água filtrada e saneamento básico”, informou Petteri Taalas, completando que “nós precisamos estar alertas para a iminente crise da água”.

Investir e melhorar - O relatório pede por melhorias no manejo da água, no aumento do investimento e na integração das políticas hídricas e climáticas, já que as medidas atuais estão fragmentadas e inadequadas.

As recomendações incluem o investimento no manejo integrado de recursos hídricos para melhorar a gerência da escassez de água, especialmente nos pequenos Estados insulares em desenvolvimento e nos países menos desenvolvidos do mundo.

Autoridades dos países menos desenvolvidos são particularmente incentivadas a investir em sistemas de aviso antecipado para secas e enchentes.

Os países também são encorajados a preencher os buracos na captação de dados críticos para os serviços de clima e sistemas de aviso antecipado, além de serem chamados a se juntar à Coalizão da Água e do Clima, uma iniciativa da Organização Meteorológica Mundial que oferece suporte, incluindo no aperfeiçoamento de análises para recursos hídricos.