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Durban+20: A voz dos influenciadores digitais contra a discriminação

13 outubro 2021

Qual é o papel dos influenciadores digitais na promoção da tolerância? A Defensoria Pública da União (DPU) e a ONU Brasil convidaram duas lideranças digitais para responder a pergunta e falar sobre a responsabilidade de dar voz a grupos marginalizados. 

O painel é o quarto da série “20 anos da Declaração de Durban: Desafios Contemporâneos”.

O influenciador digital negro e LGBTQIA+, Carlos Haidé Sousa Santos, e a liderança Guarani e Kaiowá, Jaqueline Aranduhá, discutiram o que a internet pode se tornar daqui 20 anos e qual sociedade ela vai refletir.

Ainda restam dois painéis de discussão, que serão exibidos semanalmente até 26 de outubro de 2021 no canal do Youtube da DPU.

Legenda: O painel foca no papel de pessoas influenciadores digitais para o combate ao racismo, discriminação racial, xenofobia e discurso de ódio
Foto: © Steve Gale/Unsplash

"Nosso papel é definir o que vai ser a internet daqui 20 anos e em qual sociedade ela vai operar", reflete o influenciador digital Carlos Haidé Sousa Santos, sobre os caminhos na luta contra a discriminação em um mundo conectado. O comentário foi feito durante o quarto painel do evento “20 anos da Declaração de Durban: Desafios Contemporâneos”, promovido na quarta-feira (13) pela Defensoria Pública da União (DPU) em parceria com a ONU Brasil.

Os eventos marcam os 20 anos da  Declaração e Programa de Ação de Durban (DDPA) – Durban +20. Ainda serão exibidos dois painéis semanais até 26 de outubro de 2021, com exibição no canal do Youtube da Escola Nacional da Defensoria Pública da União.  

Participaram do debate, como expositores, o influenciador digital negro e LGBTQIA+, Carlos Haidé Sousa Santos, e a liderança Guarani e Kaiowá, Jaqueline Aranduhá. O painel contou também com mediação da defensora pública federal Laura Lucia Ferrarez, que atua como ponto focal do grupo de políticas étnico-raciais da DPU. 

Lotada no interior do Paraná, em Cascavel, Laura Ferrarez abriu a discussão com o reconhecimento da importância e pioneirismo da Declaração de Durban, que ecoa ainda hoje. Pontuou, também, o papel da mídia na difusão de ideias, na influência de comportamentos e na consolidação de ideologias de formação e consciência, indicando que o combate à intolerância passa, necessariamente, pela arena digital. 

"A Declaração de Durban é um compromisso de propositura de algumas ações que têm no seu bojo disposições que abarcam compromissos envolvendo a mídia, inclusive a eletrônica. O documento trata não somente do racismo, mas de todas as formas de discriminação racial, xenofobia e intolerância", disse a defensora pública. 

Legenda: Participaram do debate o influenciador digital Carlos Haidé Sousa Santos, a liderança Guarani e Kaiowá Jaqueline Aranduhá e a defensora pública Laura Lucia Ferrarez.
Foto: © Reprodução/Youtube

Com 24 anos, Carlos Haidé Sousa Santos tem apenas quatro anos a mais que a Declaração de Durban. Em 2020, o influenciador digital negro e LGBTQIA+ foi embaixador-representante do estado do Maranhão no programa Cidadão Digital, iniciativa de educação digital para alunos da rede pública de ensino pública do país. Em sua fala, o jovem ativista refletiu sobre o deslocamento dos espaços de poder desde que a Declaração foi publicada: 

"É muito estranho pensar que a Declaração de Durban tem 20 anos e, eu, 24. Acho que, nesse tempo, a internet protagonizou uma grande revolução no que diz respeito a quem são os detentores da palavra. Há duas décadas, eles eram invariavelmente artistas, veículos de comunicação e atores políticos. Hoje esse protagonismo está mais pulverizado, e testemunhamos uma horizontalidade nessa dinâmica", afirmou o influenciador.

Na visão de Carlos, os influenciadores e ativistas cumprem um papel vital na definição do que vai ser a internet daqui 20 anos e qual sociedade ela vai refletir: 

"Acredito no papel transformador da internet, não apenas de dar voz a pessoas fora dos eixos de poder, mas de mostrar outras realidades, outros pontos de vista. Com esse potencial, não dependemos dos 15 minutos de tela da grande mídia para falar sobre as coisas nas quais acreditamos", disse o ativista digital. 

No idioma guarani, Jaqueline Gonçalves Porto responde por Kunã Aranduhá. No entanto, para os seus seguidores, a jovem líder indígena é Jaqueline Aranduhá, influenciadora digital e uma das lideranças do Kunangue Aty Guasu, movimento de mulheres indígenas Guarani e Kaiowá organizado no Cone Sul. Jaqueline também é mestre em antropologia pela Universidade Federal da Grande Dourados, onde atua como ponto focal para os estudantes indígenas.

"O racismo percorre as nossas comunidades todos os dias. Temos usado as mídias, meios de comunicação e plataformas digitais para visibilizar essas violações. Infelizmente, dentro das próprias comunidades indígenas o acesso à internet é inexistente ou precário", explicou Jaqueline.

A liderança indígena defende o potencial da internet como meio para visibilizar a luta dos povos minoritários: "Ainda lidamos com discursos coloniais, está em voga um movimento de invisibilização dos saberes indígenas, da nossa cultura e existência", argumenta. Sobre o uso das plataformas digitais por pessoas e movimentos que incitam o discurso de ódio, Jaqueline é taxativa: "Não podemos permitir que isso continue a influenciar o imaginário e a mentalidade de um Brasil moderno", disse, encerrando o debate.

Programação dos próximos painéis no Canal do Youtube da Escola Nacional da Defensoria Pública da União, das 9h às 11h:

  • 19 de outubro - Para além dos 20 anos de Durban: Avanços e desafios sob a perspectiva das mulheres
  • 26 de outubro - 20 Anos de Durban: e agora? 

 

Entidades da ONU envolvidas nesta atividade

ONU
Organização das Nações Unidas

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