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Representantes da ONU participam de audiência pública sobre crise migratória internacional

14 outubro 2021

“Em 2020 o Brasil concedeu 26,8 mil asilos a refugiados”, disse o senador Paulo Paim, em uma audiência pública realizada pela Comissão Mista Permanente sobre crise migratória internacional.

O evento foi marcado pela participação de parlamentares, representantes de organizações internacionais e da sociedade civil, entre eles, dois representantes do Escritório de Direitos Humanos da ONU, do ACNUR e da OIM.

A pandemia e os fluxos migratórios regionais, com o de pessoas venezuelanas e haitianas na América Latina e Caribe, foram temas recorrentes em todas as falas. 

Os participantes sinalizaram para a necessidade da implementação de políticas emergenciais e de médio e longo prazo, baseadas na inclusão e na regularização de pessoas migrantes e refugiadas.

Legenda: O chefe regional da ONU Direitos Humanos, Jan Jarab, abriu as discussões
Foto: © Reprodução/Youtube

A crise migratória internacional, sob a ótica dos direitos humanos, foi tema de uma audiência pública no Senado Federal do Brasil, na sexta-feira (8). Realizada pela Comissão Mista Permanente sobre o assunto, a mesa virtual foi presidida pelo senador Paulo Paim (PT). O evento foi marcado pela participação de parlamentares, representantes de organizações internacionais e da sociedade civil, entre eles, um representante do Escritório de Direitos Humanos da ONU no Brasil (ACNUDH) e da Organização Internacional para as Migrações (OIM).

“Em 2020 o Brasil concedeu 26,8 mil asilos a refugiados”, disse o presidente da comissão em sua fala de abertura. “Todos os países têm de estar de braços abertos para receber essa população”.

O chefe regional da ONU Direitos Humanos, Jan Jarab, abriu as discussões afirmando que a crise migratória está presente, e não será resolvida só com políticas enfocadas em controle e segurança: 

“A lição aprendida é que fechar fronteiras e tentar impedir a entrada de pessoas migrantes têm apenas efeitos temporários e também aumenta os riscos, pois faz com que os migrantes se escondam, se tornem invisíveis”, disse Jarbas.

Já o representante adjunto do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) no Brasil, Federico Martinez, lembrou que o número de pessoas fugindo de guerras, violência, perseguições e violações de direitos humanos nos últimos meses seguiu aumentando, apesar do contexto de pandemia da COVID-19.

A OIM foi representada por Ezequiel Texido, oficial-regional de Políticas e Articulação do Escritório Regional para a América do Sul. Em sua fala, destacou que, dos 282 milhões de migrantes internacionais no mundo, cerca de 11,5 milhões estão no continente sul-americano. Ezequiel também caracterizou os principais fluxos migratórios na região nas últimas décadas, ressaltando a mudança, em especial nos últimos dez anos, do aumento do número de migrantes internacionais de origem do continente africano e asiático, incluindo de países que não tinham tradição de migrar para a América do Sul, como Bangladesh, Síria e Somália, por exemplo.

Além do fluxo venezuelano que se intensificou na América do Sul desde 2015, o representante da OIM chamou atenção para o número crescente de cidadãos do Haiti que, desde o terremoto ocorrido em 2010, buscam destinos como Brasil e Chile. Um alerta foi feito sobre as rotas perigosas enfrentada por migrantes em situação de vulnerabilidade, em especial na passagem pela selva de Darién, no Panamá.

Para o defensor público federal João Freitas de Castro Chaves, que também coordena o Grupo de Trabalho Nacional para Migrações, Apatridia e Refúgio da da Defensoria Pública da União (DPU), “o Brasil se viu pela primeira vez dentro de um contexto maior, e não está isolado. Por mais que tenhamos temas gravíssimos dentro do país, a migração não pode ser esquecida como um tema secundário”.

Políticas públicas - A pandemia e os fluxos migratórios regionais, com o de pessoas venezuelanas e haitianas na América Latina e Caribe, foram temas recorrentes em todas as falas. Nesse contexto, as pessoas participantes sinalizaram para a necessidade da implementação de políticas emergenciais, como, por exemplo, que as regras supostamente sanitárias em vigor nos países não sejam obstáculos ou fatores de exclusão para a solicitação de asilo de pessoas refugiadas, como destacou o representante do ACNUR. Também pediram políticas de médio e longo prazo baseadas na inclusão e na regularização de pessoas migrantes e refugiadas.

Jan Jarab lembrou ainda que a ONU Direitos Humanos vem promovendo nos últimos meses, em parceria com a Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados do Brasil, uma série de audiências públicas no âmbito do Observatório Parlamentar da Revisão Periódica Universal (RPU). Nesse contexto, a sessão temática sobre direitos de pessoas migrantes está prevista para ocorrer no dia 5 de novembro, com transmissão ao vivo pela internet.

Confira a audiência pública do Senado na íntegra:

Entidades da ONU envolvidas nesta atividade

OIM
Organização Internacional para as Migrações
ACNUDH
Escritório do Alto Comissariado para os Direitos Humanos
ACNUR
Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados

Objetivos que apoiamos através desta iniciativa