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Iniciativa da UNESCO busca expandir conhecimento de biodiversidade marinha

19 outubro 2021

O projeto da UNESCO, chamado de eDNA, vai ajudar a medir a vulnerabilidade da biodiversidade marinha em relação às mudanças climáticas.

Com envolvimento de cidadãos locais na coleta do material, os cientistas vão sequenciar geneticamente o DNA ambiental de áreas consideradas Patrimônio Mundial. Entre elas, está o arquipélago de Fernando de Noronha, no Brasil, que também será estudado. 

O projeto busca melhorar o monitoramento e proteção de espécies em perigo de extinção. A padronização de protocolos para o gerenciamento de amostras e dados será aperfeiçoada com a iniciativa, que também vai disponibilizar publicamente seu banco de dados.


Legenda: Cientistas e residentes locais vão colher amostras de espécies marinhas em projeto inédito da UNESCO
Foto: © meed Mistry/Ocean Image Bank

A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) lançou, na segunda-feira (18), o eDNA, um projeto de proteção e preservação da biodiversidade, baseado em um estudo do DNA ambiental, ou seja, do material celular de seres vivos disseminado em seu habitat. O objetivo é entender a riqueza da biodiversidade nos ecossistemas marinhos que são considerados Patrimônio Mundial.

Com o lançamento do programa, que terá uma duração de dois anos, cientistas e residentes locais vão coletar amostras genéticas de resíduos, membranas mucosas e células de peixes presentes no ambiente marinho para monitorar espécies.

O diretor-geral adjunto de Cultura da UNESCO, Ernesto Ottone Ramírez, relembrou que “os ecossistemas marinhos do Patrimônio Mundial têm um papel fundamental na proteção desses espaços de valor universal único e fornecem oportunidades para o público apreciar e preservar os ambientes marinhos”.

Espécies ameaçadas - A UNESCO explicou que a iniciativa vai ajudar a medir a vulnerabilidade da biodiversidade marinha em relação às mudanças climáticas e seus impactos nos padrões de distribuição e migração da vida no mar ao longo dos ecossistemas marinhos reconhecidos como Patrimônio Mundial. Entre estes locais, está o arquipélago brasileiro de Fernando de Noronha, que também será estudado.

O projeto eDNA, ao realizar a coleta e análise de amostras do meio ambiente, como o solo, água e ar, ao invés de organismos individuais, vai melhorar o monitoramento e proteção de espécies em perigo de extinção, incluindo a lista vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN).

“A mudança climática está afetando o comportamento e a distribuição da vida dentro d’água, e nós precisamos entender o que está acontecendo para que possamos adaptar nossos esforços de conservação nas condições evolutivas”, esclareceu Ramírez.

Por baixo das ondas - Os ecossistemas marinhos do Patrimônio Mundial da UNESCO são conhecidos pela sua biodiversidade única, biossistemas notáveis, e por representar estágios importantes da história do planeta Terra.

O projeto foi lançado a fim de contribuir para a compreensão das tendências globais e para o conhecimento da preservação dos ecossistemas marinhos na Década da Ciência Marinha para o Desenvolvimento Sustentável da ONU (2021-2030).

De acordo com a agência das Nações Unidas, desde 1981, quando a Grande Barreira de Coral Australiana foi identificada como o primeiro espaço marinho da UNESCO, uma rede global de mais de 50 outros locais vem sendo elaborada para ser “uma referência de esperança na cura do oceano”.

Barreiras de corais em Fiji.
Legenda: O método eDNA envolve a coleta e a análise de amostras do solo, da água e do ar e não de um organismo individual
Foto: © Jayne Jenk/ Coral Reef Image Bank

O projeto eDNA vai engajar cidadãos locais, guiados por suporte especializado, na coleta do material para que amostras, como as partículas recolhidas através da filtração da água, possam ser sequenciadas geneticamente em laboratórios especializados sem que tenham que incomodar os animais.

O chefe da Comissão Oceanográfica Intergovernamental (COI) da UNESCO, Vladimir Ryabinin, descreveu o projeto como um “passo em direção ao objetivo da Década Marinha de desvendar os conhecimento que precisamos a fim de criar o oceano que queremos até 2030”.

Desbravando novos caminhos - O uso do eDNA no monitoramento e coleta de dados do oceano ainda está dando os primeiros passos. A padronização de protocolos para o gerenciamento de amostras e dados vai ser aperfeiçoada com esse projeto.

Pela primeira vez, vai ser aplicada uma metodologia coerente nas múltiplas regiões marinhas de conservação, de maneira simultânea, o que vai ajudar a estabelecer um padrão global de monitoramento de dados e gerenciamento de práticas ao mesmo tempo que torna a informação disponível para o público.

Todos os dados serão processados e publicados pelo Sistema de Informação para a Biodiversidade Marinha, o maior sistema de dados aberto do mundo na distribuição e diversidade de espécies marinhas, que é mantido e apoiado coletivamente por uma rede mundial de cientistas, gerenciadores de dados e usuários.

“As amostras do eDNA vão providenciar uma capacidade inovadora, acessível e esperada de entender os ecossistemas marinhos, sua composição e comportamento e de começar o gerenciamento de recursos marinhos de maneira sustentável”, declarou Vladimir Ryabinin.

Entidades da ONU envolvidas nesta atividade

UNESCO
Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura

Objetivos que apoiamos através desta iniciativa