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Relatório sobre poluição plástica alerta sobre falsas soluções e pede ação global urgente

21 outubro 2021

Um estudo do PNUMA mostra que a poluição plástica nos ecossistemas aquáticos cresceu consideravelmente nos últimos anos e deve dobrar até 2030, com consequências terríveis para a saúde, a economia, a biodiversidade e o clima.

O plástico representa 85% dos resíduos que chegam aos oceanos e, até 2040, os volumes de plástico que fluem para o mar quase triplicarão, com uma quantidade anual entre 23 e 37 milhões de toneladas. Isto significa cerca de 50 kg de plástico por metro de costa em todo o mundo.

Como resultado, todas as espécies marinhas, desde plâncton e moluscos até aves, tartarugas e mamíferos, enfrentam riscos de envenenamento, distúrbios comportamentais, fome e asfixia. Corais, mangues e ervas marinhas também são sufocados por detritos plásticos que os impedem de receber oxigênio e luz.

Divulgado dez dias antes da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP26), o estudo indica que acelerar a transição para energias renováveis, eliminar subsídios e adotar abordagens circulares ajudará a reduzir os resíduos na escala necessária.

Legenda: Os autores rejeitam a possibilidade de reciclagem como uma saída para esta crise
Foto: © Naja Bertolt Jensen/Unsplash

Uma redução drástica de plástico é crucial para enfrentar a crise global de poluição, de acordo com uma análise abrangente divulgada hoje pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA). Intitulado Da Poluição à Solução: Uma Análise Global sobre Lixo Marinho e Poluição Plástica (tradução livre), o documento indica que acelerar a transição para energias renováveis, eliminar subsídios e adotar abordagens circulares ajudará a reduzir os resíduos plásticos na escala necessária. 

O relatório mostra que a poluição plástica é uma ameaça crescente em todos os ecossistemas, de onde a poluição se origina até o mar. Mostra também que, embora tenhamos o conhecimento, precisamos da vontade política e da ação urgente dos governos para enfrentar esta crise crescente. 

A análise do PNUMA alimentará as discussões na Assembléia das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEA 5.2) em março de 2022, quando os países se reunirão para decidir o caminho a seguir para a cooperação global sobre esta questão.

O estudo destaca que a poluição plástica nos ecossistemas aquáticos cresceu consideravelmente nos últimos anos e deve dobrar até 2030, com consequências terríveis para a saúde, a economia, a biodiversidade e o clima. 

A análise, divulgada dez dias antes da 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP26), enfatiza que o plástico também é um problema climático. Usando uma análise de ciclo de vida, estimou-se que em 2015 os plásticos estavam ligados à produção de 1,7 gigatoneladas de CO2 equivalente (GtCO2e), e em 2050 este número deverá aumentar para aproximadamente 6,5 GtCO2e - 15% do orçamento global de carbono.

Os autores rejeitam a possibilidade de reciclagem como uma saída para esta crise e alertam para alternativas nocivas aos produtos de uso único, tais como plásticos de base biológica ou biodegradáveis, que atualmente representam uma ameaça química semelhante aos plásticos convencionais.

O relatório analisa falhas críticas do mercado, tais como preços baixos de matérias-primas fósseis virgens versus materiais reciclados; esforços mal articulados no gerenciamento formal e informal de resíduos plásticos; e a falta de consenso sobre soluções globais.

"Esta pesquisa fornece o argumento científico mais forte até hoje para responder à urgência, agir coletivamente e proteger e restaurar nossos oceanos e todos os ecossistemas afetados pela poluição em seu curso", disse Inger Andersen, diretora executiva do PNUMA.

"Uma grande preocupação é o destino dos microplásticos, aditivos químicos e outros produtos fragmentados, muitos dos quais são conhecidos por serem tóxicos e perigosos para a saúde humana, a vida selvagem e os ecossistemas. A velocidade com que a poluição oceânica está captando a atenção do público é encorajadora e é vital que aproveitemos este impulso para alcançar um oceano limpo, saudável e resiliente", acrescentou Andersen.

Vida ameaçada - O relatório destaca que o plástico representa 85% dos resíduos que chegam aos oceanos e adverte que até 2040, os volumes de plástico que fluem para o mar quase triplicarão, com uma quantidade anual entre 23 e 37 milhões de toneladas. Isto significa cerca de 50 kg de plástico por metro de costa em todo o mundo.

Como resultado, todas as espécies marinhas, desde plâncton e moluscos até aves, tartarugas e mamíferos, enfrentam riscos de envenenamento, distúrbios comportamentais, fome e asfixia. Corais, mangues e ervas marinhas também são sufocados por detritos plásticos que os impedem de receber oxigênio e luz.

O corpo humano também é vulnerável à contaminação por resíduos plásticos em fontes de água, que podem causar alterações hormonais, distúrbios de desenvolvimento, anormalidades reprodutivas e câncer. Os plásticos são ingeridos através de frutos do mar, bebidas e até mesmo sal comum, mas também penetram na pele e podem ser inalados quando suspensos no ar.

Economia será afetada - O lixo marinho e a poluição plástica também afetam a economia global. Os custos da poluição plástica no turismo, pesca, aquicultura e outras atividades, como a limpeza, foram estimados em US$ 6-19 bilhões em 2018. E projeta-se que até 2040 poderá haver um risco financeiro anual de US$ 100 bilhões para as empresas se os governos exigirem que elas cubram os custos da gestão de resíduos nos volumes previstos. 

Um aumento nos resíduos plásticos também pode levar a um aumento do descarte ilegal de resíduos a nível nacional e internacional.     

O relatório pede a redução imediata dos plásticos, incentiva a transformação de toda a cadeia de valor envolvida e indica que há necessidade de reforçar os investimentos em sistemas de monitoramento muito mais abrangentes e eficazes para identificar a origem, escala e destino do plástico, bem como o desenvolvimento de uma estrutura de risco, que atualmente não existe globalmente.

O estudo conclui que é necessária uma mudança para abordagens circulares, incluindo práticas de consumo e produção sustentáveis, o desenvolvimento e adoção rápida de alternativas pelas empresas, e uma maior conscientização do consumidor para encorajar escolhas mais responsáveis.

Para ler o relatório completo em inglês, acesse aqui.

NOTAS AOS EDITORES 

Campanha Mares Limpos - O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) lançou a campanha Mares Limpos em 2017 com o objetivo de galvanizar um movimento global para reverter a maré do plástico, reduzindo o uso de plásticos desnecessários, evitáveis e problemáticos, incluindo plásticos de uso único, e eliminando os microplásticos intencionalmente adicionados. Desde então, 63 países aderiram à campanha e assumiram compromissos para melhorar a gestão de plásticos, entre outras medidas, reduzindo o predomínio de produtos plásticos de uso único. A campanha agora destacará os problemas e suas soluções na fonte da poluição e exigirá uma ação global urgente. A Mares Limpos contribui para os objetivos da Parceria Global sobre Lixo Marinho e do Compromisso Global por uma Nova Economia do Plástico.

Sobre o PNUMA - O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) é a principal voz global sobre o meio ambiente. Ele fornece liderança e incentiva a parceria no cuidado com o meio ambiente, inspirando, informando e permitindo que as nações e os povos melhorem sua qualidade de vida sem comprometer a das gerações futuras. 

Para maiores informações, favor entrar em contato:

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PNUMA
Programa das nações Unidas para o Meio Ambiente

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