Gases de efeito estufa na atmosfera batem novo recorde
25 outubro 2021
Novo boletim da Organização Meteorológica Mundial (OMM) alerta sobre a quantidade de gases do efeito estufa na atmosfera. O gás carbônico (CO2), por exemplo, chegou a 149% acima do nível pré-industrial no ano passado.
Embora a crise da COVID-19 tenha desencadeado um declínio temporário nas emissões, ela não teve impacto perceptível nos níveis atmosféricos de gases de efeito estufa ou em suas taxas de crescimento. A concentração desses gases em 2020 ultrapassou a média do planeta entre 2011 e 2020 e os níveis continuaram a subir em 2021.
A última vez que a Terra experimentou uma concentração comparável com a atual de CO2 foi de três a cinco milhões de anos atrás, quando a temperatura estava entre 2 e 3°C mais alta e o nível do mar estava entre 10 e 20 metros mais alto do que agora. “Mas não havia 7,8 bilhões de pessoas naquela época”, alertou o diretor da OMM, Petteri Taalas.
No ano passado, os gases de efeito estufa que aprisionam o calor atingiram um novo recorde, ultrapassando a média do planeta 2011-2020, e continuaram a subir em 2021, de acordo com um novo relatório publicado na segunda-feira (25) pela Organização Meteorológica Mundial (OMM).
O Boletim de Gases de Efeito Estufa contém uma “mensagem científica radical” para as negociações sobre mudanças climáticas na próxima conferência climática da ONU, conhecida como COP26 , em Glasgow, disse Petteri Taalas, o chefe da agência meteorológica da ONU.
“No atual ritmo de aumento das concentrações de gases de efeito estufa, veremos um aumento de temperatura até o final deste século muito acima das metas do Acordo de Paris de 1,5º a 2º acima dos níveis pré-industriais”, explicou ele ao lamentar: “Estamos muito fora do caminho.”
Emissões aumentando - A concentração de dióxido de carbono (CO2) em 2020 era 149% acima do nível pré-industrial; a de metano, 262%; e a de óxido nitroso, 123%. A comparação é feita em relação ao ponto em que a atividade humana começou a ser um fator desestabilizador.
Embora a desaceleração econômica impulsionada pelo coronavírus tenha desencadeado um declínio temporário nas novas emissões, ela não teve nenhum impacto perceptível nos níveis atmosféricos de gases de efeito estufa ou em suas taxas de crescimento. À medida que as emissões continuam, o mesmo ocorre com o aumento das temperaturas globais, revela o relatório.
Além disso, dada a longa vida do CO2, o nível atual de temperatura persistirá por décadas, mesmo se as emissões líquidas forem rapidamente reduzidas a zero.
De intenso calor e chuvas ao aumento do nível do mar e acidificação dos oceanos, o aumento das temperaturas será acompanhado por mais extremos climáticos - todos com impactos socioeconômicos de longo alcance.
“A última vez que a Terra experimentou uma concentração comparável de CO2 foi de três a cinco milhões de anos atrás, quando a temperatura estava 2-3 °C mais alta e o nível do mar estava 10-20 metros mais alto do que agora”, afirmou o chefe da OMM. “Mas não havia 7,8 bilhões de pessoas naquela época”.
CO2 remanescente - Dados do Boletim revelam que aproximadamente metade do CO2 emitido pelo homem atualmente permanece na atmosfera e a outra metade é absorvida pelos oceanos e ecossistemas terrestres.
Ao mesmo tempo, a capacidade dos ecossistemas terrestres e dos oceanos de absorver as emissões pode se tornar um amortecedor menos eficaz contra os aumentos de temperatura no futuro.
Enquanto isso, muitos países estão definindo metas de neutralidade de carbono em meio à esperança de que a COP26 verá um aumento dramático nos compromissos internacionais.
“Precisamos transformar nosso compromisso em ações que impactem os gases que impulsionam as mudanças climáticas. Precisamos revisitar nossos sistemas industriais, de energia e transporte e todo o modo de vida ”, disse o funcionário da OMM.
“As mudanças necessárias são economicamente acessíveis e tecnicamente possíveis”, garantiu Taalas. “Não há tempo a perder”.
Combatendo as emissões - O relatório aponta os principais gases de efeito estufa e algumas ações que poderiam ser tomadas para reduzir a emissão e a concentração desses gases na atmosfera.
O CO2 é o gás de efeito estufa mais importante e tem “grandes repercussões negativas para nossa vida diária e bem-estar, para o estado de nosso planeta e para o futuro de nossos filhos e netos”, argumentou o chefe da OMM.
Os sumidouros de carbono são reguladores vitais da mudança climática porque removem um quarto do CO2 que os humanos liberam na atmosfera.
O óxido nitroso é um poderoso gás de efeito estufa e um químico destruidor da camada de ozônio, emitido na atmosfera por fontes naturais e antropogênicas, incluindo oceanos, solos, queima de biomassa, uso de fertilizantes e vários processos industriais.
Os múltiplos benefícios da redução do metano, cujo gás permanece na atmosfera por cerca de uma década, poderiam apoiar o Acordo de Paris e ajudar a alcançar muitos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), é o que aponta o Boletim.