Mesmo com planos atualizados, países estão longe das metas da COP26
26 outubro 2021
Novo Relatório de Síntese da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima aponta para um "aumento considerável" de cerca de 16% nas emissões globais de gases de efeito estufa em 2030 em comparação com 2019.
O relatório leva em conta as últimas metas de cada país, conhecidas como Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs). Elas representam o compromisso de cada nação em busca de limitar o aumento da temperatura média global a 1,5º.
Os países podem atualizar suas metas a qualquer momento. O documento mostra sinais positivos entre as 143 partes que enviaram metas novas ou atualizadas. Suas emissões totais até 2030 são estimadas em cerca de 9% abaixo do nível de 2010. Além disso, 71 nações comunicaram que esperam alcançar a neutralidade de carbono por volta da metade do século. Seu nível total de emissões pode ser até 88% menor em 2050 do que em 2019.
Planos de ação climática novos ou atualizados pelos governos podem ser eficazes na redução das emissões de gases de efeito estufa (GEE), mas maiores esforços são necessários para manter o aquecimento global sob controle, é o que prescreve a Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC) em um novo relatório lançado na segunda-feira (25).
Os resultados atualizam um relatório anterior que sintetiza os planos delineados pelos países em suas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) sob o Acordo de Paris sobre mudanças climáticas, que visa limitar o aumento da temperatura global a 1,5º.
As partes do acordo solicitaram o Relatório de Síntese, publicado em setembro, para ajudá-los a avaliar o progresso antes da Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, a COP26, que começa neste fim de semana em Glasgow, na Escócia.
A atualização foi fornecida para que os países tenham as informações mais recentes a serem consideradas na Conferência.
Compromissos para ação - A nova publicação incorpora informações das 165 últimas NDCs disponíveis, representando todas as 192 partes do Acordo de Paris. Isso inclui 116 NDCs novas ou atualizadas recebidas de 143 partes até este mês, em comparação com 86 NDCs novas ou atualizadas cobertas pelo relatório de setembro.
A secretária executiva da UNFCCC, Patricia Espinosa, disse que as NDCs “representam claramente um compromisso de agir sobre as mudanças climáticas”.
Para as 143 partes que enviaram NDCs novas ou atualizadas, as emissões totais são estimadas em cerca de 9% abaixo do nível de 2010 até 2030. Além disso, 71 nações comunicaram que esperam alcançar a neutralidade de carbono por volta da metade do século. Seu nível total de emissões pode ser até 88% menor em 2050 do que em 2019.
Longe do objetivo - No entanto, a atualização também confirmou que para todos os NDCs disponíveis de todas as 192 partes, quando tomados em conjunto, há um "aumento considerável" de cerca de 16% nas emissões globais de GEE em 2030 em comparação com 2019. Isso poderia levar a um aumento da temperatura global de cerca de 2,7º no final do século.
Espinosa disse que as partes “devem redobrar urgentemente seus esforços climáticos” se quiserem evitar aumentos de temperatura além das metas do Acordo de Paris.
“Ultrapassar as metas de temperatura levará a um mundo desestabilizado e sofrimento sem fim, principalmente entre aqueles que menos contribuíram para as emissões de gases de efeitos estufa na atmosfera”, lamentou a chefe do UNFCCC.
“Este relatório atualizado, infelizmente, confirma a tendência já indicada no Relatório de Síntese completo, ou seja, que não estamos nem perto de onde a ciência diz que deveríamos estar”, alertou.
Empenho imediato necessário - De acordo com o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), limitar o aumento da temperatura média global a 1,5º exige uma redução de 45% nas emissões de dióxido de carbono (CO2) até 2030 ou redução de 25% até 2030 para mantê-la em 2º.
A UNFCCC, também conhecida como UN Climate em inglês, aponta que "se as emissões não forem reduzidas até 2030, elas precisarão ser substancialmente reduzidas a partir de então para compensar o início lento no caminho para as emissões líquidas zero, mas provavelmente a um custo mais alto."
O relatório destaca porque os países precisam mostrar uma ação climática ambiciosa na COP26, disse o ministro de gabinete do Reino Unido, Alok Sharma, o presidente da COP26, observando que, embora tenha havido progresso, não é suficiente.
Uma década crítica - Ele pediu que "os maiores emissores", as nações do G20, mostrem compromissos mais fortes para manter a meta de 1,5º ao longo "desta década crítica".
“Glasgow deve lançar uma década de ambições cada vez maiores. Na COP26, devemos nos unir por nós, as gerações futuras e nosso planeta”, prescreveu o chefe da COP26.
Espinosa enfatizou que as partes podem enviar NDCs ou “revisitar” propostas anteriores para aumentar a ação, a qualquer momento, inclusive durante a Conferência.
Muitos países em desenvolvimento têm NDCs que contêm compromissos mais ambiciosos para reduzir as emissões, que só podem ser implementados com mais recursos financeiros e outros apoios. Isso pode permitir que as emissões globais atinjam o pico antes de 2030, de acordo com o relatório.
“Isso ressalta que os países em desenvolvimento precisam de apoio financeiro, tecnológico e de capacitação para aumentar seu nível de ambição, tanto no que diz respeito à redução de emissões, quanto em termos de construção de resiliência aos efeitos da mudança climática”, disse a chefe da UNFCCC, Patricia Espinosa.
“O compromisso de mobilizar 100 bilhões de dólares anualmente até 2020 é fundamental para aumentar a ação climática dos países em desenvolvimento. Peço aos países desenvolvidos que cumpram integralmente essa promessa na COP26 ”, acrescentou.