“A mudança é possível”, diz chefe da ONU no dia contra a violência contra as mulheres e meninas
“A violência contra mulheres e meninas continua a ser a questão de direitos humanos mais prevalente e urgente no mundo de hoje.”
A avaliação é do secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, que gravou uma mensagem em vídeo para o Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres e Meninas. A data é lembrada anualmente em 25 de novembro.
“É um crime abominável e uma emergência de saúde pública, com consequências de longo alcance para milhões de mulheres e meninas em todos os cantos do globo.”
Dados recentes da ONU Mulheres confirmam que, durante a pandemia de COVID-19, os níveis de violência contra mulheres e meninas aumentaram.
Em 13 países, quase metade de todas as mulheres relatou que elas ou uma mulher que conhecem começaram a sofrer violência de gênero durante a pandemia.
Além disso, quase um quarto das mulheres relatou que os conflitos domésticos se tornaram mais frequentes. Uma proporção semelhante disse que se sentia menos segura em casa.
“A violência em qualquer parte da sociedade afeta todos nós. Das cicatrizes que ficarão na próxima geração ao enfraquecimento do tecido social”, disse Guterres.
“Há uma relação direta entre a violência contra as mulheres, a opressão civil e o conflito violento. Da violação e escravidão sexual usadas como ferramentas de guerra, à misoginia presente no extremismo violento.”
O secretário-geral da ONU lembrou que a violência contra as mulheres “não é inevitável”, destacando que políticas e programas certos geram resultados.
“Isso significa estratégias abrangentes e de longo prazo que enfrentem as raízes da violência, protejam os direitos das mulheres e meninas e promovam movimentos fortes e autônomos que defendam os direitos das mulheres”, disse.
Ele lembrou que esse é o modelo que guia a Iniciativa Spotlight, uma parceria das Nações Unidas com a União Europeia.
“No ano passado, em países parceiros [da Iniciativa Spotlight], assistimos a um aumento de 22 por cento dos processos penais contra agressores; 84 leis e políticas foram aprovadas ou fortalecidas. E mais de 650 mil mulheres e meninas puderam ter acesso a serviços contra a violência de gênero, apesar das restrições relacionadas com a pandemia.”
Guterres concluiu: “A mudança é possível. Agora é hora de redobrar os nossos esforços para que, juntos, possamos eliminar a violência contra mulheres e meninas até 2030”.