Perdas na aprendizagem devido à pandemia podem empobrecer uma geração em US$17 trilhões
08 dezembro 2021
Relatório conjunto do Banco Mundial, da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) e do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) expõe a magnitude da crise educacional.
As agências estimam que os prejuízos causados pelo fechamento das escolas durante a pandemia da COVID-19 pode gerar uma perda de 17 trilhões de dólares em ganhos vitalícios para a geração impactada.
O relatório também evidenciou desigualdades nos acesso à educação. Em países de renda média ou baixa, a quantidade de crianças vivendo em pobreza educacional saltou de 53% para 70%. Crianças de baixa renda, com deficiência, crianças mais novas e meninas foram os mais afetados pela perda de aprendizado, com menos acesso à educação remota.
Um relatório do Banco Mundial, da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) e do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), publicado na segunda-feira (06), informou que o fechamento das escolas durante a pandemia da COVID-19 pode resultar em um prejuízo de 17 trilhões de dólares em ganhos vitalícios para os estudantes de hoje. Essa projeção está entre os achados do estudo O Estado da Crise Global de Educação: Um Caminho para a Recuperação.
A quantia é calculada nos valores atuais, representando cerca de 14% do atual Produto Interno Bruto (PIB). Ela ultrapassa a estimativa de 10 trilhões de dólares para este ano, revelando que o impacto é mais profundo do que o imaginado.
Perda moralmente inaceitável - O diretor global para a educação do Banco Mundial, Jaime Saavedra, disse que a pandemia forçou a parada do sistema educacional em todo o mundo. Depois de mais de 20 meses, milhões de crianças continuam sem acesso à escola, enquanto outras devem nunca mais retornar.
Além disso, o relatório mostrou que, em países de renda média ou baixa, a quantidade de crianças vivendo em pobreza educacional pula de 53% para 70%.
“A perda no aprendizado que muitas crianças estão vivendo é moralmente inaceitável. O aumento potencial da pobreza educacional pode ter um impacto devastador na produtividade, ganhos e bem-estar futuros para essa geração de crianças e jovens, para suas famílias e para a economia mundial”, declarou Saavedra.
Desigualdades educacionais - O relatório apontou ainda que simulações anteriores que estimavam que o fechamento de escolas resultaria em perdas significativas para o aprendizado agora estão sendo corroboradas com dados reais.
Evidências regionais de países como o Brasil, Paquistão, Índia, África do Sul e México detalham as perdas em habilidades de matemática e de leitura, às vezes, quase proporcionais à duração do fechamento das escolas.
Houve também diferentes cenários dentro dos países e por tópicos como status socioeconômico, gênero e notas.
Contudo, evidências em todo o mundo sugerem que a pandemia agravou as desigualdades dentro da educação. Os alunos mais marginalizados e vulneráveis foram impactados desproporcionalmente, por exemplo, crianças de baixa renda, com deficiência, assim como as meninas, que, muitas vezes, não têm acesso à educação remota.
Além disso, estudantes mais jovens têm menos acesso à educação online e foram os mais afetados pela perda de aprendizado, especialmente, as crianças na idade da pré-escola.
Reabertura como prioridade - O diretor da educação do UNICEF, Robert Jenkins, pediu pela reabertura das escolas e pela manutenção delas para estancar as marcas nesta geração, e alertou sobre os riscos da inação.
“A pandemia da COVID-19 fechou escolas em todo o mundo, interrompendo a educação de 1,6 bilhão de estudantes no seu auge e acentuou a divisão de gênero. Em alguns países, nós estamos vendo maiores perdas educacionais entre meninas e um aumento no risco de trabalho infantil, violência de gênero, casamento infantil e gravidez”, afirmou.
Com um investimento estatal de menos de 3% para a educação, o relatório destacou a necessidade de mais verbas.
A reabertura escolar deve ser uma prioridade máxima e urgente globalmente, enquanto isso, os países deveriam implementar programas de recuperação de aprendizagem para garantir que os estudantes dessa geração atinjam ao menos as mesmas competências que as precedentes.
Ao mesmo tempo, técnicas como instrução orientada, na qual professores alinham instruções de acordo com o nível de aprendizagem dos alunos, podem auxiliar na recuperação educacional.
Sistemas educacionais resilientes - A diretora-geral adjunta de Educação da UNESCO, Stefania Giannini, ressaltou a necessidade de ação governamental ao dizer que “com a liderança do governo e apoio da comunidade internacional, há uma ótima oportunidade de fazer o sistema mais equitativo, eficiente e resiliente, capitalizando as lições aprendidas ao longo da pandemia e aumentando os investimentos”.
Para construir um sistema educacional mais resiliente ao longo prazo, o relatório pede que os países considerem tomar medidas como investimento no ambiente propício para despertar o potencial das oportunidades de aprendizado digital para todos os estudantes.
O papel dos pais, familiares e comunidades na educação da criança também devem ser reforçadas. Conjuntamente, professores devem ter apoio e acesso a oportunidade de desenvolvimento profissional de alto nível, e a parcela de verbas para a educação deve aumentar.