Serviço aéreo humanitário da ONU transporta pessoas e assistência médica na Síria
07 janeiro 2022
Com o passar dos anos da crise na Síria, as estradas que ligam a capital, Damasco, ao norte do país ficaram perigosas e o céu se transformou no meio mais viável para o transporte de trabalhadores humanitários.
Desde 2020, o Serviço Aéreo Humanitário das Nações Unidas reduziu o tempo da viagem de carro de 16 horas para um voo de uma hora.
O Serviço é usado por agências da ONU e outras 39 organizações humanitárias para transportar pessoas e assistência médica, incluindo vacinas contra COVID-19.
![Rasha trabalha no Serviço Aéreo Humanitário das Nações Unidas do Programa Mundial de Alimentos (WFP)](/sites/default/files/styles/large/public/2022-01/Rasha%20servi%C3%A7o%20a%C3%A9reo%20humanit%C3%A1rio.jpg?h=4cf895d5&itok=pv9h4F0_)
Trabalhar no Serviço Aéreo Humanitário das Nações Unidas é ter uma nova aventura a cada dia. A avaliação é de Rasha, integrante da equipe que ajuda no check-in, embarque e voo entre a capital da Síria, Damasco, e Qamishli, no norte do país.
Rasha conta que sente o coração palpitar de emoção toda vez que o avião decola: “Nunca é tedioso estar aqui”.
Tal mãe, tal filha - No início de 2021, Rasha se juntou ao time do Serviço Áereo do Programa Mundial de Alimentos (WFP) como assistente de aviação no aeroporto de Qamishli, no nordeste da Síria. Ela já havia trabalhado em aviação comercial por sete anos.
Essa paixão por aeroportos remonta os dias da infância da jovem. Ela lembra que a mãe trabalhou no mesmo aeroporto por 35 anos. “Eu me lembro claramente dela vestindo o uniforme prata com uma blusa branca e lenço de seda marrom bem amarrado ao redor do pescoço”, relata.
Mas o que fascinava Rasha era a dedicação da mãe. “Qamishli não é um aeroporto luxuoso e falta conforto e espaços para a alimentação, então, pode ser duro perder o voo e precisar passar a noite aqui. Minha mãe ajudava todo mundo incondicionalmente e da melhor forma que podia, e eu queria ser como ela um dia”.
Jornada rápida - Com o passar dos anos da crise na Síria, as linhas do conflito mudaram drasticamente, tornando perigosas as estradas que ligam Damasco aos estados de Qamishli e Aleppo.
O céu se tornou a maneira mais viável para os agentes da ONU e trabalhadores humanitários viajarem entre a capital e o norte do país.
Com a interrupção das linhas aéreas por conta da pandemia da COVID-19, foi implementado na Síria o Serviço Aéreo Humanitário da ONU, fazendo uma conexão vital entre trabalhadores e as pessoas que eles servem, tornando a difícil viagem de carro de 16 horas em um voo de apenas hora.
“Se não fosse pelo Serviço Aéreo da ONU, os trabalhadores humanitários teriam enfrentado muitos desafios para acessar as famílias em necessidade”, avalia Rasha.
Hoje, além da ONU, outras 39 organizações humanitárias usam o Serviço Aéreo na Síria. Mesmo com as medidas preventivas sendo rigidamente seguidas por conta da COVID-19, o Serviço Aéreo transporta cerca de 350 passageiros nos voos entre Damasco, Aleppo e Qamishli.
No ano passado, as necessidades humanitárias na Síria alcançaram níveis sem precedentes, tornando ainda mais importante o acesso rápido e seguro dos trabalhadores nas regiões mais carentes.
Centro humanitário - No início, Rasha ficou impressionada com o alto padrão aéreo, disciplina e pontualidade. Depois, ela encontrou um significado mais profundo para isto.
“Um dia, meus passageiros estavam todos a bordo de um voo para Damasco e nós estávamos quase fechando o portão quando um homem de outra organização humanitária entrou com a filha, que precisava de evacuação médica urgente para Damasco”, relata.
Quando Rasha contactou a gerência do Serviço Aéreo, foi aconselhada a adiar o voo até que o homem finalizasse a documentação necessária.
Ela conta: “O supervisor me disse: nossa existência é para servir a essas pessoas, então nossos portões nunca estarão fechados para elas. Foi neste momento que percebi a essência humanitária do meu trabalho e isso me comoveu profundamente”.
Unidos na entrega - Além de pessoas, o Serviço Aéreo da ONU também leva assistência médica. Em 2021, transportou equipamento médico fundamental, incluindo vacinas contra COVID-19 e assistência para mobilidade para pessoas com deficiência.
Rasha tem orgulho: “Foi graças ao Serviço Aéreo que o pessoal da ONU e seus familiares em Qamishli foram vacinados, já que as vacinas e profissionais de saúde especializados foram trazidos de Damasco”.
Com o começo do inverno, ela sabe que o trabalho será ainda mais desafiador nos próximos meses, mas reconhece o impacto de seu trabalho diário com a aproximação cada vez maior de colegas e familiares.