COVID-19 deve continuar a circular, mas fase aguda da pandemia pode acabar este ano
25 janeiro 2022
Para o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, o mundo precisa aceitar que o vírus vai continuar a circular “no futuro próximo”. No entanto, ele acredita que é possível acabar com a "fase aguda" da pandemia em 2022.
O chefe da agência de saúde da ONU alertou ainda que “é perigoso supor que a Ômicron será a última variante, ou que estamos no fim do jogo”. De acordo com a OMS, em média, 100 casos novos de COVID-19 foram relatados a cada três segundos na semana passada e alguém perdeu a vida para o coronavírus a cada 12 segundos.
“Aprender a viver com a COVID-19 não pode significar que damos passe livre a esse vírus. Não pode significar que aceitamos quase 50 mil mortes por semana, por uma doença evitável e tratável. Isso não pode significar que aceitamos um fardo inaceitável em nossos sistemas de saúde”, observou Tedros, ao pedir mais empenho dos países para conter a pandemia.
O mundo deve aceitar que a COVID-19 continuará conosco “no futuro próximo”, mesmo que seja possível encerrar a fase aguda da pandemia ainda este ano, disse nesta segunda-feira (24) o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus.
Durante coletiva de imprensa em Genebra, o chefe da agência de saúde da ONU observou que, em média, na semana passada, 100 casos foram relatados a cada três segundos e alguém perdeu a vida para o coronavírus a cada 12 segundos.
“É perigoso supor que a Ômicron será a última variante, ou que estamos no fim do jogo”, alertou Tedros.
De acordo com ele, exatamente dois anos e um dia desde que se declarou o vírus mortal como uma emergência de saúde pública de interesse internacional, as condições mundiais ainda são ideais para que surjam mais variantes.
Ameaças futuras - Em um apelo aos Estados-membros da OMS, Tedros disse que suas principais prioridades devem ser impedir que futuras ameaças à saúde se instalem e causem uma interrupção maciça nos sistemas de saúde, economias e sociedades em todo o mundo.
Para fazer isso, todos os Estados devem promover a saúde e o bem-estar, prevenindo doenças e abordando suas causas profundas. Tedros também recomendou um foco renovado na atenção primária à saúde para todos.
Ao lidar especificamente com o coronavírus, o diretor da OMS pediu um melhor gerenciamento de doenças respiratórias agudas, por meio de uma plataforma internacional “sustentada e integrada” para coordenar a preparação contra futuras pandemias.
Mortes subnotificadas - Após dois anos de pandemia, com quase 350 milhões de casos relatados e mais de 5,5 milhões de mortes – números conhecidos por serem “subestimados” – Tedros insistiu que muitas outras medidas precisam ser implementadas para proteger os mais vulneráveis.
“Aprender a viver com a COVID-19 não pode significar que damos passe livre a esse vírus”, observou. “Não pode significar que aceitamos quase 50 mil mortes por semana, por uma doença evitável e tratável. Isso não pode significar que aceitamos um fardo inaceitável em nossos sistemas de saúde, quando todos os dias, profissionais de saúde exaustos vão mais uma vez para a linha de frente”.
Repetindo seu apelo para que todos os países vacinem 70% de suas populações para ajudar a acabar com a fase aguda da pandemia, o diretor-geral da OMS disse que 86 estados em todas as regiões não conseguiram atingir a meta do ano passado de vacinar 40 % de suas populações.
Desigualdade na vacinação - Mais de 30 países - principalmente na África e no Mediterrâneo Oriental - não vacinaram nem 10% de suas populações e 85% das pessoas na África ainda não receberam uma única dose da vacina.
Embora as vacinas continuem sendo uma parte fundamental da estratégia de saída da COVID-19, Tedros enfatizou novamente a importância do acesso equitativo a diagnósticos, oxigênio e antivirais. Segundo ele, também eram necessários testes e sequenciamento muito melhores, para rastrear o vírus de perto e monitorar o surgimento de novas variantes.
Em uma nota positiva, Tedros insistiu que o progresso estava sendo feito para combater as disparidades de tratamento de longa duração, graças à iniciativa COVAX, em parceria com a ONU, que entregou sua bilionésima dose apenas uma semana atrás, e que também enviou mais vacinas no últimas 10 semanas “do que nos 10 meses anteriores combinados”.
Desinformação - Também na sede da OMS na segunda-feira, os principais funcionários da agência alertaram sobre os desafios contínuos apresentados às campanhas nacionais de vacinação como resultado direto de desinformação intencional sobre vacinas e tratamentos da COVID-19.
“Acho que precisamos que reconhecer que este não é um problema que pode ser resolvido imediatamente. Acho que há uma grande preocupação de que a desinformação e o enfraquecimento de evidências, dados e ciência possam acabar tendo um impacto ainda maior em alguns dos outros programas preventivos essenciais”, disse a diretora de imunização da OMS, Kate O'Brien.
Para combater informações falsas, a OMS incentiva os líderes comunitários e religiosos a apresentar uma visão precisa e baseada na ciência da pandemia e seus riscos.
A agência de saúde da ONU também trabalha com grandes plataformas de mídia social para emitir avisos sobre postagens que não são factuais, com base em políticas que foram desenvolvidas para combater rumores infundados.
“Este é um grande problema com o qual estamos lidando, não apenas com vacinas, mas durante toda essa pandemia”, disse a líder técnica da OMS para COVID-19, Maria van Kerkhove. “A desinformação mata e viaja mais rápido que os vírus. Realmente precisamos que as pessoas passem boas informações umas às outras.”