Criação de dois Estados permanece única saída para conflito Israel-Palestina, insiste Guterres
09 fevereiro 2022
O secretário-geral da ONU saudou o recente envolvimento entre altos funcionários israelenses e palestinos em busca da paz como "encorajador", durante a abertura da primeira sessão do ano do Comitê sobre o Exercício dos Direitos Inalienáveis do Povo Palestino.
António Guterres voltou a destacar que não há solução para o conflito entre Palestina e Israel senão a coexistência de dois Estados, com Jerusalém como a capital compartilhada de ambos. "Não há plano B", disse ele.
O chefe da ONU lamentou a deterioração administrativa da Autoridade Palestina, a situação econômica do país, bem como as ocupações e operações militares de Israel no Território Palestino Ocupado. Ele também alertou sobre a situação de risco financeiro que se encontra a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Oriente Próximo (UNRWA).
Durante a primeira sessão de 2022 do Comitê sobre o Exercício dos Direitos Inalienáveis do Povo Palestino, na terça-feira (08) em Nova Iorque, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, disse que o recente envolvimento entre altos funcionários israelenses e palestinos em busca da paz é encorajador. Argumentando que “abordagens fragmentadas” para a questão da Palestina apenas garantiriam que “questões subjacentes que perpetuam o conflito permaneçam sem solução”, o chefe da ONU exortou ambos os lados a “expandir esses contatos”.
“As medidas unilaterais e as ações ilegais que impulsionam o conflito devem cessar. A incitação à violência não levará a lugar nenhum e deve ser rejeitada por todos ”, disse Guterres na sessão de abertura do Comitê.
Desafio significativo - Para o secretário-geral a situação continua a ser um desafio significativo para a paz e a segurança internacionais.
“As condições políticas, econômicas e de segurança em todo o Território Palestino Ocupado estão se deteriorando à medida que os palestinos experimentam altos níveis de desapropriação, violência e insegurança”, lamentou.
A autoridade máxima da ONU instou a comunidade internacional a intensificar “urgentemente” os esforços para resolver o conflito e encerrar a ocupação de acordo com as resoluções da ONU, o direito internacional e acordos bilaterais.
Além disso, reiterou o objetivo de coexistência entre dois Estados de “viverem lado a lado em paz, dentro de fronteiras seguras e reconhecidas”, com base nas linhas pré-1967, com Jerusalém como a capital compartilhada de ambos os Estados. “Não existe plano B”, destacou.
Preocupações - Guterres continua preocupado com a violência em todo o território, inclusive com os colonos e durante as operações militares, que levaram a inúmeras mortes. Ele encorajou todas as partes a conter as hostilidades e apoiar o desenvolvimento econômico em Gaza.
Citando a continuidade de assentamentos ilegais, demolições e despejos, o secretário-geral disse que a situação está alimentando desesperança, animosidade e diminuindo as perspectivas de uma solução negociada. “Toda atividade de assentamento é ilegal. Tem que parar”, insistiu.
Situação terrível - Enquanto a comunidade internacional trabalha para reviver o processo político, Guterres enfatizou a necessidade de melhorar a situação econômica e humanitária na Palestina. Ele destacou o apoio ao Apelo Humanitário Rápido da ONU, aos esforços de reconstrução em andamento em Gaza e à resposta à COVID-19.
No entanto, apesar desses esforços, ele permanece preocupado com a situação fiscal “terrível” enfrentada pela Autoridade Palestina, que está minando sua estabilidade institucional, bem como sua capacidade de fornecer serviços ao seu povo.
Ao mesmo tempo, a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Oriente Próximo (UNRWA) também está passando por uma crise financeira que ameaça sua existência, lamentou o alto funcionário da ONU.
Enquanto saudava as recentes decisões israelenses de aumentar o movimento de mercadorias e pessoas dentro e fora da Faixa de Gaza, Guterres pediu o levantamento total dos fechamentos e bloqueios, obedecendo a Resolução 1860 do Conselho de Segurança.
“O tempo está acabando”, concluiu o secretário-geral, indicando que é necessário agir agora para reverter a situação.