Ataque da Rússia abriu “capítulo perigoso na história mundial”, afirma Bachelet
04 março 2022
O Conselho de Direitos Humanos das Nações conduziu nesta quinta-feira (3) uma reunião extraordinária sobre a situação na Ucrânia.
Durante a sessão de emergência, a alta comissária da ONU, Michelle Bachelet, clamou por acesso seguro para assistência humanitária e pediu proteção completa dos civis e dos soldados capturados.
Bachelet também lamentou os números devastadores do conflito: pelo menos 249 civis foram mortos em uma semana de ofensiva russa, mais de 1 milhão de ucranianos fugiram para nações vizinhas e 1 milhão estão deslocados dentro do próprio país.
O Conselho de Direitos Humanos realizou nesta quinta-feira (3), em Genebra, uma sessão emergencial sobre a ofensiva da Rússia à Ucrânia. A alta comissária da ONU, Michelle Bachelet, declarou que “o ataque militar da Rússia abriu um novo e perigoso capítulo na história” e citou o secretário-geral, António Guterres, que afirmou se tratar “da ameaça mais séria à paz global e da crise de segurança mais séria dos últimos anos”.
Centenas de civis mortos - Bachelet contou que o ataque, que começou em 24 de fevereiro, está causando “um impacto enorme nos direitos humanos de milhões de pessoas pela Ucrânia”. A alta comissária destacou que “o aumento das ameaças sobre armas nucleares salienta a gravidade dos riscos para toda a humanidade”.
Ela mencionou uma série de operações militares que estão acontecendo na capital Kyiv e em outras cidades ucranianas. Até a noite de quarta-feira (2), o Escritório da Alta Comissária para os Direitos Humanos tinha registrado e confirmado as mortes de 249 civis, incluindo 15 crianças.
Mais de 550 pessoas ficaram feridas. O conflito está ocorrendo com artilharia pesada, foguetes e ataques aéreos em áreas residenciais. Bachelet pediu o fim imediato do uso da força, por haver inclusive danos a hospitais, escolas e jardins de infância.
2 milhões de pessoas fugiram de suas casas - Segundo a ONU, 2 milhões de ucranianos já fugiram de suas casas: 1 milhão estão deslocados dentro do país, enquanto outro milhão pediu refúgio em nações vizinhas, especialmente Polônia. Muitos estão chegando a pé ou de bicicleta em temperaturas abaixo de zero.
A Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) calcula que 4 milhões de pessoas poderão deixar a Ucrânia nas próximas semanas.
A alta comissária da ONU para os Direitos Humanos também informou que está monitorando os relatos de discriminação contra africanos e asiáticos que tentam sair da Ucrânia. Michelle Bachelet lembrou também que 10 milhões de civis continuam no país correndo risco de morte.
Apelo por acesso humanitário - No Conselho de Direitos Humanos, ela fez um apelo por “total acesso da entrega de assistência humanitária” e pediu “proteção completa dos civis e dos soldados capturados, como exige a lei internacional humanitária”.
Investigação no Tribunal Penal Internacional (TPI) - Bachelet lembrou que na segunda-feira (28), o Tribunal Penal Internacional (TPI), começará a discutir medidas ligadas ao conflito, sendo que o promotor do TPI já começou o processo para uma investigação sobre a ofensiva russa.