Dia Mundial da Língua Portuguesa destaca crescimento do idioma

As Nações Unidas estimam que até o fim deste século haverá 500 milhões de falantes da língua portuguesa. O número pode mudar, uma vez que 280 milhões de pessoas já se comunicam através do idioma em quatro continentes, sendo este o idioma mais falado no hemisfério sul.  Neste dia 5 de maio celebra-se o Dia Mundial da Língua Portuguesa. Em 2022, o lema da comemoração é “Cultura, Língua, Economia, Ciência e Inovação para o Desenvolvimento Sustentável”. 

Uma série de eventos estão sendo realizados para celebrar a data. Nova Iorque é sede de um evento virtual, com o apoio da ONU News, onde discursa a subsecretária-geral das Nações Unidas para Comunicação Global, Melissa Fleming. 

Em Paris, acontece uma série de homenagens ao centenário de escritores lusófonos, entre eles o angolano Agostinho Neto, o novelista brasileiro Lima Barreto, o moçambicano José Caveirinha e o português José Saramago.  O evento é encabeçado pela Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), agência que criou a data, em 2019, como forma de reconhecer o papel e a contribuição do idioma para a preservação e disseminação da civilização e da cultura humana.  

A editora-chefe da ONU News, Monica Grayley e o jornalista Eleutério Guevane, da Unidade de Língua Portuguesa da ONU News, também participam de uma live com o Sesc em São Paulo, nesta quinta-feira, sobre o papel da língua portuguesa como canal de notícias nas Nações Unidas. 

A ONU News também conversou com falantes e responsáveis pela promoção do idioma em vários países, para saber qual é a relevância e influência dessa língua. Representando Angola, país que ocupa a presidência rotativa da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), a embaixadora do país, Maria de Jesus Ferreira, disse que o português tem sempre espaço destacado.  “Independentemente de acordos e aquilo que tenha sido decidido pelos governos, os povos desta comunidade sempre se comunicam e continuam a comunicar-se usando este veículo: a língua portuguesa.” 

De Moçambique, a artista Assa Matusse, que abrirá as comemorações em Paris, disse que aprendeu a falar através de música. “O primeiro português que eu falei foi através de uma música. O poder de cantar em português quando mais nova, com cinco anos e tudo mais, é uma forma de mostrar o poder das artes na transformação e na educação.” 

O secretário executivo da CPLP, Zacarias da Costa, disse que a data ressalta a reafirmação e valorização internacional do português. “A língua portuguesa é a matriz identitária. Um meio através do qual os nossos países constroem em conjunto um espaço político, social, cultural e econômico em nome do bem-estar comum. É através do nosso idioma que os Estados-membros (CPLP) promovem entre si a amizade, a concertação político-diplomática e a cooperação em todos os domínios”. 

Já João Ribeiro de Almeida,  presidente do Instituto Camões, entidade que trabalha pela cooperação e promoção da língua, festeja o retorno da celebração após dois anos de pandemia.  Para ele, a língua materna é um ativo global. “Muitas vezes os próprios falantes da língua portuguesa não têm noção do quanto a língua portuguesa é importante como ativo global e como força que tem no mundo, levando em conta que é falada em cinco continentes.” 

O secretário de Estado para os Negócios Estrangeiros e Cooperação de Portugal, Francisco André, vê na data uma oportunidade para refletir sobre os laços, história e cultura compartilhados através do idioma. “Nós não podemos esquecer que o português é a língua que José Saramago escreveu, Chico Buarque, Cesária Évora e Matias Damásio cantam. A língua em que continua a escrever Mia Couto. É uma língua muito importante em termos culturais e de desenvolvimento. Não podemos esquecer que o português é a quinta língua mais falada do mundo.”  

Para Isa Grinspum, curadora do Museu de Língua Portuguesa, em São Paulo ressalta a importância da preservação do idioma para as gerações futuras "para pensar sobre a língua portuguesa. Sobre a riqueza da língua portuguesa. Sobre a sua história. Sobre essa diversidade enorme. Porque o português é uno. É um. Mas são muitos também”.