Cerimônia na sede da ONU homenageia sacrifício dos capacetes-azuis

Os homens e mulheres que atuam nos lugares mais perigosos do mundo como membros das forças de paz receberam uma homenagem das Nações Unidas. Nesta semana foi realizada uma cerimônia em Nova York para marcar o Dia Internacional dos Trabalhadores das Forças de Paz da ONU, também conhecidos como capacetes-azuis ou peacekeepers, em inglês. 

Na quinta-feira (26), o secretário-geral, António Guterres, iniciou a cerimônia de homenagem colocando uma coroa de flores no Memorial dos Trabalhadores das Forças de Paz, na sede da Organização. O ato foi uma forma de lembrar dos mais de 4,2 mil capacetes-azuis que sacrificaram suas vidas nas últimas sete décadas. Ele também homenageou os 117 pacificadores que morreram no ano passado. 

“Nossos colegas que caíram vieram de 42 países diferentes e de origens diversas. Mas estavam unidos por uma causa comum: a paz ”, disse o secretário. “Estendo minhas mais profundas condolências às suas famílias. Ficarão para sempre em nossos corações”.  

O Dia Internacional dos Peacekeepers das Nações Unidas é celebrado anualmente em 29 de maio como forma de exaltar a contribuição das equipes civis e uniformizadas que servem nas operações de campo. 

Mensagem - Em seu comunicado oficial sobre a data, o secretário-geral disse estar orgulhoso do trabalho das forças de paz da ONU, que estão diante de “grandes e crescentes desafios”, como o aumento das tensões políticas, a deterioração das situações de segurança, as ameaças de ataques terroristas e a violência alimentada pelo aumento da desinformação.

“Eles trabalham incansavelmente nas condições mais difíceis”, disse Guterres. “No terreno, eles se adaptam a situações que evoluem rapidamente. E eles inovam constantemente para proteger os mais vulneráveis, ao mesmo tempo em que representam nossa comunidade global diversificada. Eles promovem a maior missão de todas: a paz.” 

No entanto, ele observou que, tragicamente, às vezes os trabalhadores da paz não voltam para casa. Foi o caso do capitão Abdelrazakh Hamit Bahar, do Chade, que morreu no ano passado, aos 34 anos, em um ataque de terroristas armados no nordeste do Mali.

Esta semana o capitão Abdelrazakh recebeu o maior prêmio das Forças de Paz da ONU. Foi entregue a sua família a Medalha de Coragem Excepcional Capitão Mbaye Diagne, nomeada em homenagem a um pacificador senegalês que salvou centenas de vidas enquanto servia na ONU em Ruanda em 1994, antes de ser morto em ação. “Por favor, saiba que seu amado filho e irmão sempre será lembrado. Ele é uma inspiração para a família da ONU, para o Chade e todo o mundo”, disse Guterres ao entregar o prêmio.

Gratidão - O secretário–geral também expressou gratidão ao Governo do Chade por sua contribuição à Missão da ONU no Mali, conhecida pela sigla francesa MINUSMA. O país pagou um grande preço, disse ele, observando que 74 de seus pacificadores deram suas vidas ao longo dos anos. 

O chefe da ONU também condecorou o tenente-coronel Chahata Ali Mahamat– que ficou ombro a ombro com o capitão Abdelrazakh e ajudou a socorrer 16 colegas feridos–,  o sargento Cristofer Jose Citan Ramos, da Guatemala servindo a Missão da ONU na República Democrática do Congo (MONUSCO), e o capitão Mohammad Mahatab Uddin, de Bangladesh, servindo na Missão da ONU no Sudão do Sul (UNMISS). 

Defensora de gênero - A major Winnet Zharare, do Zimbábue, recebeu o Prêmio de Defensora Militar da Igualdade de Gênero 2021. 

A ex-observadora militar, que completou sua missão na UNMISS, foi uma forte defensora da igualdade de gênero e do reconhecimento das mulheres como decisoras e líderes. “No Sudão do Sul, seu desempenho e habilidades diplomáticas rapidamente a levaram a conquistar a confiança dos comandantes militares locais, que procuraram seus conselhos sobre os direitos e a proteção das mulheres. Sua abordagem ajudou a UNMISS a fortalecer os laços com as comunidades locais e cumprir seu mandato”, contou o secretário-geral.

Guterres aproveitou a oportunidade para destacar como as mulheres mantenedoras da paz fazem uma diferença profunda. Eles não apenas ajudam a ONU a fazer seu trabalho de forma mais inclusiva e eficaz, mas também salvam e mudam vidas. 

“É por isso que estamos constantemente nos esforçando para aumentar o número de mulheres em operações de paz – sejam militares, policiais ou civis – e alcançar a paridade de gênero em todos os lugares”, disse o chefe da ONU.