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Abrigo na fronteira com a Venezuela acolheu 14,5 mil pessoas em 7 meses

02 junho 2022

O abrigamento temporário Anexo BV-8, criado emergencialmente pela Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) na cidade de Pacaraima, Roraima, atendeu mais de 14,5 mil pessoas em cerca de sete meses de funcionamento.

A partir deste mês, o local passa a ser gerido pela Agência da ONU para as Migrações (OIM), que deve manter o serviço de abrigo para aqueles que acessam o território brasileiro em busca de proteção e integração.

Com prioridade para mulheres, crianças e pessoas idosas, o anexo oferece colchões, alimentação e produtos de higiene às pessoas refugiadas e migrantes. 

 

Além de abrigo, pessoas recebem colchões, alimentação e produtos de higiene no Anexo BV-8 .
Legenda: Além de abrigo, pessoas recebem colchões, alimentação e produtos de higiene no Anexo BV-8.
Foto: © Camila Ignacio Geraldo/ACNUR

Mais de 14,5 mil pessoas refugiadas e migrantes passaram pelo abrigamento temporário Anexo BV-8 desde sua inauguração, em outubro de 2021. O abrigamento fica localizado em Pacaraima, na fronteira entre o estado de Roraima e a Venezuela. Responsável pela criação do espaço, a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) passou a gerência do local para a Agência da ONU para as Migrações (OIM) na última quarta-feira (1).

Com capacidade para até 550 pessoas por pernoite, com prioridade para mulheres, crianças e pessoas idosas, o Anexo BV-8 continuará oferecendo abrigo para aqueles que acessam o território brasileiro em busca de proteção e integração. No local, que inicia suas atividades diariamente às 16h, essas pessoas recebem colchões, alimentação e produtos de higiene.

“O anexo é um espaço digno para que pessoas com acentuada vulnerabilidade possam ficar temporariamente. Em um momento de grande fluxo em Pacaraima, ele foi um local que trouxe segurança para a população local, pessoas refugiadas e migrantes”, declarou o chefe da unidade do ACNUR na cidade de fronteira, Oyuki Ang. “As pessoas estavam na fronteira aguardando a documentação para entrar no Brasil. O ACNUR montou uma estratégia de abrigamento priorizando pessoas vulneráveis durante essa espera para reduzir o número de refugiados e migrantes em situação de rua.”

Durante sua gestão, o ACNUR analisou as vulnerabilidades de quem acessava o espaço e pode encaminhar a serviços públicos casos de problemas de saúde ou de violências. No local, as pessoas também receberam kits de higiene pessoal, jantar fornecido pela organização ADRA Brasil ou pela Força Tarefa da Operação Acolhida e colchões para passar a noite dentro do anexo. 

O ACNUR também possui programas e projetos para apoio em documentação, proteção, integração econômica e lidera o processo de interiorização institucional para outros estados brasileiros. “Nossa resposta vai desde a chegada na fronteira, com o apoio emergencial às pessoas refugiadas e migrantes que mais precisam, com o intuito de garantir o acesso à direitos, passando pela oferta de cursos e capacitações nos abrigos, até o apoio em outro estado para a integração total”, explica o chefe do ACNUR em Pacaraima.

Origem - A partir do final de 2021, quem chegava ao município de Pacaraima se deparava com uma cena desoladora: centenas de pessoas aguardando regularização migratória, sem um local para pernoitar e, consequentemente, ocupando as calçadas e locais públicos da pequena cidade fronteiriça. Tal situação, vista após a flexibilização das regras que impediam a entrada de pessoas em extrema vulnerabilidade no Brasil, recebeu atuação e resposta rápida da Operação Acolhida do Governo Federal, ACNUR e sociedade civil.

Para garantir a proteção das pessoas refugiadas e migrantes que solicitavam a ajuda humanitária no país, houve esforços de abertura de vagas em abrigos pelo ACNUR, aceleração dos processos de documentação pela Polícia Federal, aumento dos números de interiorização e grande atuação na fronteira. Mas foi o Anexo BV-8, criado  com apoio da União Europeia, que, emergencialmente, ofereceu os serviços essenciais e fez com que o número de pessoas refugiadas e migrantes dormindo nas ruas de Pacaraima reduzisse em poucos meses.

“O Anexo BV-8 é muito importante para que eu tenha onde dormir, fora das ruas, enquanto aguardo a reunificação com meus filhos no Paraná”, diz Amado Hernández, de 65 anos. “Nesse local eu me sinto seguro e me tratam muito bem. Acesso a bons banheiros, tenho refeições no jantar e no café da manhã. Há cerca de um mês, desde que cheguei em Pacaraima, estou me alojando aqui até conseguir seguir o caminho da interiorização.”

Camila Ignacio Geraldo/ACNUR
Legenda: Com 65 anos, Amado Hernández veio ao Brasil para reencontrar os filhos, que saíram da Venezuela em busca de segurança.
Foto: © Camila Ignacio Geraldo/ACNUR

Trabalho conjunto - No estado de Roraima, o ACNUR, ao lado de Operação Acolhida, resposta do governo brasileiro ao fluxo de pessoas refugiadas e migrantes da Venezuela que acessam o Brasil, oferece quase 10 mil vagas para abrigamento em Boa Vista e Pacaraima. 

“A parceria é fundamental para a resposta humanitária na fronteira. O próprio anexo existe devido ao apoio da Força Tarefa Logística-Humanitária que, em menos de duas semanas, montou o espaço. Agora, nossos colegas da OIM realizarão a continuidade de seu funcionamento”, diz o chefe da unidade do ACNUR em Pacaraima.

 Atualmente, em torno de sete mil pessoas estão acolhidas nesses espaços. O Abrigo BV-8 possui quase duas mil vagas, sendo metade para abrigamento diurno e noturno, e as demais também para pernoite. Neste momento, o BV-8 está com vagas disponíveis para atender ambos os serviços.

Entidades da ONU envolvidas nesta atividade

OIM
Organização Internacional para as Migrações
ACNUR
Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados

Objetivos que apoiamos através desta iniciativa