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“A África que Queremos”: ONU debate desenvolvimento do continente

21 julho 2022

As Nações Unidas promoveram, na última quarta-feira (20) uma reunião de alto nível na sede da organização, em Nova Iorque, para debater o desenvolvimento do continente africano frente aos novos desafios globais impostos pela crise no valor dos alimentos e combustíveis, mudanças climáticas, além dos impactos da pandemia de COVID-19. 

Chamada de "A África que Queremos”, a reunião também destacou algumas oportunidades que o continente terá nos próximos anos para cumprir não apenas os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável até 2030, como também a Agenda 2063 da União Africana.

Entre as oportunidades destacadas estão a solidificação da Área de Livre Comércio Continental Africana, com um PIB combinado de US$ 3,4 trilhões, e a realização da próxima conferência climática no Egito, a COP27.

A produção de nozes de karité e manteiga estão entre as atividades geradoras de renda mais acessíveis para as mulheres rurais no norte de Gana.
Legenda: A produção de nozes de karité e manteiga estão entre as atividades geradoras de renda mais acessíveis para as mulheres rurais no norte de Gana.
Foto: © Luis Tato/FAO

O desenvolvimento do continente africano e o avanço dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) na região, bem como o cumprimento da Agenda 2063 da União Africana (UA), foram tópicos de uma reunião de alto nível na sede das Nações Unidas, em Nova Iorque, na última quarta-feira (20). O encontro chamado de “A África que Queremos” reuniu representantes de nações africanas e do sistema ONU, além de líderes locais e outras importantes vozes de ativismo. 

O presidente da Assembleia Geral da ONU, Abdulla Shahid, coordenou o encontro e lembrou que apesar da África ser “rica em recursos humanos e naturais e enorme potencial econômico e social inexplorado”, o continente ainda enfrenta enormes desafios. “A África hoje é uma região que adotou e perseguiu uma agenda transformacional em direção ao desenvolvimento sustentável e está traçando um caminho para a prosperidade, unidade, paz e integração”, disse o alto funcionário da ONU. “Estamos avançando na direção certa, mas ainda precisamos de fazer mais”.

Levando em consideração a Agenda 2063, a África cumpriu apenas 51% das metas estipuladas para 2021, de acordo com um relatório divulgado em fevereiro. As mudanças climáticas, a pandemia de COVID-19 e mais recentemente o aumento dos preços de combustíveis, alimentos e da desigualdade social estão ampliando as vulnerabilidades do continente. 

Descrevendo o desenvolvimento sustentável da África como uma “prioridade” para a ONU e a comunidade internacional, o presidente da Assembleia Geral incentivou que todos se comprometam novamente com o desenvolvimento sustentável no continente, levando em consideração os novos desafios impostos por um mundo em constante mudança. “Com determinação, compromisso contínuo, perseverança e apoio da comunidade internacional e do sistema das Nações Unidas, ‘A África que Queremos’ pode tornar-se uma realidade”, concluiu.

Oportunidades - Falando em nome do secretário-geral, sua adjunta, Amina Mohammed, confirmou que a ONU compartilha a visão da União Africana de que o continente deve ser moldado por sua própria narrativa, informado por seus próprios cidadãos, tornando-se uma força dinâmica no cenário mundial. Para chegar lá, no entanto, a alta funcionária defendeu que mentalidades devem mudar e a tripla crise mundial deve ser transformada em uma oportunidade. 

O presidente do Conselho Econômico e Social (ECOSOC) e co-organizador da sessão, Collen Kelapile, também ressaltou as oportunidades que podem ser agarradas pelo continente, colocando a aceleração da industrialização e a diversificação como elementos chave para mudar o rumo da África. “Há uma oportunidade sem precedentes para a África enfrentar esses desafios, acelerar sua industrialização e diversificação econômica e integrar-se ainda mais as cadeias de suprimentos globais por meio de maior agregação de valor na fonte”, explicou o chefe do ECOSOC.   

Segundo explicou Kelapile, a Área de Livre Comércio Continental Africana prevê um mercado de 1,3 bilhão de pessoas, com PIB combinado de US$ 3,4 trilhões, o que tornaria a África um importante parceiro econômico global. Ainda de acordo com o presidente do Ecosoc, as estimativas mais recentes do Banco Mundial e do Secretariado da Área de Livre Comércio são de que, quando totalmente implementado, o bloco poderá aumentar o rendimento real do continente em 9% até 2035 e retirar mais 50 milhões de pessoas da pobreza extrema.

Mudanças climáticas - Ele também destacou que, embora a África tenha contribuído apenas com cerca de 3,8% para as emissões globais de carbono, o continente é extremamente vulnerável ao aquecimento global e as manifestações extremas do clima como ondas de calor, secas, perdas de safra e fome. 

No entanto, o presidente do ECOSOC acredita que a próxima conferência climática da ONU, COP27, marcada para acontecer em novembro no Egito é “uma oportunidade crítica para resolver esse desequilíbrio”. Na visão de Kelapile, uma conferência no continente gerará oportunidades para investir em energia renovável, agricultura sustentável, transporte eficiente de baixo carbono, transformações digitais e culturas resistentes ao clima para quebrar a dependência da África das importações de alimentos.

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