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Varíola dos macacos: OMS pede mais dados sobre vacina contra monkeypox 

28 julho 2022

O surto de varíola dos macacos, causado pelo vírus monkeypox, precisará ser detido com a intensificação de vigilância, diagnóstico e redução de riscos, afirmou o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Tedros Adhanom Ghebreyesus observou que há desafios tanto em relação à disponibilidade de vacinas contra a doença quanto em relação aos dados sobre os imunizantes. A vacinação em massa ainda não é recomendada.

Ele explicou que ainda não se sabe muito sobre os imunizantes contra a doença e pediu que os países coletem e compartilhem dados sobre a eficácia das vacinas.

 

Médico analisa imagem de lesão de varíola dos macacos (monkeypox) em uma clínica em Lisboa, Portugal
Legenda: Médico analisa imagem de lesão de varíola dos macacos (monkeypox) em uma clínica em Lisboa, Portugal
Foto: © Khaled Mostafa/OMS

Com o mundo ultrapassando 18 mil casos de varíola dos macacos (monkeypox) espalhados em 78 países, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendou na quarta-feira (27) a vacinação direcionada para pessoas expostas a indivíduos infectados e àqueles com alto risco de exposição, incluindo profissionais de saúde, trabalhadores de laboratório e pessoas com múltiplos parceiros sexuais.

“Neste momento, não recomendamos a vacinação em massa contra a varíola dos macacos”, destacou o diretor-geral da agência, Tedros Adhanom Ghebreyesus.

Tedros informou que uma vacina chamada MVA-BN foi aprovada no Canadá, na União Europeia e nos Estados Unidos, enquanto outras duas vacinas, LC16 e ACAM2000, estão sendo consideradas.

“No entanto, ainda não temos dados sobre a eficácia das vacinas para varíola dos macacos ou quantas doses podem ser necessárias. É por isso que pedimos a todos os países que estão usando vacinas que coletem e compartilhem dados críticos sobre sua eficácia”, pediu.

O dirigente acrescentou que a OMS está desenvolvendo uma estrutura de pesquisa na qual os países poderão compartilhar os dados necessários para entender melhor a eficácia dessas vacinas na prevenção de infecções e doenças e como usá-las de maneira mais eficaz.

Tedros enfatizou que a vacinação não dá proteção imediata contra a infecção e a doença, demorando algumas semanas para fazer efeito.

“Isso significa que os vacinados devem continuar tomando medidas para se proteger, evitando contato próximo, incluindo sexo, com outras pessoas que tenham ou estejam em risco de ter varíola dos macacos.”

Estoque limitado - O diretor-geral da OMS explicou que atualmente existem desafios em relação à disponibilidade de vacinas. Embora globalmente existam cerca de 16 milhões de doses da vacina MVA-BN, a maioria está em formato granel, o que significa que levará vários meses para organizá-las em frascos prontos para uso.

Enquanto vários países com casos de varíola dos macacos já garantiram suprimentos da vacina, a OMS está em contato com outros para entender suas necessidades de suprimentos.

“A OMS insta os países com vacinas contra a varíola a compartilhá-las com os países que não têm. Devemos garantir o acesso equitativo às vacinas para todos os indivíduos e comunidades afetados pela varíola dos macacos, em todos os países, em todas as regiões”, destacou Tedros, acrescentando que, embora as vacinas sejam uma ferramenta importante, a vigilância, o diagnóstico e a redução de risco permanecem centrais para prevenir a transmissão e parar o surto.

Redução de risco - Atualmente, mais de 70% dos casos relatados da doença estão na União Europeia e 25% nas Américas. Cinco mortes foram relatadas e cerca de 10% de todos os pacientes foram internados em hospitais para controlar a dor.

O especialista ressaltou que o surto pode ser interrompido se países, comunidades e indivíduos se informarem, levarem os riscos a sério e tomarem as medidas necessárias para interromper a transmissão e proteger os grupos vulneráveis. A melhor forma de fazer isso, ele disse, é reduzir o risco de exposição e primar pela segurança.

“Para homens que fazem sexo com homens, isso inclui, no momento, reduzir o número de parceiros sexuais, reconsiderar o sexo com novos parceiros e trocar detalhes de contato com todos os parceiros para permitir o acompanhamento, se necessário”, explicou.

Tedros disse que o foco de todos os países deve ser engajar e capacitar as comunidades de homens que fazem sexo com homens para reduzir o risco de infecção e transmissão, prestar assistência aos infectados e salvaguardar os direitos humanos e a dignidade.

“O estigma e a discriminação podem ser tão perigosos quanto qualquer vírus e podem alimentar o surto”, enfatizou, pedindo às plataformas de mídia social e empresas de tecnologia que ajudem a combater a desinformação.

Transmissão - Embora 98% dos casos até agora estejam entre homens que fazem sexo com homens, qualquer pessoa exposta pode pegar a varíola dos macacos. Crianças, mulheres grávidas e imunossuprimidos correm mais risco de ter a forma grave da doença.

“As crianças podem ter erupções cutâneas extensas e ficarem desidratadas. Se aparecerem caroços em seus pescoços, pode ser difícil de engolir e eles também podem sentir fortes dores na boca”, informou a líder técnica da OMS sobre a doença, Rosamund Lewis.

Além da transmissão por contato sexual, a varíola dos macacos pode ser transmitida em residências por meio de contato próximo entre pessoas, como abraços e beijos, e em toalhas ou roupas de cama contaminadas.

Conselheiro da OMS, Andy Seale esclareceu que, até agora, a doença não pode ser classificada como uma infecção sexualmente transmissível (IST), pois os cientistas não confirmaram que a troca de fluidos desempenha um papel na transmissão.

“Ela é transmitida por contato próximo com a pele, um pouco como herpes, então não podemos dizer que usar camisinha pode prevenir”, explicou.

Entidades da ONU envolvidas nesta atividade

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