“Guerra sem sentido”: Guterres pede paz no Conselho de Segurança
25 agosto 2022
Na quarta-feira (24), a invasão da Ucrânia por forças russas completou seis meses. Na data, líderes da ONU falaram ao Conselho de Segurança pedindo paz.
O secretário-geral, António Guterres, relatou o que viu no país em guerra na semana passada, durante uma visita para acompanhar o progresso da Iniciativa de Grãos do Mar Negro.
Outros representantes de agências como o Programa Mundial de Alimentos (WFP) e a Organização Mundial da Saúde (OMS) também alertaram para a deterioração das instalações e condições de trabalho humanitário no país.
Os dados do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH) apontam que já são mais de 13,5 mil vítimas civis: sendo pelo menos 5,6 mil mortos e 7,9 mil feridos.
Nesta quarta-feira (24), marco de seis meses da invasão russa na Ucrânia, o secretário-geral da ONU, António Guterres, falou ao Conselho de Segurança pedindo o fim da “guerra sem sentido”. O triste marco coincidiu com o 31º aniversário da independência da Ucrânia.
No período desde a invasão da Rússia em 24 de fevereiro, milhares de civis foram mortos ou feridos, as necessidades humanitárias dispararam e vários abusos e violações dos direitos humanos foram relatados. Milhões de pessoas em todo o mundo também continuam enfrentando os efeitos cascata da guerra que estão causando uma crise global de alimentos, fertilizantes e combustíveis.
Na semana passada, o líder das Nações Unidas esteve na Ucrânia e ofereceu ao Conselho de Segurança uma atualização sobre o desdobramento do acordo histórico que possibilitou o retorno da exportação de grãos ucranianos de volta aos mercados globais.
“Posso informar ao Conselho que a Iniciativa de Grãos do Mar Negro, assinada em Istambul em julho, está progredindo bem – com dezenas de navios entrando e saindo dos portos ucranianos, carregados até agora com mais de 720 mil toneladas métricas de grãos e outros produtos alimentícios”, disse ele aos embaixadores.
A Iniciativa – assinada pela Ucrânia, Rússia, Turquia e ONU – representa “uma demonstração poderosa do que pode ser alcançado, mesmo nos contextos mais devastadores, quando colocamos as pessoas em primeiro lugar”, acrescentou. “O outro lado desta moeda é o acesso livre aos mercados globais de alimentos e fertilizantes russos, que não estão sujeitos a sanções. É fundamental que todos os governos e o setor privado cooperem para trazê-los ao mercado.”
Ameaça nuclear - O chefe da ONU também destacou sua preocupação contínua com a situação dentro e ao redor da Usina Nuclear de Zaporizhzhia, que sofreu intenso bombardeio nas últimas semanas.
“As luzes de advertência estão piscando ”, disse ele. “Quaisquer ações que possam colocar em risco a integridade física, segurança ou proteção da usina nuclear são simplesmente inaceitáveis. Qualquer nova escalada da situação pode levar à autodestruição”.
Guterres saudou as manifestações de apoio à Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) para enviar uma missão para a usina, a maior instalação nuclear da Europa.
Enquanto isso, outros esforços estão em andamento para enviar uma missão de apuração de fatos recentemente estabelecida para Olenivka, onde mais de 50 prisioneiros de guerra ucranianos foram mortos em uma explosão em um centro de detenção no final de julho.
Inverno - Também esteve na reunião a subsecretária-geral para Assuntos Políticos, Rosimary DiCarlo. Na terça-feira (23), ela já havia falado ao Conselho sobre a ameaça nuclear na usina ucraniana.
Na sessão, ela destacou a questão humanitária, que vem se deteriorando com a continuação dos bombardeios em diversas cidades do país. A subsecretária-geral afirmou que 40% da população precisa de ajuda e que o acesso desimpedido deve ser garantido por todas as partes do conflito.
Outros representantes da ONU também falaram sobre as consequências da violência, tanto dentro quanto fora das fronteiras ucranianas.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta para os desafios da chegada do inverno. O diretor regional da OMS para Europa, Hans Kluge, condenou os ataques a instalações hospitalares, afirmando que é uma violação à lei humanitária internacional.
Já o Programa Mundial de Alimentos (WFP) destaca o agravamento da fome, tanto global quanto entre os ucranianos. A agência, com papel estratégico na Iniciativa de Grãos do Mar Negro, acredita que as embarcações que deixaram os portos do país nas últimas semanas podem ajudar a estabilizar o mercado internacional e aliviar a insegurança alimentar no mundo.
Vítimas - A chefe da Missão de Monitoramento dos Direitos Humanos da ONU na Ucrânia, Matilda Bogner, também ressaltou a questão humana. Segundo ela, o número de civis presos e desaparecidos, bem como os casos de tortura, entre outras violações aos direitos humanos e crimes de guerra, vem subindo desde o início do conflito.
Os dados do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH) apontam que já são mais de 13,5 mil vítimas civis: sendo pelo menos 5,6 mil mortos e 7,9 mil feridos.
Os dados são baseados em incidentes verificados e estima-se que a quantidade de vítimas pode ser consideravelmente maior.