ONU Mulheres e ABC realizam oficina sobre desigualdade de gênero

De que forma as desigualdades entre homens e mulheres no acesso a direitos sociais, econômicos, políticos afetam as vidas das mulheres? Como é possível agir para tornar prioridade a defesa dos direitos das mulheres na implementação de projetos de cooperação Sul-Sul, tornando-as agentes centrais nas estratégias de desenvolvimento? 

Essas foram algumas perguntas que nortearam a oficina “O lugar dos direitos das mulheres nas estratégias nacionais de desenvolvimento e na cooperação Sul-Sul”, realizada em 24 de agosto pela Agência Brasileira de Cooperação (ABC) em parceria com a ONU Mulheres, que reuniu cerca de vinte funcionárias e funcionários de diferentes áreas e níveis hierárquicos da ABC, em formato híbrido.

“Essa oficina é um espaço participativo e de debate para a construção coletiva do conhecimento. Esse é o segundo tema que estamos tratando dentro do programa, que busca entender melhor como podemos trabalhar a perspectiva de gênero de forma transversal nos projetos de cooperação da ABC”, ressaltou a analista de Cooperação Sul-Sul Trilateral com Organismos Internacionais da ABC e ponto focal para o Programa na ABC, Mônica Salmito.

Esta foi a segunda oficina realizada no âmbito do Programa de Parceria Brasil-ONU Mulheres, que tem como objetivo promover a igualdade entre homens e mulheres em iniciativas de cooperação Sul-Sul. A primeira, que teve como tema “Mulheres na liderança”, ocorreu em julho.

“A parceria também busca fortalecer as capacidades internas da ABC nos temas da igualdade entre homens e mulheres e da promoção do empoderamento de mulheres e meninas, tendo a cooperação Sul-Sul papel estratégico na efetivação da Agenda 2030 e em particular, o ODS 5”, completou a gerente da área de Empoderamento Econômico da ONU Mulheres, Vanessa Sampaio. “Quando pensamos no fortalecimento dos direitos das mulheres e meninas, podemos também pensar em ações transversais que alcancem outras atividades e outros temas dentro da cooperação, como os projetos ligados à redução da pobreza, por exemplo.”

Violação de direitos – Durante a oficina, os e as participantes foram convidadas a refletir sobre como os papéis historicamente relacionados a homens e mulheres foram construídos e de que forma eles levam à limitação da presença e da participação das mulheres em diferentes espaços.

A partir dessa reflexão, a oficina promoveu o debate sobre de que forma é possível incorporar medidas que promovam os direitos das mulheres desde o momento da concepção de iniciativas de cooperação entre países do Sul global, que oferecem oportunidades estratégicas para superar essas desigualdades. 

Entre as propostas a partir das reflexões, estão assegurar a presença e participação das mulheres na elaboração e na implementação das iniciativas, a garantia do espaço de fala para as mulheres e o compartilhamento de experiências bem-sucedidas nesses âmbitos entre as cooperações Sul-Sul em diferentes temas.

Parceria – Desde 2018, a Agência Brasileira de Cooperação (ABC) e a ONU Mulheres têm assinado um Programa de Parceria com o objetivo de integrar a perspectiva de igualdade entre homens e mulheres nos projetos de cooperação Sul-Sul liderados pelo Brasil. Dentro desse Programa, em 2018, as organizações cooperantes iniciaram um programa que busca, por meio da ação conjunta, dois resultados principais. 

O primeiro é que a ABC elabore, implemente e monitore planos e ferramentas para promoção dos direitos das mulheres em ações internas e para sua transversalização em projetos de cooperação Sul-Sul. O segundo é que o Brasil e países parceiros tenham capacidades institucionais e governamentais fortalecidas para implementação de normas e compromissos internacionais de direitos das mulheres.