COP 27: relatório lista 5 ações de apoio a vulneráveis à crise climática
10 outubro 2022
Ações ambiciosas são necessárias para evitar que ondas de calor extremas, intensificadas pela crise climática, tornem-se recorrentes. É o que destacou um novo relatório internacional divulgado nesta segunda-feira (10).
Primeiro relatório sobre o assunto publicado em conjunto pelo Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) e a Cruz Vermelha, o documento chega ao público às vésperas da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP27), que será realizada em novembro no Egito.
A publicação descreve cinco etapas principais para apoiar as pessoas mais vulneráveis às ondas de calor e ressalta que países mais pobres já estão experimentando aumentos desproporcionais no calor extremo, embora sejam historicamente as nações que menos emitem gases de efeito estufa.
Ações ambiciosas são necessárias para evitar a recorrência de ondas de calor extremas, que estão sendo intensificadas pela crise climática, destacou o novo relatório do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) e do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), divulgado nesta segunda-feira (10).
Os recordes de temperaturas altas neste ano – que estão alimentando catástrofes em países como Paquistão e Somália – prenunciam um futuro com emergências humanitárias mais mortíferas, mais frequentes e mais intensas relacionadas ao calor, alerta o documento.
Países mais pobres já estão experimentando aumentos desproporcionais no calor extremo. Embora sejam historicamente os que menos contribuem com emissões de gases de efeito estufa, essas nações verão um aumento significativo no número de pessoas em risco nas próximas décadas.
“À medida que a crise do clima não é controlada, eventos climáticos extremos, como ondas de calor e inundações, atingem com mais força as pessoas mais vulneráveis”, explica o coordenador de Assuntos Humanitários e Ajuda de Emergência da ONU, Martin Griffiths. “Em nenhum lugar o impacto é mais brutalmente sentido do que em países que já sofrem com a fome, com conflitos e com a pobreza”, acrescenta.
Mitigação - O relatório, intitulado “Extreme Heat: Preparing for the heatwaves of the future” (“Calor extremo: Preparando-se para as ondas de calor do futuro”, em tradução livre), chega ao público às vésperas da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP27), que será realizada em novembro, no Egito.
Primeiro relatório sobre o assunto publicado em conjunto pelo OCHA e a Cruz Vermelha, o documento oferece medidas concretas para mitigar os piores efeitos do calor extremo, que já é sentido em várias partes do mundo – somente neste ano, recordes de temperaturas foram registrados, por exemplo, no norte da África, Austrália, Europa, sul da Ásia, Oriente Médio, oeste dos Estados Unidos e na China.
As previsões da publicação, enquanto isso, apontam que nas próximas décadas a situação será ainda mais grave, com as ondas de calor atingindo e excedendo os limites fisiológicos e sociais humanos em regiões como o Sahel, o Chifre da África e o sudoeste da Ásia. O fenômeno deve intensificar ainda mais as necessidades humanitárias nessas áreas, que já sofrem por outras questões, resultando em sofrimento e morte em larga escala, movimentos populacionais e desigualdade ainda mais arraigada.
Desigualdade - Observando que a crise climática está intensificando as emergências humanitárias em todo o mundo, o secretário-geral da Cruz Vermelha, Jagan Chapagain, pediu investimentos tanto em adaptação quanto na mitigação dos efeitos da crise climática, principalmente nos países de maior risco.
“Na COP 27, pediremos aos líderes mundiais garantias de que esses investimentos cheguem às comunidades que estão na linha de frente da crise climática. Se as comunidades estiverem preparadas para antecipar os riscos climáticos e equipadas para agir, evitaremos que eventos extremos se transformem em desastres humanitários”, defendeu.
Embora os impactos do calor extremo sejam globais, comunidades vulneráveis –como trabalhadores agrícolas, por exemplo – estão sendo empurradas para essa “linha de frente” da crise, sendo impactadas desproporcionalmente pelo fenômeno. Da mesma forma, idosos, crianças e mulheres grávidas e lactantes enfrentam maior risco de doença e morte. Por isso, destaca o relatório, as populações isoladas e marginalizadas devem ser uma prioridade no recebimento dos investimentos.
Prevenção - O relatório descreve cinco etapas principais para apoiar as pessoas mais vulneráveis às ondas de calor. A primeira é o acesso a informações antecipadas sobre o fenômeno para ajudar a população e autoridades locais a tomarem medidas oportunas, disponibilizando, por exemplo, previsões antecipadas de ondas e calor e alertas.
Em segundo, está a promoção de ações antecipatórias, que incentivem a preparação às ondas de calor, uma vez que é importante que a população local esteja pronta para responder em casos de emergência. Ao mesmo tempo, as autoridades devem encontrar formas novas e sustentáveis de financiar a ação local, destaca o relatório como o terceiro item.
A resposta humanitária também precisa se adaptar ao “novo normal”, encontrando meios de adaptação às altas temperaturas. Algumas organizações já estão testando medidas como “telhados verdes”, centros de resfriamento e habitações de emergência mais apropriadas termicamente.
Por fim, o relatório enfatiza que abordar o impacto do calor extremo também requer fortalecer o engajamento entre o trabalho que é feito nas esferas humanitárias, de desenvolvimento e climáticas, ao redor do globo.