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FAO participa do 8º Fórum do Pacto de Milão sobre alimentação urbana

19 outubro 2022

Governos ao redor do mundo estão enfrentando desafios sem precedentes na segurança alimentar, devido aos crescentes impactos das mudanças climáticas, juntamente com crises recentes como a pandemia de COVID-19 e a guerra na Ucrânia. As populações mais vulneráveis estão sendo especialmente afetadas.

Por isso, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) promoveu na segunda-feira (17), um painel com intercâmbio de experiências entre prefeitos e representantes de Antananarivo, Nairobi, Porto Alegre e Tel Aviv-Jaffa sobre resiliência e justiça climática nos sistemas alimentares urbanos.

O painel foi realizado em conjunto com a Parceria Global sobre Agricultura Urbana e Sistemas Alimentares (RUAF) e o Centro de cooperação internacional em pesquisa agronômica para o desenvolvimento (CIRAD), durante o 8º Fórum Global do Pacto de Milão sobre Política Alimentar Urbana, na cidade do Rio de Janeiro.

Representantes de Antananarivo, Nairobi, Porto Alegre e Tel Aviv-Jaffa participaram do painel.
Legenda: Representantes de Antananarivo, Nairobi, Porto Alegre e Tel Aviv-Jaffa participaram do painel.
Foto: © Aline Czezacki/FAO

Atualmente, aproximadamente 55% da população mundial vive em áreas urbanas e espera-se que este número aumente para 68% até 2050. A rápida urbanização e os choques e estresses relacionados ao clima estão afetando a produção convencional de alimentos e, em geral, a segurança alimentar e nutricional dessa população. Por isso, novas estratégias para alcançar justiça climática e sistemas alimentares resilientes e sustentáveis são necessárias para garantir um acesso mais inclusivo aos alimentos.

Pensando em aprofundar esta discussão a nível global, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) promoveu no dia 17 um painel com intercâmbio de experiências entre prefeitos e representantes de Antananarivo, Nairobi, Porto Alegre e Tel Aviv-Jaffa.

A ação foi realizada em conjunto com a Parceria Global sobre Agricultura Urbana e Sistemas Alimentares (RUAF) e o Centro de cooperação internacional em pesquisa agronômica para o desenvolvimento (CIRAD), durante o 8º Fórum Global do Pacto de Milão sobre Política Alimentar Urbana, na cidade do Rio de Janeiro.

O coordenador técnico do Programa City Region Food Systems da FAO, Guido Santini, compartilhou resultados de uma importante pesquisa realizada no âmbito do Programa, que apoia os governos locais na avaliação de riscos e vulnerabilidades e no planejamento das estratégias e ações para enfrentar os vários choques e estresses.

“É importante lembrar que para enfrentar diferentes crises precisamos promover de forma integradas todas as cinco formas de resiliência, como a proteção social em conjunto com uma transformação dos sistemas para reconstruir melhor, prevenção e resiliência antecipada, transformação para prevenir repetidos choques nos sistemas alimentares, governança multinível e a promoção de espaços de intercâmbio informal entre as partes interessadas”, explicou Guido.

Crises globais - Os governos locais estão enfrentando desafios sem precedentes na segurança alimentar, devido aos crescentes impactos das mudanças climáticas, juntamente com crises recentes como a pandemia de COVID-19 e a guerra na Ucrânia, com as populações mais vulneráveis sendo especialmente afetadas.

O vice-governador do Condado de Nairobi, Njoroge Muchiri, destacou, por exemplo, que a COVID-19 afetou de forma desproporcional a qualidade de vida de muitas famílias, o que motivou a criação de um programa de alimentação escolar para atender não apenas os estudantes, mas também seus familiares que sofreram com o choque pandêmico.

Por sua vez, o prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo, também destacou os impactos da pandemia na economia e a importância de criação de redes de proteção social para que as pessoas não sejam deixadas para trás. “A pandemia deixou os pobres ainda mais pobres. Precisamos articular e consolidar parcerias não apenas a nível municipal, mas também com outras esferas do governo para garantir que será possível encontrar soluções definitivas para os problemas sociais.”

Já o vice-prefeito de Tel Aviv-Jaffa, Reuven Roberto Ladijanski, contou que em sua cidade, como consequência dos choques climáticos e da guerra na Ucrânia, as pessoas passaram a entender que tudo está conectado e faz parte do mesmo sistema. “Somos uma cidade pequena de 435 mil habitantes, e nossos cidadãos entendem que estamos vivenciando situações de crises. Isso gerou uma rede de solidariedade, com programas de vizinhança sustentável, e isso é muito importante.”

Por fim, o chefe de gabinete da Comuna Urbana de Antananarivo, Guy Razafindralambo, explicou que além da COVID-19, a região foi duramente impactada pelas enchentes e furacões em janeiro deste ano, e pela seca no sul de Madagascar. “Infelizmente, a produção rural no país reduziu significativamente, e para resolver essa situação elaboramos um plano de contingência e uma estratégia de segurança alimentar para acelerar a recuperação.”

Articulação e engajamento são cruciais para avanços na alimentação escolar, dizem especialistas no Pacto de Milão
Legenda: Articulação e engajamento são cruciais para avanços na alimentação escolar, dizem especialistas no Pacto de Milão.
Foto: © Aline Czezacki/FAO

Alimentação escolar - Também durante o 8º Fórum Global do Pacto de Milão sobre Política Alimentar Urbana foi discutido mais a fundo a questão da alimentação escolar, em outro painel conduzido pela FAO na segunda-feira (17), no âmbito das ações do Dia Mundial da Alimentação de 2022.

A atividade “Alimentação Escolar: fortalecendo sistemas alimentares locais e uso da biodiversidade” foi apoiada pela Embrapa Agroindústria de Alimentos, Instituto Comida do Amanhã, Sebrae Alagoas e contou com recursos do Projeto Dom Hélder Câmara, coordenado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA).

A conclusão da sessão, que contou com a presença de especialistas nacionais e internacionais, foi de que tanto a sociedade civil quanto diferentes níveis de governos locais e nacionais, pais, mães, ONGs e até mesmo os estudantes devem estar mobilizados e engajados para o melhor funcionamento possível das múltiplas ações da política de alimentação escolar.

Cúpula Regional da América do Sul debate importância de sistemas alimentares urbanos com inclusão social e justiça climática.
Legenda: Cúpula Regional da América do Sul debate importância de sistemas alimentares urbanos com inclusão social e justiça climática.
Foto: © Aline Czezacki/FAO

América do Sul - A segunda-feira também foi marcada no Fórum Global pela realização da Cúpula Regional da América do Sul, organizada por representantes de Belo Horizonte, no Brasil, e de Rosário, na Argentina. As cidades convidaram prefeitos e representantes de cidades latino-americanas para falar sobre as necessidades e desafios dos sistemas alimentares urbanos com inclusão social e justiça climática.

O painel foi moderado pela coordenadora técnica da Rede Espanhola de Municípios pela Agroecologia, María Carrascosa, e discutiu a situação na região em meio às crises globais causadas pela COVID-19 e as mudanças climáticas. A discussão ainda trouxe proposições a respeito de estratégias de cooperação descentralizada, promoção do intercâmbio de boas práticas, bem como a necessidade de assistência técnica e financeira para escalar políticas públicas virtuosas.

Participaram do intercâmbio de experiências as cidades brasileiras de Araraquara, Curitiba, Porto Alegre, Rio de Janeiro, São Paulo e Recife; Río Grande da Argentina; Chone do Equador; Huancayo do Peru; e Manizales, na Colômbia.

Entidades da ONU envolvidas nesta atividade

FAO
Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura

Objetivos que apoiamos através desta iniciativa