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ONU alerta: com várias crises globais, é grande o risco de longo período de baixo crescimento

16 maio 2023

Imagem da capa do relatório Situação e Perspectivas Econômicas Mundiais de 2022
Legenda: Capa do relatório Situação e Perspectivas Econômicas Mundiais de 2022, divulgado em maio de 2023
Foto: © DESA

Inflação persistente, aumento de taxas de juros e incertezas deixam sombrias as perspectivas para uma recuperação econômica global robusta.

A economia mundial pode ter um longo período de baixo crescimento.

Estas são as principais conclusões do relatório Situação e Perspectivas Econômicas Mundiais de 2022 (WESP, na sigla em inglês), divulgado nesta terça-feira (16).

Acesse o documento na íntegra, em inglês, aqui.

As perspectivas de uma recuperação econômica global robusta permanecem sombrias em meio a um cenário de inflação persistente, aumento das taxas de juros e aumento de incertezas. Em vez disso, a economia mundial enfrenta o risco de um período prolongado de baixo crescimento, uma vez que os efeitos persistentes da pandemia da COVID-19, o impacto cada vez pior das mudanças climáticas e os desafios estruturais macroeconômicos permanecem sem solução. Isto é o que aponta o relatório Situação e Perspectivas Econômicas Mundiais de 2022 (WESP, na sigla em inglês), divulgado nesta terça-feira (16).

De acordo com o relatório, a economia mundial deverá crescer 2,3% em 2023 (+0,4 pontos percentuais em relação à previsão de janeiro) e 2,5% em 2024 (-0,2 pontos percentuais), um ligeiro aumento na previsão de crescimento global para 2023. Nos Estados Unidos, a resiliência dos gastos familiares levou a uma revisão para cima da previsão de crescimento para 1,1% em 2023. A economia da União Europeia - impulsionada pelos preços mais baixos do gás e pelos gastos robustos dos consumidores - agora deve crescer 0,9%. A previsão de crescimento da China para este ano é agora de 5,3%, como resultado da suspensão das restrições relacionadas à COVID-19.

Mas ainda há um quadro sombrio. Apesar desse alta, a taxa de crescimento ainda está bem abaixo da taxa média de crescimento nas duas décadas anteriores à pandemia, de 3,1%. Para muitos países em desenvolvimento, as perspectivas de crescimento se deterioraram em meio ao aperto das condições de crédito e ao aumento dos custos de financiamento externo. Na África, na América Latina e no Caribe, o PIB per capita deverá aumentar apenas marginalmente este ano, reforçando uma tendência de longo prazo de estagnação do desempenho econômico. A previsão é de que os países menos desenvolvidos cresçam 4,1% em 2023 e 5,2% em 2024, muito abaixo da meta de crescimento de 7% estabelecida na Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável.

"A atual perspectiva econômica global representa um desafio imediato para alcançar os ODS", disse o subsecretário-geral da ONU para Assuntos Econômicos e Sociais, Li Junhua. "A comunidade global deve abordar com urgência a crescente escassez de financiamento enfrentada por muitos países em desenvolvimento, fortalecendo suas capacidades de fazer investimentos críticos em desenvolvimento sustentável e ajudando-os a transformar suas economias para o desenvolvimento sustentável e ajudando-os a transformar suas economias para alcançar um crescimento inclusivo e sustentado de longo prazo", reforçou.

O comércio global continua sob pressão devido a tensões geopolíticas, enfraquecimento da demanda global e políticas monetárias e fiscais mais rígidas. A previsão é de que o volume do comércio global de bens e serviços cresça 2,3% em 2023, bem abaixo da tendência pré-pandemia.

Inflação - A inflação tem permanecido obstinadamente alta em muitos países, mesmo com a queda substancial dos preços internacionais de alimentos e energia no ano passado. A inflação média global está projetada em 5,2% em 2023, abaixo da alta de duas décadas de 7,5% em 2022. Embora se espere que as pressões de alta nos preços diminuam lentamente, a inflação em muitos países permanecerá bem acima das metas dos bancos centrais. Em meio a interrupções nos abastecimentos locais, altos custos de importação e deficiências  do mercado, a inflação doméstica de alimentos ainda é elevada na maioria dos países em desenvolvimento, afetando desproporcionalmente os pobres, principalmente mulheres e crianças.

Mercados de trabalho - Os mercados de trabalho nos Estados Unidos, na Europa e em outras economias desenvolvidas continuaram a demonstrar uma resistência notável, contribuindo para sustentar robustos gastos familiares. Em meio à escassez generalizada de trabalhadores e às baixas taxas de desemprego, os ganhos salariais aumentaram. As taxas de emprego estão em níveis recordes em muitas economias desenvolvidas, com as diferenças de gênero diminuindo desde a pandemia.

Repercussões globais - No entanto, os mercados de trabalho excepcionalmente fortes estão tornando mais difícil para os bancos centrais controlar a inflação. O Federal Reserve (FED, dos EUA), o Banco Central Europeu e os bancos centrais de outros países desenvolvidos continuaram a aumentar as taxas de juros em 2023, mas em um ritmo mais lento do que no ano passado, que registrou o aperto monetário mais agressivo em décadas. A turbulência do setor bancário nos Estados Unidos e na Europa acrescentou novas incertezas e desafios à política monetária. Embora as ações rápidas e decisivas dos órgãos reguladores tenham ajudado a conter os riscos à estabilidade financeira, as vulnerabilidades na arquitetura financeira global e as medidas tomadas para contê-las provavelmente reduzirão o crescimento do crédito e dos investimentos no futuro.

O rápido aperto das condições financeiras globais representa grande risco para muitos países em desenvolvimento e economias em transição. O aumento das taxas de juros, aliado a uma mudança nas economias desenvolvidas - do afrouxamento quantitativo para o aperto quantitativo - exacerbou as vulnerabilidades de dívida e restringiu ainda mais o espaço fiscal.

 Os desafios políticos atuais exigem uma cooperação política transfronteiriça mais forte e ações globais coordenadas para evitar que muitas economias em desenvolvimento fiquem presas em um ciclo vicioso de baixo crescimento e alto endividamento.

O relatório completo, em inglês, está disponível aqui. 

Informações para a imprensa: 

Sharon Birch, Departamento de Comunicação Global da ONU - birchs@un.org

Helen Rosengren, Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais (DESA) da ONU - rosengrenh@un.org

Entidades da ONU envolvidas nesta atividade

UN DESA
Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais das Nações Unidas

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