Rainha Máxima discute inclusão financeira em visita ao Brasil
08 junho 2023
A rainha dos Países Baixos veio ao Brasil como Assessora Especial do Secretário-Geral das Nações Unidas para o Financiamento Inclusivo para Desenvolvimento (UNSGSA, na sigla em inglês).
Durante a missão ela discutiu com representantes dos setores público e privado a construção de resiliência e saúde financeira.
A Rainha Máxima, dos Países Baixos, concluiu nesta quarta (7) uma visita de três dias ao Brasil na qualidade de assessora especial do secretário-geral das Nações Unidas para o Financiamento Inclusivo para Desenvolvimento (UNSGSA, na sigla em inglês). Ela se reuniu com vários líderes dos setores público e privado para colaborar e oferecer apoio à promoção de inclusão financeira, para reforçar a importância da saúde financeira e para discutir como o ecossistema de finanças digitais pode beneficiar a todas as pessoas.
A UNSGSA passou o último dia e meio da visita em Brasília. Juntamente com a coordenadora residente da ONU no Brasil, Silvia Rucks, ela se reuniu com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o presidente do Banco Central do Brasil (BCB), Roberto Campos Neto, o ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias, e a Presidente da Caixa Econômica Federal (CEF), Rita Serrano.
O tema central da agenda era discutir como aproveitar o impulso para a inclusão financeira no Brasil, onde 84% dos adultos agora têm acesso a uma conta financeira formal (Findex 2021) – em comparação aos 70% de 2017 e aos 56% de 2011. A Rainha Máxima enfatizou a importância da abordagem pró-concorrência do Brasil para desenvolver um ecossistema e infraestrutura de finanças digitais inclusivos, como os pagamentos interoperáveis como o Pix. Ela também observou o emergente regime de financiamento aberto que pode ajudar a inovação do setor privado a prosperar. Esses têm sido os principais facilitadores para alcançar grupos carentes, como pessoas pobres, mulheres, pequenos agricultores e pequenas empresas.
“O próximo passo crucial para o Brasil pode ser alavancar o acesso financeiro para melhorar a saúde financeira dos brasileiros”, disse a assessora especial.
A saúde financeira é uma questão crítica no país. A pontuação média de saúde financeira para um adulto brasileiro sugere um baixo nível de saúde financeira, indicando sinais precoces de dificuldades financeiras e alto risco de estresse financeiro (Pesquisa Índice de Saúde Financeira do Brasil 2022, I-SFB). E quase 80% dos adultos no Brasil pesquisados (Findex 2021) afirmaram estar preocupados em não ter dinheiro suficiente para despesas ou contas mensais, bem como não ter dinheiro suficiente para a velhice.
O UNSGSA observou durante as reuniões que as pessoas precisam ser capazes de gerenciar melhor suas responsabilidades financeiras diárias, criar resiliência a choques, atingir metas financeiras de longo prazo e promover uma sensação de segurança e controle sobre suas finanças. Além disso, o advogado especial disse que é fundamental garantir que os produtos e serviços financeiros não levem a resultados prejudiciais.
O Brasil está em um momento importante em que pode considerar a saúde financeira em várias políticas e regulamentações, bem como nas estratégias de negócios. O UNSGSA destacou que adotar uma perspectiva de saúde financeira pode contribuir para o sucesso e a sustentabilidade de longo prazo de um setor financeiro brasileiro inclusivo. As florescentes inovações fintech, juntamente com o compromisso de líderes do setor privado em abordar o assunto, têm o potencial de melhorar significativamente a saúde financeira dos brasileiros e servir de modelo para outros países.
Nas reuniões, o advogado especial também incentivou os esforços do país no compartilhamento de dados e na proteção do consumidor para acompanhar os riscos financeiros digitais da inovação.
A Rainha Máxima, juntamente com o presidente do Banco Central Campos Neto, visitou uma escola pública de ensino fundamental para conhecer o programa de educação financeira do BCB e conversar com estudantes que participam da iniciativa. A UNSGSA falou com as crianças sobre a importância do orçamento e da poupança, bem como enfatizou a necessidade de conhecimento financeiro para construir saúde financeira de longo prazo.
Antes de Brasília, a UNSGSA passou um dia e meio em São Paulo, conversando com os principais atores do setor privado. Ela ouviu suas perspectivas sobre o papel dos provedores de serviços financeiros na promoção da saúde financeira de brasileiras e brasileiros. A assessora especial organizou uma mesa redonda com o Banco Santander (membro da CEO Partnership for Economic Inclusion) sobre soluções do setor financeiro para a saúde financeira do consumidor. Ela também convocou uma mesa redonda do setor público-privado para garantir o impacto positivo de inovações como Pix e Open Finance, especialmente para clientes de baixa renda.
Além disso, a Rainha Máxima realizou duas visitas de campo para se encontrar com empresas e clientes de provedores de serviços financeiros inovadores para discutir suas experiências em primeira mão. Ela se reuniu com representantes das empresas Kovi e Dinie e com pequenos empresários.
Luciana Reis, que abriu um pequeno restaurante chamado Barraca da Lulu em 2017, disse à assessora especial que tem navegado pelos altos e baixos de administrar um restaurante durante uma pandemia e recessão econômica. Durante a crise de COVID-19, ela precisava de crédito para continuar pagando suas contas, então solicitou um empréstimo por meio da Dinie, uma fintech pioneira que oferece empréstimos embutidos e capital de giro digital para micro e pequenas empresas e comerciantes em uma plataforma de comércio eletrônico. O crédito foi aprovado em poucos dias, dando a ela capital para manter seu restaurante aberto durante a pandemia e desenvolver um canal de delivery no iFood. Segundo Luciana, o empréstimo de baixo custo e fácil acesso da Dinie fez toda a diferença.
Já na Kovi, uma empresa de financiamento de automóveis com uma abordagem não tradicional que facilita o acesso ao empréstimo de um carro para grupos tradicionalmente mal servidos pelo sistema financeiro formal, a Rainha Máxima falou com a condutora de aplicativos Luisa Pereira. Luisa disse à UNSGSA que credita à Kovi e a seu modelo de financiamento um novo sopro de vida. Com o fim de seu casamento, ela ficou sem carro e sem fonte de renda. Conseguiu começar a dirigir e voltar ao trabalho após obter um carro financiado pela Kovi.
Os parceiros do Grupo de Referência da UNSGSA que apoiaram o trabalho técnico na visita incluíram a Better than Cash Alliance, a Fundação Bill & Melinda Gates (BMGF), o Grupo Consultivo para Ajudar os Pobres (CGAP) e o Banco Mundial. A missão contou também com o apoio do Sistema das Nações Unidas no Brasil.
Para mais informações, visite a página do escritório da UNSGSA.
Informações para a imprensa (em inglês):
Christopher Hughes – Assessor de Comunicação - Escritório da Assessora Especial do Secretário-Geral das Nações Unidas para o Financiamento Inclusivo para Desenvolvimento