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US$ 7 trilhões são investidos por ano em atividades que têm um impacto negativo na natureza

12 dezembro 2023

Quase US$ 7 trilhões por ano em subsídios governamentais e investimentos privados - cerca de 7% do PIB global - têm um impacto negativo direto na natureza. 

As soluções baseadas na natureza permanecem dramaticamente subfinanciadas, recebendo, atualmente, financiamento público e privado de apenas US$ 200 bilhões por ano.

Para cumprir as metas do clima, biodiversidade e restauração de ecossistemas, o investimento na natureza precisa ser triplicado até 2030 e quadruplicado até 2050. 


Estado das Finanças para a Natureza, PNUMA, 2023.

Legenda: O relatório sobre o Estado das Finanças para a Natureza, lançado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) alerta que, em 2022, os investimentos em soluções baseadas na natureza totalizaram aproximadamente US$ 200 bilhões, mas os fluxos financeiros para atividades que prejudicam diretamente a natureza foram mais de 30 vezes maiores, ultrapassando US$ 7 trilhões.
Foto: © Pollyana Ventura/Getty Images Signature.

 

Cerca de US$ 7 trilhões dos setores público e privado são investidos globalmente a cada ano em atividades que têm um impacto negativo direto na natureza - o equivalente a cerca de 7% do Produto Interno Bruto (PIB) global.

Esses dados foram apresentados peloa Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) no último sábado (09/12) na COP28, em Dubai. 

Em 2022, os investimentos em soluções baseadas na natureza totalizaram aproximadamente US$ 200 bilhões, mas os fluxos financeiros para atividades que prejudicam diretamente a natureza foram mais de 30 vezes maiores.

O relatório Estado das Finanças para a Natureza, preparado pelo PNUMA e parceiros, expõe uma disparidade preocupante entre os volumes de financiamento para soluções baseadas na natureza e fluxos financeiros negativos à natureza, e ressalta a urgência de enfrentar as crises interligadas de mudança climática, perda de biodiversidade e degradação da terra.

"As soluções baseadas na natureza são dramaticamente subfinanciadas. Os investimentos anuais negativos para a natureza são mais de 30 vezes maiores do que o financiamento de soluções baseadas na natureza que promovem um clima estável e terras e natureza saudáveis. Para termos alguma chance de atingir os objetivos de desenvolvimento sustentável, esses números devem ser revertidos – com verdadeiros guardiões da terra, como os povos indígenas, entre os principais beneficiários."

- Inger Andersen, diretora executiva do PNUMA, 9 de dezembro de 2023. 

O estudo revela que os fluxos financeiros privados negativos para a natureza somam US$ 5 trilhões anuais. Esse montante é 140 vezes maior do que os investimentos do setor privado atividades positivas para a natureza, cerca US$ 35 bilhões por ano. 

As cinco indústrias que canalizam a maioria dos fluxos financeiros negativos – construção, serviços públicos elétricos, imobiliário, petróleo e gás e alimentos e tabaco – representam 16% dos fluxos globais de investimento na economia, mas 43% dos fluxos negativos para a natureza associados à destruição de florestas, zonas húmidas e outros habitats naturais.

Já os gastos dos governos com subsídios prejudiciais ao meio ambiente em quatro setores - agricultura, combustíveis fósseis, pesca e silvicultura - são estimados em US$ 1,7 trilhão em 2022. Os subsídios aos combustíveis fósseis para os consumidores dobraram de US$ 563 bilhões em 2021 para US$ 1,163 bilhão em 2022.

"O relatório deste ano é um lembrete gritante de que continuar fazendo “negócios como sempre” representa uma grave ameaça ao nosso planeta, reforçando a necessidade urgente de uma transição para práticas de negócios sustentáveis e de parar o financiamento da destruição da natureza. O cerco está apertando, com o aumento da pressão regulatória em áreas-chave como o combate ao desmatamento."

- Niki Mardas, diretor executivo da Global Canopy, parceiro do PNUMA na elaboração do levantamento global. 

Enquanto os líderes se reúnem em Dubai esta semana, reformar e reaproveitar subsídios prejudiciais ao meio ambiente, particularmente aos combustíveis fósseis e à agricultura, será fundamental.

Investimento na natureza precisa triplicar até 2030 

O relatório identifica uma lacuna de financiamento significativa para soluções baseadas na natureza, que contam com financiamento de apenas US$ 200 bilhões alocados em 2022.

Governos contribuíram com 82% (US$ 165 bilhões) desse financiamento positivo para a natureza. O financiamento privado permanece modesto em US$ 35 bilhões (18% do total de fluxos).

Para cumprir as metas da Convenção do Rio sobre limitar as mudanças climáticas a 1,5ºC, bem como a meta do Marco Global de Biodiversidade de preservar 30% da terra e do mar até 2030 e alcançar a neutralidade da degradação da terra, os fluxos financeiros para soluções baseadas na natureza devem quase triplicar dos níveis atuais (US$ 200 bilhões) para atingir US$ 542 bilhões por ano até 2030 e quadruplicar para US$ 737 bilhões até 2050.

Tanto o financiamento público como o investimento privado têm de aumentar dramaticamente, em conjunto com o realinhamento dos fluxos financeiros que têm um impacto negativo na natureza.

Embora o financiamento público continue a desempenhar um papel crítico, o financiamento privado tem potencial para aumentar sua participação dos atuais 18% para 33% até 2050.

"A degradação generalizada da natureza não está apenas exacerbando a crise climática, mas também nos empurrando para a ultrapassagem das fronteiras planetárias. Investir em soluções baseadas na natureza fornece uma via estratégica e econômica para enfrentar os desafios interligados das mudanças climáticas, perda de biodiversidade e degradação da terra e, ao mesmo tempo, fazer progressos tangíveis em direção aos objetivos de desenvolvimento sustentável". 

- Jochen Flasbarth, secretário de Estado do Ministério Federal Alemão para Cooperação Econômica e Desenvolvimento, que financiou o relatório.

Ação urgente em duas frentes: reaproveitar o financiamento negativo da natureza e escalar o investimento na natureza 

O relatório sugere que simplesmente dobrar ou triplicar o investimento em soluções baseadas na natureza não será suficiente para alcançar as três metas do Rio, a menos que os fluxos de financiamento de quase US$ 7 trilhões para práticas negativas à natureza sejam drasticamente reduzidos e idealmente reaproveitados em favor da natureza.

É necessária uma grande guinada em favor da natureza. O setor financeiro e as empresas devem não apenas aumentar os investimentos em soluções baseadas na natureza, mas também implementar incentivos para redirecionar o financiamento de atividades nocivas, promovendo resultados positivos para a natureza.

As políticas governamentais desempenham um papel crucial na criação de um ambiente propício para fomentar as oportunidades de investimento. Notavelmente, as perspectivas de investimento em soluções baseadas na natureza estão florescendo, impulsionadas pela revisão de setores globais, como alimentos, extrativismo, imóveis e infraestrutura – principais contribuintes para o declínio da natureza. Essas oportunidades rivalizam com as decorrentes da crise climática, apresentando um momento crucial para mudanças impactantes.

NOTAS AOS EDITORES

Sobre o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA)

O PNUMA é a principal voz global sobre o meio ambiente. Fornece liderança e incentiva a parceria no cuidado com o meio ambiente, inspirando, informando e permitindo que nações e povos melhorem sua qualidade de vida sem comprometer a das gerações futuras.

Sobre a Global Canopy

A Global Canopy é uma organização ambiental orientada por dados que visa as forças de mercado que destroem a natureza. Fornecemos dados inovadores de acesso aberto, métricas claras e insights acionáveis para empresas líderes, instituições financeiras, governos e organizações de campanha em todo o mundo para ajudá-los a tomar melhores decisões sobre a natureza, as florestas e as pessoas. 

Sobre a Economia da Degradação da Terra (ELD)

A ELD é uma iniciativa global que visa integrar o verdadeiro valor da terra nos processos de tomada de decisão e promover o uso sustentável da terra. A iniciativa foi lançada em 2011 pelo Ministério Federal Alemão para Cooperação Econômica e Desenvolvimento (BMZ), a Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação (UNCCD) e a Comissão Europeia.

Para mais informações, entre em contato:

  • Unidade de Notícias e Mídia, Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente: unep-newsdesk@un.org
  • Aurelia Blin, Unidade de Financiamento Climático, Divisão de Ecossistemas, Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente: blin@un.org
  • Amy Fairbairn, Diretora de Comunicações Estratégicas, Global Canopy: a.fairbairn@globalcanopy.org
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