Evento marca início das comemorações dos 75 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos
12 dezembro 2023
O Centro de Informações das Nações Unidas para o Brasil (UNIC Rio) e a Agência da ONU para Direitos Humanos (ACNUDH), em parceria com o Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase), realizaram uma roda de conversa com jovens, marcando a inauguração da exposição “Liberdade, Igualdade e Justiça” e o início das celebrações dos 75 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Durante a atividade, o grupo trouxe à tona questões, como a carência de infraestrutura em suas comunidades, os obstáculos para acessar o ensino superior e a ausência de estímulo à educação.
Alguns jovens também contaram sobre casos de racismo que já foram vítimas ou testemunharam, além de compartilharem episódios marcados pela desigualdade de gênero, como a discriminação mulheres no acesso a determinados empregos em suas comunidades, além do acúmulo de trabalhos domésticos e de cuidado.
Em novembro, o Centro de Informações das Nações Unidas para o Brasil (UNIC Rio) e a Agência da ONU para Direitos Humanos, em parceria com o Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase), realizaram uma roda de conversa com adolescentes e jovens na cidade do Rio de Janeiro, marcando a inauguração da exposição “Liberdade, Igualdade e Justiça” e o início das celebrações dos 75 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos.
A exposição “Liberdade, Igualdade e Justiça” é composta por obras do artista peruano Ivan Ciro Palomino, e o evento contou com apoio do Consulado do Peru - RJ.
A roda de conversa ocorreu na sede do Ibase e reuniu participantes de projetos parceiros do Ibase (Youca Brasil, em Jardim Gramacho, e do coletivo Brota na Lage, no morro do Borel), que trabalham pela inclusão política de adolescentes e jovens, proporcionando-lhes a oportunidade de participar ativamente de discussões, oficinas e processos decisórios.
Membros do UNIC Rio e do Ibase também marcaram presença no evento, que teve sua abertura conduzida por Maria Jose Ravalli, diretora do UNIC Rio, e Rita Corrêa Brandão, diretora do Ibase.
A condução da roda de conversa foi feita por Aisha Sayuri, assistente de Direitos Humanos Agência da ONU para Direitos Humanos (ACNUDH). A abordagem adotada envolveu a escolha estratégica de três obras do artista (igualdade na educação, liberdade de expressão e inclusão de pessoas com deficiência) como ponto de partida para instigar perguntas e estimular reflexões. Cada participante teve a oportunidade de apontar sua obra preferida, promovendo uma troca de perspectivas entre o grupo.
Reflexões e aprendizados
O grupo trouxe à tona questões importantes, como a carência de infraestrutura em suas comunidades, os obstáculos para acessar o ensino superior e a ausência de estímulo à educação. A jovem Waleska Marques foi uma das participantes que contou sobre sua experiência cursando Serviço Social na PUC Rio:
"Porque o sistema, querendo ou não, te pressiona a desistir daquele espaço. Te pressiona a desistir dos seus estudos (...). Muitas vezes, nós, pessoas negras, ocupamos espaços como DCE e Centros Acadêmicos para tentar mudar a realidade daquele lugar, mas, muitas vezes, não conseguimos. A permanência nos estudos, na educação - que para mim não é só livro, não é só escola -, é difícil. Ainda mais vindo da periferia, da favela, aí dificulta três vezes mais."
Alguns jovens também contaram sobre casos de racismo que já foram vítimas ou testemunharam. As jovens trouxeram à tona episódios marcados pela desigualdade de gênero, como a discriminação mulheres no acesso a determinados empregos em suas comunidades, além do acúmulo de trabalhos domésticos e de cuidado.
A dinâmica inspirou reflexões sobre a importância da Declaração Universal dos Direitos Humanos, explorando maneiras pelas quais os artigos podem e devem transcender o documento formal, exercendo um impacto efetivo na vida das pessoas. Isso envolve garantir a concretização prática dos diversos direitos estipulados, os quais, na prática, frequentemente falham em se concretizar.
Tauan Satyro, participante da roda, também lembrou que a Declaração é fruto das reivindicações e lutas de diferentes grupos. Ele enfatizou a importância de entendermos a Declaração como um instrumento de mudança, e do papel de cada pessoa na construção de um mundo mais igualitário.
“É muito importante a gente ter essa Declaração, mas apenas o direito ali escrito, positivado, ele não vai ser colocado em prática. Ele não vai atingir de fato essa igualdade. É para isso que precisamos olhar para esses direitos como instrumento de luta, de construção social. Não são direitos que foram dados de graça; eles foram construídos a partir das lutas de diferentes povos, em diferentes espaços e sociedades (...). Então, aquela igualdade que se fala ali, a gente precisa ter de fato algo como liberdade de opinião; que as pessoas possam trabalhar e construir os seus direitos, que não seja imposto de cima para baixo.”
“Impulsionada pelo teor social das obras de Ivan Ciro, a roda de conversa proporcionou uma compreensão mais aprofundada dos artigos ao permitir a conexão direta com as experiências de cada jovem. Isso enriqueceu a compreensão dos princípios da Declaração Universal dos Direitos Humanos, tornando-os mais palpáveis em suas vidas cotidianas”, explica a diretora do UNIC Rio, Maria José Ravalli.
Sobre a exposição
A exposição "Liberdade, Igualdade e Justiça" apresenta uma coleção de obras do artista peruano Ivan Ciro Palomino. Suas ilustrações exploram de maneira sensível os diversos temas contidos na Declaração Universal dos Direitos Humanos, como o direito inalienável de todo ser humano a aspectos fundamentais como liberdade, educação, saúde e informação.
Em meio à riqueza de seu trabalho, o artista também nos lembra da responsabilidade coletiva de cuidar do nosso ambiente, promover a sustentabilidade, e chama atenção para pautas temáticas urgentes como, por exemplo, a integridade da informação e a celebração da diversidade.
Por meio de suas ilustrações, Ciro instiga as pessoas a refletirem sobre temáticas urgentes e, por meio de seu trabalho, reforça que os direitos humanos são universais, transcendendo características como raça, gênero, classe, religião ou origem.
Sobre o artista
Peruano, Ciro é formado pela Faculdade de Artes e Design da PUC do Peru e um parceiro de longa data do UNIC Rio. Explorando temas sociais, ambientais e humanitários, já foi premiado pela ONU em dois concursos. Em parceria com o UNIC Rio, fez a exposição Consciência, que entre 2019 e 2022 foi vista por mais de 200 mil pessoas em cinco espaços de visitação no Rio de Janeiro, São Paulo e outras 12 cidades brasileiras. Mais informações sobre o artista, acesse aqui.