#ResíduoZero: 7 formas de transformar o lixo em recurso valioso

Date:

30 Março 2024 | 3:00 AM - 31 Março 2025 | 2:59 AM

O que é Resíduo Zero?

Você já deve ter ouvido falar no conceito de “Resíduo Zero", mas sabe o que realmente significa? Essa abordagem visa manter os resíduos fora de aterros e do oceano. O foco é mantê-los na economia, diminuindo a quantidade de novos resíduos produzidos. O resíduo zero promove padrões responsáveis de produção e consumo.

Desde 1970, o uso de recursos naturais cresceu de 30 para 106 bilhões de toneladas, acarretando impactos ambientais dramáticos, e a estimativa é de que a geração de resíduos aumente em 56% de 2023 até 2050, de acordo com dois relatórios recentes do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA).

"O consumo excessivo está nos matando. A humanidade precisa de uma intervenção", disse António Guterres, secretário-geral das Nações Unidas.

Uma gestão de resíduos eficiente traz grandes oportunidades: reduz a extração de recursos naturais; fortalece os meios de subsistência locais, diversifica novos modelos de negócios e melhora a qualidade de vida nas cidades. A gestão sustentável de resíduos também pode reduzir a emissão de gases de efeito estufa, colaborando para o combate à mudança climática.

Resíduos orgânicos da agroindústria e de cidades podem ser transformados em energia e combustível sustentáveis por meio do biogás. Dados do projeto GEF Biogás Brasil mostram que, se o potencial total de produção de biogás no Brasil fosse atingido, em torno de 642 milhões de toneladas de CO2 equivalente poderiam ser evitadas todo ano, ajudando o país a atingir a meta nacional de redução de 53% das emissões de gases de efeito estufa até 2030.

Promover iniciativas de resíduo zero pode ajudar a avançar todos os objetivos e metas da Agenda 2030, com destaque para o Objetivo Desenvolvimento Sustentável (ODS) 11, tornar cidades e assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis; o ODS 12, garantir padrões de consumo e produção sustentáveis; o ODS 13, ação contra a mudança global do clima, e o ODS 9, construir infraestruturas resilientes, promover a industrialização inclusiva e sustentável e fomentar a inovação.

Além de proteger o ambiente, a abordagem de Resíduo Zero pode gerar um ganho líquido anual de US$ 108,5 bilhões, reduzindo significativamente o custo global da gestão de resíduos.

“Nosso planeta não pode continuar a fornecer recursos incessantemente e receber poluição em troca”, avalia Inger Andersen, diretora-executiva do PNUMA.

Legenda: Para #CombaterAPoluiçãoPorResíduos, precisamos reforçar a gestão de resíduos e, ao mesmo tempo, melhorar a recuperação de recursos e reduzir substancialmente a geração de resíduos. A prevenção, a redução, a reutilização, o reaproveitamento e a reciclagem são fundamentais para esse objetivo.

Qual a sua parte no caminho para o resíduo zero?

Estima-se que todos os anos, a humanidade produz mais de 2 bilhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos.

Por isso, governos nacionais e locais, sociedade civil, setor privado, academia, comunidades têm um papel a desempenhar para alcançar a redução da geração de resíduos.

Veja abaixo 7 formas de ajudar a transformar os resíduos em recursos valiosos:

O Brasil é o maior produtor de plástico da América Latina, com cerca de 500 bilhões de itens de plástico de uso único (pratos, copos, embalagens e talheres) produzidos anualmente. Grande parte disso está contido em produtos descartáveis que rapidamente se tornam resíduos, poluindo a terra, o mar e o ar.

Segundo um relatório do PNUMA, os plásticos são a maior, mais prejudicial e mais persistente fração do lixo marinho, representando pelo menos 85% do total de resíduos marinhos. Apenas 9% do resíduo plástico é reciclado, enquanto 17% é incinerado, 22% não são coletados e 46% são jogados em aterros sanitários.

O mundo precisa eliminar os plásticos de uso único e desnecessários. Redesenhar os produtos. Redesenhar as embalagens para que não sejam necessárias ou usem menos plásticos. Reformular os sistemas de reutilização, recarga e, sim, reciclagem.

A boa notícia é que, segundo o PNUMA, indica que podemos reduzir a poluição plástica em 80% até 2040 se os países e as empresas fizerem mudanças profundas nas políticas e no mercado usando as tecnologias existentes.

Por esse motivo que a Assembleia das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEA 5), há dois anos, marcou o início das negociações do Tratado Global contra a Poluição Plástica, que devem ser concluídas este ano.

Recusar itens de uso único, reutilizar os produtos plásticos e dar preferência a outros materiais são ações fundamentais para reduzir os danos da poluição plástica aos ecossistemas.

Legenda: Governos, empresas, indivíduos e outros devem adotar o desperdício zero para superar a crise da poluição por resíduos.

O reaproveitamento do lixo eletrônico é um desafio crescente, dada a rápida expansão da tecnologia e o consequente aumento de resíduos altamente tóxicos.

De acordo com o terceiro relatório mundial sobre lixo eletrônico do Instituto de Treinamento e Pesquisa da Organização das Nações Unidas (Unitar/ONU), cerca de 63 milhões de toneladas métricas de e-resíduos foram gerados em 2022, englobando dispositivos como celulares e computadores. Isso equivale a um aumento de 82% em relação a 2010; e a expectativa é que aumente mais 32%, para 82 milhões de toneladas, em 2030. Neste cenário, bilhões de dólares em recursos estrategicamente valiosos são desperdiçados, com apenas 1% da demanda de elementos minerais raros sendo atendida pela reciclagem de lixo eletrônico.

Um estudo da UNIDO (Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial) divulgado em 2022 revelou que somente 3% do lixo eletrônico na América Latina é adequadamente descartado e processado de maneira que respeita o meio ambiente. A maioria não é monitorada, contendo materiais preciosos como ouro, cuja recuperação poderia valer US$ 1,7 bilhão anualmente. Além disso, o resíduo eletrônico contém substâncias perigosas como mercúrio e cádmio, cujo descarte inadequado apresenta sérios riscos ambientais e para a saúde.

Para mitigar esses problemas, é vital promover a durabilidade dos dispositivos, incentivando seu aluguel, conserto e reciclagem, o que favorece a economia circular. Se as indústrias se comprometerem a fabricar produtos sustentáveis e forem apoiadas por políticas eficazes de gestão de resíduos eletrônicos, poderemos progredir para um futuro mais verde.

Essa abordagem também é crucial para minerais e metais importantes na transição energética, destacando a importância de design focado na possibilidade de reparo, remanufatura, recuperação e reciclagem, mantendo esses recursos valiosos na economia e evitando sua extração e descarte irresponsável. Com estima-se que até 7% do ouro mundial esteja contido em resíduos eletrônicos, é imprescindível repensar nosso manejo de tecnologias descartadas.

Legenda: Promover iniciativas de resíduo zero pode ajudar a avançar todos os objetivos e metas da Agenda 2030, incluindo o Objetivo Desenvolvimento Sustentável 11, de tornar cidades e assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis, e o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 12, de garantir padrões de consumo e produção sustentáveis.

Estima-se que as pessoas estão comprando 60% mais roupas e estão vestindo-as por apenas metade de sua duração. A indústria da “fast fashion”, caracterizada por sua constante renovação, produção em massa e preços acessíveis, contribui de forma significativa para a crise ambiental global. Trata-se de um ciclo de consumo que não é sustentável.

A moda é responsável por 2% a 8% das emissões globais de gases do efeito estufa, além de contribuir substancialmente para a poluição, a contaminação hídrica e os impactos adversos na biodiversidade mundial. Anualmente, a indústria é responsável por 9% dos microplásticos nos mares e consome cerca de 215 trilhões de litros de água.

Como uma medida para enfrentar esses problemas, o PNUMA lançou o Manual de Comunicação de Moda Sustentável. Este manual visa sincronizar as práticas do setor com objetivos sustentáveis globais, incluindo os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e o Acordo de Paris, tendo recebido o apoio de mais de 140 importantes marcas de moda, varejistas e consórcios de fornecedores desde seu lançamento em junho de 2023.

É vital considerar o impacto ambiental antes de fazer uma compra. Por isso, antes de adquirir uma nova peça de roupa, faça as seguintes perguntas:

Os fabricantes divulgam suas atividades de sustentabilidade? Essas declarações podem ser verificadas?
Os tecidos são sustentáveis ou usam fibras recicladas?
Há um esforço para garantir que suas cadeias de suprimentos abordem seus impactos no planeta?
Os rótulos são certificados para que possam ser comparados?

Estabelecido por meio de uma resolução da Assembleia Geral da ONU, o Dia do Resíduo Zero incentiva ações de conscientização sobre o descarte inadequado de resíduos sólidos. — Legenda: “Para concretizar a visão de uma sociedade sem lixo, precisamos redefinir o que é lixo. Muito do que jogamos fora é um recurso valioso, portanto, devemos começar a repensar o design e o fornecimento de produtos e serviços para manter os recursos na economia. Essa é a manifestação definitiva do velho ditado quem poupa, sempre tem”, avalia Inger Andersen, diretora-executiva do PNUMA.

Considerar a importância de uma transição equitativa, garantindo que a mudança para uma economia circular seja justa e inclusiva também é importante.

Desde a coleta, passando pelo transporte, reciclagem, até a disposição final, a gestão de resíduos oferece muitas possibilidades de renda. Nesse sentido, o programa Waste Wise Cities, do ONU-Habitat, ajuda governos locais a encontrarem soluções concretas para otimizar a gestão e estimular a economia.

Segundo o Relatório de Lacuna de Circularidade da América Latina, a adoção de estratégias de circularidade poderia gerar até 8,8 milhões de novos empregos. Um exemplo claro disso ficou evidente em um estudo do projeto GEF Biogás Brasil segundo o qual se atingíssemos o potencial total de produção de biogás por meio do reaproveitamento energético de resíduos orgânicos, poderíamos gerar cerca de 800 mil empregos no Brasil.

Essa mudança transformadora não é apenas sobre reduzir resíduos ou emissões de carbono; é sobre redefinir o crescimento econômico. É crucial que esses desenvolvimentos considerem também os direitos e o bem-estar dos trabalhadores informais, que já estão contribuindo para as atividades de economia circular, garantindo que eles não sejam deixados para trás.

Legenda: Face ao aumento dramático na geração de resíduos e seus impactos ambientais, a abordagem de #ResíduoZero propõe adotar um ciclo contínuo de “Recusar, Reduzir, Redesenhar, Reutilizar e Reciclar”.

Com a previsão de que 68% da população mundial residirá em áreas urbanas até 2050, é crucial repensar o design e a administração das cidades. Em escala global, aproximadamente 25% de todos os resíduos gerados não são recolhidos, e 39% não são tratados em instalações apropriadas.

Estudo do PNUMA, revelou qe o manejo inadequado dos resíduos representa um custo anual de US$ 361 bilhões. No entanto, eliminando o descarte inapropriado, minimizando a produção de resíduos e intensificando os processos de reciclagem, é possível que os governos alcancem um benefício econômico anual de US$ 108,5 bilhões até o ano de 2050.

Apostar em construções que priorizem a eficiência energética pode levar a uma diminuição substancial nos resíduos produzidos por atividades de construção e demolição, que contribuem significativamente para o volume total de resíduos e são responsáveis por 37% das emissões globais de gases de efeito estufa.

Os gestores municipais também têm a oportunidade de fomentar a agricultura urbana e ampliar os espaços verdes, o que pode diminuir a necessidade de importar alimentos de regiões distantes, reduzindo assim as emissões provenientes de embalagens e transporte.

A Waste Wise Cities, do ONU-Habitat, fornece dados e monitoramento, conhecimento, defesa e desenvolvimento de projetos financiáveis para mudar as cidades em direção ao desperdício zero.

Nesse contexto, a rede One Planet surge como um catalisador de mudança, reunindo uma comunidade global de especialistas, formuladores de políticas e profissionais comprometidos com a sustentabilidade. Além de fomentar a cooperação, essa rede disponibiliza um repositório com as principais informações e recursos sobre práticas sustentáveis.

Legenda: Esta é a segunda vez que a ONU celebra o Dia Internacional do Resíduo Zero. A data destaca tanto a importância de reforçar a gestão de resíduos em nível global quanto a necessidade de promover padrões de produção e consumo sustentáveis.

Transformar resíduos orgânicos em energia, incluindo elétrica, térmica e como combustível, é um processo inovador com impactos positivos para o meio ambiente e que está avançando no Brasil. Por meio do biogás, é possível reduzir as emissões de gases de efeito estufa e diminuir a poluição em córregos, rios e no solo ao redor de fazendas.

A gestão sustentável e o aproveitamento energético dos resíduos orgânicos da agroindústria e das cidades brasileiras fomenta a economia circular, gerando emprego.

Segundo a Associação Brasileira de Biogás (ABiogás), o Brasil tem o maior potencial de biogás do mundo, com um potencial teórico de produção de quase 80 bilhões de metros cúbicos por ano.

Dados do CIBiogás indicam que 2,35 bilhões de metros cúbicos de biogás foram produzidos por 755 plantas em operação no Brasil em 2021, gerando um aumento de 10% da produção em relação ao ano anterior.. Mesmo com esse crescimento, a comparação entre a produção atual e o potencial total indicam que ainda há grande espaço para avanço do setor no país.

Além disso, o Brasil é um dos maiores consumidores de fertilizante do mundo, importando grande parte do total utilizado. O aumento da produção de biofertilizante por meio do biogás representa uma oportunidade de mercado para as empresas locais.

Nesse contexto, o projeto GEF Biogás Brasil visa impulsionar o setor de biogás no país, transformando resíduos orgânicos em uma variedade de formas de energia. O projeto é liderado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), implementado pela Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (UNIDO), financiado pelo Global Environment Facility (GEF) e conta com o CIBiogás como principal entidade executora.

O projeto atua na integração do biogás à cadeia produtiva brasileira e na diversificação da matriz energética do país. Além de benefícios econômicos e sociais, como a geração de emprego e renda, essas medidas aprimoram o desempenho ambiental da agroindústria por meio da redução da emissão de gases de efeito estufa, e fomentam a gestão sustentável de resíduos sólidos urbanos.

A promoção de iniciativas de resíduos zero pode ajudar a avançar todos os objetivos e metas da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, incluindo o #ODS11, o #ODS12, o #ODS13 e o #ODS9.

Junte-se a nós nessa jornada transformadora e seja parte da solução. Quando se trata do nosso planeta, cada gesto em direção à sustentabilidade é um passo rumo a um futuro esperançoso.

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