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Inteligência Artificial Generativa pode impactar quase 40% dos empregos na América Latina e no Caribe

02 agosto 2024

A Inteligência Artificial Generativa (IAGen) poderia transformar milhões de empregos na América Latina e Caribe, mas a brecha digital impõe desafios, aponta relatório conjunto da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e Banco Mundial lançado nesta quarta-feira (31). 

O documento conclui que entre 26% e 38% dos empregos na região poderiam ser diretamente influenciados pela IAGen. 

No entanto, é mais provável que a tecnologia aumente e transforme os empregos, em vez de os automatizar totalmente. O estudo aponta que entre 8% e 14% dos empregos poderiam ter melhor produtividade graças à IAGen, enquanto apenas entre 2% e 5% enfrentam o risco de automatização total.


O relatório "A IA Generativa e os empregos na América Latina e no Caribe: a brecha digital é um amortecedor ou um gargalo?"

Legenda: O relatório "A IA Generativa e os empregos na América Latina e no Caribe: a brecha digital é um amortecedor ou um gargalo?" revela que as mulheres, bem como os trabalhadores urbanos, mais jovens e qualificados nos setores formais, enfrentam maiores riscos de automação por parte da IAGen, o que poderia agravar as desigualdades econômicas regionais e a informalidade.
Foto: © Vertigo3d/Getty Images Signature.

A Inteligência Artificial Generativa poderia transformar significativamente os empregos e aumentar a produtividade na América Latina e no Caribe, mas as lacunas existentes na infraestrutura digital poderiam prejudicar seus benefícios potenciais, de acordo com um novo estudo da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e o Banco Mundial.

O relatório A IA Generativa e os empregos na América Latina e no Caribe: a brecha digital é um amortecedor ou um gargalo? (“Buffer or Bottleneck? Employment Exposure to Generative AI and the Digital Divide in Latin America”, em inglês) conclui que entre 26% e 38% dos empregos na região poderiam ser influenciados pela IAGen. 

No entanto, é mais provável que a tecnologia aumente e transforme os empregos, em vez de os automatizar totalmente. Especificamente, entre 8% e 14% dos empregos poderiam ter melhor produtividade graças à IAGen, enquanto apenas entre 2% e 5% enfrentam o risco de automatização total.

O estudo revela que as mulheres, bem como os trabalhadores urbanos, mais jovens e qualificados nos setores formais, enfrentam maiores riscos de automação por parte da IAGen, o que poderia agravar as desigualdades econômicas regionais e a informalidade.

Os potenciais benefícios transformadores da IAGen sobre os empregos são distribuídos de forma mais equitativa entre os trabalhadores em termos de gênero e idade, mas continuam a ser mais propensos a afetar os empregos formais nas zonas urbanas e que estão ocupados por trabalhadores com mais educação e renda mais elevadas. Os trabalhadores assalariados e autônomos, como vendedores, arquitetos, educadores, profissionais de saúde ou de serviços pessoais, têm maior probabilidade de se beneficiar dos efeitos transformadores da IAGen, de acordo com o estudo.

No entanto, o estudo destaca uma brecha digital significativa na região que pode impedir os trabalhadores e as trabalhadoras de aproveitarem plenamente os benefícios potenciais da IAGen. Isto poderia afetar cerca de metade dos empregos que poderiam ter maior produtividade com esta tecnologia, correspondendo a 7 milhões de empregos para mulheres e 10 milhões de empregos para homens na região (17 milhões no total), estima o relatório.

A perda de produtividade potencial devido a esta lacuna no acesso digital teria o maior impacto sobre os trabalhadores que vivem em condição de pobreza. No Brasil, embora 8,5% dos trabalhadores e das trabalhadoras mais desfavorecidos pudessem se beneficiar da IAGen, apenas 40% deles poderiam fazê-lo, já que dispõem de tecnologias digitais no trabalho.

“A gestão eficaz dos impactos da Inteligência Artificial ​​Generativa requer um diálogo social sólido e inclusivo que reúna todas as partes interessadas. Ao promover conversas significativas entre decisores políticos, líderes da indústria, trabalhadores e sindicatos, podemos garantir que o poder transformador da IA ​​seja aproveitado de forma responsável, abordando as necessidades de todos os trabalhadores e, ao mesmo tempo, mitigando os riscos associados à mudança tecnológica", afirmou Ana Virginia Moreira Gomes, diretora regional da OIT para a América Latina e o Caribe.

“Numa região onde o crescimento é baixo, a desigualdade permanece inaceitavelmente elevada e uma em cada quatro famílias ainda vive na pobreza, é fundamental melhorar a produtividade e a qualidade do emprego”, afirmou William Maloney, economista-chefe do Banco Mundial para a América Latina e Caribe. 

"Quando implementadas de forma sustentável, as tecnologias digitais, incluindo a IAGen, podem aumentar a produtividade e a criação de mais e melhores empregos. No entanto, para aproveitar estas oportunidades, é vital que os países da região invistam na conectividade e nas competências, reforçando simultaneamente os sistemas de proteção social para garantir que ninguém fique para trás."

A pesquisa recomenda diversas ações-chave na região e a necessidade de uma abordagem colaborativa para aproveitar plenamente o potencial da IAGen e, ao mesmo tempo, mitigar os riscos associados:

  1. Implementar programas de aprendizagem ao longo da vida para mitigar a perda de empregos e melhorar a produtividade.
  2. Fortalecer as competências básicas dos trabalhadores e das trabalhadoras para aumentar a produtividade e a criatividade com a IAGen.
  3. Melhorar os sistemas de proteção social para estabilizar as transições e abordar as disparidades de gênero.~
  4. Melhorar a infraestrutura digital e incentivar a adoção de tecnologias digitais.
  5. Ajudar os trabalhadores e as trabalhadoras do setor informal na sua transição para o setor formal para melhorar as suas possibilidades de se beneficiar da IAGen.

Para saber mais, confira as perguntas e respostas na página da OIT Brasil (em português) e acesse o estudo completo (em inglês). 

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