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"Nem-nem": Número de jovens fora do mercado de trabalho, programas de educação ou treinamento continua uma preocupação, aponta relatório da OIT

12 agosto 2024

Novo relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT) revela uma elevada proporção de jovens fora do mercado de trabalho e de programas de educação e treinamento, comumente chamados de "nem-nem". Em 2023, um em cada cinco jovens no mundo, ou seja, 20,4%, era considerado “nem-nem”. 

Preocupações apontadas pelo relatório global incluem as disparidades regionais e de gênero e uma crescente ansiedade da juventude em relação ao trabalho, apesar de tendências globais encorajadoras acerca do desemprego juvenil.

Em 2023, a taxa global de desemprego juvenil foi de 13%, o equivalente a 64,9 milhões de pessoas, e representa o nível mais baixo em 15 anos. 

Relatório da Organização Internacional do Trabalho lançado neste Dia Internacional de Juventude (12 de agosto) alerta que os jovens enfrentam “ventos contrários” para alcançar o sucesso no mundo do trabalho. Foto: Escola rural em Arusha, na Tanzânia.
Legenda: Relatório da Organização Internacional do Trabalho lançado neste Dia Internacional de Juventude (12 de agosto) alerta que os jovens enfrentam “ventos contrários” para alcançar o sucesso no mundo do trabalho. Foto: Escola rural em Arusha, na Tanzânia.
Foto: © Kasto.

As perspectivas do mercado de trabalho global para os jovens melhoraram nos últimos quatro anos e espera-se que a tendência ascendente continue por mais dois anos, aponta novo relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT) lançado nesta segunda-feira (12) - Dia Internacional da Juventude. 

No entanto, o relatório intitulado Tendências Globais de Emprego Juvenil 2024 (Global Employment Trends for Youth 2024 - GET for Youth) alerta que o número de jovens entre 15 e 24 anos que estão fora do mercado de trabalho, de programas de educação ou treinamento (comumente chamados de nem-nem ou NEET, na sigla em inglês) é preocupante e que a recuperação do emprego após a pandemia da COVID-19 não foi universal. Jovens de determinadas regiões e muitas mulheres jovens não estão vendo os benefícios da recuperação econômica.

Para 2023, a taxa de desemprego juvenil de 13%, o equivale a 64,9 milhões de pessoas, representa o nível mais baixo em 15 anos e mostra uma queda em relação à taxa anterior à pandemia, de 13,8% em 2019. Espera-se que ela continue a cair até os 12,8% neste ano e no próximo. O panorama, no entanto, não é o mesmo em todas as regiões. Nos Estados Árabes, na Ásia Oriental e no Sudeste da Ásia e no Pacífico, as taxas de desemprego juvenil foram mais altas em 2023 do que em 2019.

O relatório alerta também que os jovens enfrentam outros “ventos contrários” para alcançar o sucesso no mundo do trabalho. Salienta que muitos jovens em todo o mundo são nem-nem e que as oportunidades de acesso a empregos decentes continuam limitadas nas economias emergentes e em desenvolvimento. Em 2023, um em cada cinco jovens no mundo, ou seja, 20,4%, era considerado “nem-nem”. Dois em cada três destes “nem-nem” eram mulheres.

Com relação aos jovens que trabalham, o relatório aponta a falta de progresso na obtenção de empregos decentes. Em todo o mundo, mais de metade dos jovens que trabalham têm empregos informais. Apenas nas economias de renda alta e de renda média, a maioria dos jovens trabalhadores tem hoje um emprego permanente e seguro. E três em cada quatro jovens que trabalham em países de renda baixa apenas encontrarão emprego por conta própria ou trabalho remunerado temporário.

O relatório alerta que a persistência de elevadas taxas de jovens que estão fora do mercado de trabalho, de programas de educação ou treinamento e o crescimento insuficiente de empregos decentes provoca uma ansiedade crescente entre os jovens de hoje, que são também os jovens mais instruídos da história.

“Nenhum de nós pode esperar um futuro estável quando milhões de jovens ao redor do mundo não têm trabalho decente e, como resultado, estão se sentindo inseguros e incapazes de construir uma vida melhor para si e suas famílias. Sociedades pacíficas dependem de três ingredientes principais: estabilidade, inclusão e justiça social; e o trabalho decente para os jovens está no cerne de todos os três”, explicou Gilbert F. Houngbo, diretor-geral da OIT.

Além disso, o relatório conclui que os homens jovens se beneficiaram mais da recuperação do mercado de trabalho do que as mulheres jovens. As taxas de desemprego juvenil de mulheres e homens jovens em 2023 foram praticamente iguais (12,9% para mulheres jovens e 13% para homens jovens), ao contrário do que aconteceu nos anos anteriores à pandemia, quando a taxa de homens jovens era maior. Além disso, a taxa mundial de “nem-nem” entre as mulheres jovens duplicou em comparação com a dos homens jovens (28,1% e 13,1%, respectivamente) em 2023.

“O relatório nos lembra que as oportunidades para os jovens são altamente desiguais; com muitas mulheres jovens, jovens com meios financeiros limitados ou de qualquer origem minoritária ainda lutando. Sem oportunidades iguais para educação e empregos decentes, milhões de jovens estão perdendo suas chances de um futuro melhor”, acrescentou Houngbo.

O relatório da OIT defende a uma maior atenção ao reforço das bases do trabalho decente como forma de enfrentar a ansiedade dos jovens em relação ao mundo do trabalho e reforçar a sua esperança num futuro melhor.

Em uma mensagem aos jovens leitores, os autores do relatório pedem que eles adicionem suas vozes aos apelos por mudanças. “Vocês têm a possibilidade de influenciar políticas e defender trabalho decente para todas as pessoas. Conheçam seus direitos e continuem investindo em suas habilidades”, diz a mensagem. “Sejam parte da mudança que todos nós precisamos para garantir um mundo socialmente justo e inclusivo.”

Esta 12ª edição do GET for Youth marca o 20º aniversário do relatório. Analisa o que foi alcançado neste século para melhorar as perspectivas de emprego dos jovens e considera o futuro do emprego dos jovens "numa época caracterizada por crises e incertezas". Analisando tendências de longo prazo, o relatório conclui que:

  • O crescimento dos serviços "modernos" e dos empregos no setor manufatureiro para os jovens tem sido limitado, embora a modernização possa atingir os setores tradicionais através da digitalização e da Inteligência Artificial. 
  • Não há empregos altamente qualificados suficientes para suprir a demanda de jovens instruídos, especialmente em países de renda média.
  • Manter o desenvolvimento de qualificações em sintonia com as crescentes demandas por habilidades verdes e digitais será fundamental para reduzir as incompatibilidades educacionais.
  • O número crescente de conflitos ameaça os futuros meios de subsistência dos jovens e pode empurrá-los para a migração ou o extremismo.
  • As tendências demográficas, em particular o chamado “terremoto da juventude” africana, implicam que criar de empregos decentes suficientes será fundamental para a justiça social e para a economia mundial.

O relatório defende um investimento maior e mais eficaz, inclusive para impulsionar a criação de empregos que tenham uma meta específica em empregos para mulheres jovens, o fortalecimento das instituições que apoiam os jovens em suas transições para o mercado de trabalho, incluindo jovens que estão fora do mercado de trabalho, de programas de educação pu treinamento, a integração do emprego e da proteção social para jovens e o enfrentamento das desigualdades globais por meio de melhor cooperação internacional, parcerias público-privadas e financiamento para o desenvolvimento.

Acesse o relatório completo (em inglês) na página da OIT: https://www.ilo.org/publications/major-publications/global-employment-trends-youth-2024 

Contato para imprensa: 

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