Um novo amanhecer
No Piauí, programa de aprendizagem oferece a adolescentes e jovens acesso ao mundo do trabalho decente - enquanto frequentam a escola.
É de manhã bem cedo que Rodrigo de Souza levanta da rede onde dorme. O sol ainda está nascendo e o adolescente, de 15 anos, começa a se arrumar para ir ao trabalho. Um gole de café preparado pela mãe e 20 km depois, ele, que vive na zona rural do município de São Miguel do Tapuio, no interior do Piauí, chega à loja de departamento em que atua como jovem aprendiz.
O programa de aprendizagem em São Miguel do Tapuio é lei desde 2022. Por meio dele, adolescentes e jovens de 14 a 24 anos têm acesso ao mundo do trabalho decente, enquanto se mantêm frequentando a escola até a conclusão do Ensino Médio. O município faz parte do Selo UNICEF desde 2007 e garantir oportunidades de trabalho decente para adolescentes e jovens é uma das metas da iniciativa.
“O dia em que eu soube que tinha passado na vaga eu fiquei bem feliz porque essa é uma experiência grande. Na loja, o meu serviço é colocar coisas no sistema, fazer os cartazes com os preços, etc.”, conta Rodrigo.
O adolescente mora com a mãe, Luziene de Souza, com o pai e com o irmão de 17 anos. A família tira o sustento do plantio de milho e feijão no solo arenoso nos arredores da casa onde vive, além do auxílio de R$ 350 recebido do governo. A bolsa que Rodrigo ganha como jovem aprendiz já possibilitou que ele comprasse um celular e uma bota nova e tem ajudado a complementar a renda da família, principalmente para alimentação.
“Com o dinheiro que o Rodrigo me dá, eu compro sempre alguma besteirinha para eles comerem. Besteirinhas é maçã, é uva, rapadura. Rodrigo gosta muito de rapadura”, explica dona Luziene.
Depois de cumprido o período de trabalho no armazém, Rodrigo é sempre recebido pela mãe com o almoço pronto. Feijão com farinha e carne assada estão entre os pratos favoritos. Adolescente que é, ele passa as tardes fazendo o que mais gosta: assistindo a vídeos de vaqueiros e montando a cavalo. Mas a rotina diária de Rodrigo não acaba aqui. O dia dele é longo.
O sol está quase se pondo quando ele vai para a escola. São mais 30 km para chegar à unidade escolar em que frequenta o primeiro ano do ensino médio. De lá, só retorna depois das 22h. No outro dia, vive tudo novamente, sem desistir da oportunidade de trabalhar como jovem aprendiz e muito menos do direito de aprender.
“Eu falo para ele não desistir, porque eu mesma tenho inveja, eu não vou mentir. Se tem uma coisa que eu tenho inveja é de a pessoa saber ler e eu não saber. Aí eu digo: ‘meu filho, eu não sei de nada, nem o meu nome, eu boto mal o nome. Não desiste da escola não’”, pede dona Luziene.
“Sem o estudo a pessoa não tem nada, né? Tem que estudar para ser alguma coisa na vida”, completa Rodrigo.
Para implementar o Selo UNICEF na região Nordeste do País, o UNICEF conta com as parcerias estratégicas de B3 Social, Grupo Profarma, Instituto Claro, Itaú Social e RD Saúde.
Descubra mais sobre a história do Rodrigo:
Para saber mais siga @unicefbrasil nas redes e visite a página do Selo UNICEF: https://www.selounicef.org.br/