Relatório Mundial das Cidades: 2 bilhões de pessoas podem enfrentar aumento alarmante de temperatura até 2050
07 novembro 2024
Novo relatório do ONU-Habitat aponta os desafios e apresenta caminhos para que as cidades criem resiliência e se adaptem às mudanças do clima.
Mais de 2 bilhões de pessoas podem enfrentar um aumento adicional de pelo menos 0,5 graus Celsius na temperatura até 2040.
Relatório foi lançado pela Diretora-executiva do ONU-Habitat durante a 12ª Sessão do Fórum Urbano Mundial, realizado até 8 de novembro no Cairo, Egito.
O Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (ONU-Habitat) apresentou, nesta terça-feira (5), o Relatório Mundial das Cidades, publicação que destaca os desafios urgentes impostos pelas mudanças climáticas e pela rápida urbanização em todo o mundo. Lançado durante a 12ª sessão do Fórum Urbano Mundial, o relatório alerta que mais de 2 bilhões de pessoas podem enfrentar um aumento adicional de pelo menos 0,5 grau Celsius na temperatura até 2040. O documento revela que os esforços para combater as mudanças climáticas nas áreas urbanas estão aquém da escala necessária para enfrentar os desafios crescentes.
Um tema crítico abordado no relatório é o significativo déficit de financiamento para infraestrutura urbana resiliente. As cidades necessitam de um montante estimado entre 4,5 e 5,4 trilhões de dólares por ano para desenvolver e manter sistemas resilientes ao clima, mas o financiamento atual é de apenas 831 bilhões de dólares – uma fração do necessário. Essa lacuna deixa as cidades, especialmente as populações mais vulneráveis, cada vez mais expostas a riscos.
O relatório também revela que algumas intervenções climáticas pioraram as condições para comunidades vulneráveis. Casos de “gentrificação verde”, em que iniciativas como a criação de parques deslocam famílias de baixa renda ou aumentam os valores imobiliários, destacam a necessidade de soluções climáticas mais justas e inclusivas.
Apesar dos desafios, o relatório incentiva uma mudança de perspectiva, motivando que as áreas urbanas não sejam vistas apenas como parte do problema, mas também como fundamentais para a solução.
“O conhecimento é a base da ação climática eficaz, e os insights que reunimos hoje são essenciais para moldar futuros marcos, como o próximo Relatório Especial do IPCC sobre Mudanças Climáticas e Cidades”, disse Anacláudia Rossbach, Subsecretária-geral das Nações Unidas e Diretora-executiva do ONU-Habitat, durante a coletiva de imprensa para o lançamento do relatório.
“O recém-publicado Relatório Mundial das Cidades 2024 é um testemunho da importância de integrar as realidades urbanas às discussões climáticas. À medida que nos preparamos para a COP29, estamos comprometidos em aproveitar o conhecimento para informar estratégias que ressoem tanto com os esforços locais quanto globais.”
O Relatório Mundial das Cidades defende um enfoque urbano mais forte nas estratégias climáticas, enfatizando a necessidade de alinhar a ação climática com objetivos mais amplos de desenvolvimento, incluindo melhoria dos serviços, redução da pobreza e saúde pública. Ele pede a integração de considerações climáticas em todos os setores, permitindo que as cidades façam investimentos eficazes e sustentáveis.
O documento também destaca a necessidade de que a ação climática seja participativa e liderada pelas comunidades, levando ao desenvolvimento de soluções localmente apropriadas que atendam às necessidades únicas dos residentes - especialmente em assentamentos informais e bairros de baixa renda, frequentemente marginalizados nos processos de tomada de decisão.