Recomeço para Maria José e sua neta no RS
“Ainda falta muita coisa para arrumar em casa, mas, graças a essas ajudas, sinto que posso recomeçar de verdade.”
Maria José Terra, de 64 anos, vive com sua neta de 17 anos em uma pequena casa de alvenaria na Vila dos Farrapos, bairro vulnerável de Porto Alegre duramente atingido pelas enchentes que devastaram o Rio Grande do Sul em maio deste ano.
Para ela, como para centenas de famílias da região, a enchente trouxe perdas materiais e emocionais, levando móveis e objetos pessoais:
“A água chegou rápido e não tive tempo de salvar muita coisa."
Entre os poucos itens recuperáveis, nada parecia oferecer segurança. O piso da casa ficou coberto de lama, o ar ainda cheirava a mofo e o risco de doenças aumentava com o passar dos dias. “Na primeira semana, a gente não sabia nem como começar,” confessa. Mas o esforço coletivo na comunidade mudou o cenário. Com a ajuda de voluntários de uma igreja local, Maria José pôde participar de um mutirão para limpar sua casa, ganhando também uma nova cama e colchão. O governo federal também ajudou e Maria conseguiu comprar móveis para a cozinha e uma televisão.
Em meio a todos esses desafios, havia uma questão que ela não tinha se dado: a qualidade da água. O alerta veio dos agentes multiplicadores da ADRA, parceiro implementador do UNICEF para a resposta às chuvas.
Durante e logo após a enchente, a água que chegava às casas da comunidade não era segura para consumo e havia riscos de contaminação. No auge da crise, grande parte dos municípios enfrentou falta de energia e, principalmente, de água por dias e até semanas. Nesse contexto, o UNICEF entrou em ação, enviando agentes multiplicadores como Karin Melissa para orientar famílias sobre os cuidados necessários para garantir o consumo de água potável, como limpeza e desinfecção de reservatórios pós enchentes.
Os agentes também distribuíam kits de higienização de ambientes e controle e prevenção de doenças com reservatórios de água potável dobráveis, com capacidade para dez litros, água sanitária, desinfetante, sabão, panos, repelente, álcool em gel, balde preto e produtos químicos como o hipoclorito de cálcio e o hipoclorito de sódio para auxiliar na desinfecção da água.
A abordagem não foi apenas entregar kits, foi também educar cada família, explicando os riscos e oferecendo instruções práticas. “Eu era uma que tinha esquecido da água e estava fazendo comida com a água da torneira,” lembra Dona Maria, com um sorriso misto de alívio e surpresa:
“Quando elas falaram para mim, eu me toquei. Parei de usar a água da torneira e passei a usar a água que ganho no reservatório.”
Karin, uma das agentes envolvidas, reforçou a necessidade de se observar a cor e o cheiro da água, e explicou a importância de ferver ou usar apenas água potável fornecida nos pontos de coleta da cidade, armazenando no reservatório para beber e cozinhar. “A água que usamos precisa estar segura,” afirmou destacando que o UNICEF atua para garantir que essa orientação chegue a todas as casas da comunidade.
Para Maria, esse cuidado adicional se tornou um alívio em meio às dificuldades. Agora, mesmo com a situação melhor, sempre que a água parece amarelada ou turva, ela sabe que não deve utilizá-la para preparar alimentos.
“Foi muito bom mesmo vocês terem vindo. Se não fosse isso, eu ia continuar usando a água da torneira, sem nem perceber o risco.”
Com o tempo, o impacto do trabalho do UNICEF em parceria com a comunidade foi se tornado visível não só na rotina de Maria José, mas em todo o bairro. As orientações sobre higiene e cuidado com a água reduziram a incidência de doenças, e a presença dos multiplicadores ajudou a restaurar a confiança dos moradores.
“Esse trabalho é muito importante para a gente,” enfatiza Maria, que, agora, fala sobre o futuro com mais esperança:
“Ainda falta muita coisa para arrumar em casa, mas, graças a essas ajudas, sinto que posso recomeçar de verdade.”
A resposta do UNICEF às chuvas no Rio Grande do Sul conta com parceiros estratégicos como MSD e Departamento de Proteção Civil e Ajuda Humanitária da União Europeia (Echo, na sigla em inglês); com a parceria da Kimberly-Clark e da Takeda; e com o apoio de Amanco Wavin; Beiersdorf, casa de NIVEA e Eucerin; Instituto Mosaic; Klabin; e Serena Energia. Para o trabalho com os agentes mobilizadores, em Porto Alegre, o UNICEF conta com a parceria de implementação da ADRA.
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