Com mais mulheres na infraestrutura, a mudança acontece
Promoção da igualdade de gênero gera impactos positivos em setor que ainda tem predominância masculina
Historicamente dominada por homens, a área da infraestrutura vem passando por transformações com a crescente participação feminina. Mulheres têm ocupado cada vez mais posições no setor, em cargos técnicos, operacionais e de gestão. No Centro de Medicina Tropical de Rondônia (Cemetron), em Porto Velho, cuja obra de conclusão das instalações está sob responsabilidade do Escritório das Nações Unidas de Serviços para Projetos (UNOPS), isso já é uma realidade.
As duas fiscais que acompanham a obra são mulheres - e o fazem em estreito diálogo com a direção do Cemetron, também ocupada por duas mulheres. Uma das profissionais é Ana Paula Bianchi, fiscal de segurança do trabalho do UNOPS.
"Ser uma mulher nesse setor ainda é desafiador, mas percebo que, com diálogo e firmeza, conseguimos conquistar respeito e espaço. Não há setor exclusivo para homens ou mulheres, tudo depende da capacitação e da forma de lidar com as situações", destaca Ana Paula.
Para Roberta Macedo, fiscal de obras do UNOPS na obra do Cemetron, há uma mudança de postura quando as mulheres estão presentes no canteiro:
"Percebo que o ambiente se torna mais respeitoso, pois há uma preocupação maior com a forma como as pessoas se comunicam e interagem. Além disso, trazemos um olhar mais detalhista e organizado para a execução dos projetos."
O UNOPS - um organismo da ONU especializado em infraestrutura - procura promover ações de gênero, diversidade e inclusão em seus projetos. No caso das obras, um dos mecanismos adotados é a inclusão da obrigatoriedade de contratação de percentuais mínimos de mulheres nas equipes (entre outros grupos priorizados). Além disso, todos os dias, são realizados os “diálogos de segurança” antes do início dos trabalhos - uma oportunidade de falar sobre questões de gênero presentes na sociedade, como o combate à violência contra meninas e mulheres e o assédio.
A pintora Ingrid Vargas, 23 anos, foi uma das mulheres contratadas por incentivo do UNOPS - mas para a obra de conclusão do Hospital de Guajará-Mirim, também em Rondônia. Ela, que aprendeu o ofício com o pai, conta que é raro aparecerem oportunidades de emprego para mulheres em canteiros de obras.
“A gente ainda vive em um mundo no qual os homens acham que nós não podemos fazer esse tipo de serviço”, lamenta a jovem, que sonha em trabalhar na Polícia Rodoviária Federal.]
Um caminho a percorrer
Apesar da experiência positiva da participação feminina nas obras de Rondônia, ainda há uma série de desafios para mulheres que desejam ingressar no mercado de trabalho da construção civil - e também para as que almejam chegar a cargos de liderança (em todos os setores). Uma pesquisa consolidada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) no ano passado mostrou que, embora mulheres tenham mais anos de estudo do que homens, ocupam menos de 40% dos cargos de gestão.
“Ter mulheres na liderança representa o empoderamento feminino. Mesmo na saúde, onde representamos a maioria dos postos de trabalho, os cargos de chefia são, em geral, ocupados por homens”, comenta a fisioterapeuta Caroline Moreira, diretora adjunta do Cemetron:
“Na nossa realidade, observamos um cuidado muito mais humano e harmonioso, já que as mulheres possuem a delicadeza de conduzir as situações com maior leveza, mas ainda assim com assertividade e resiliência.”
Para a médica infectologista Mariana Bragança, diretora geral do Cemetron, um dos maiores desafios é conciliar o tempo para os inúmeros papeis que recaem sobre as mulheres. Mas, ao lado dele, a grande importância da representatividade e da ocupação de espaços:
“Assim como eu fui inspirada por uma grande mulher que esteve à frente deste hospital antes de mim, acredito que, com nossas inúmeras competências e inteligência emocional, temos a capacidade de criar situações mais colaborativas, com melhores resultados dentro e fora do ambiente de trabalho.”
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