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UNIC Rio promove palestra sobre afro-brasileiros que fugiram da escravidão e voltaram para a África

24 maio 2009

UNIC Rio promove palestra sobre afro-brasileiros que fugiram da escravidão e voltaram para a ÁfricaO Diretor do Centro de Informação das Nações Unidas para o Brasil (UNIC Rio), Giancarlo Summa, o Ministro da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR), Edson Santos, e o Reitor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Aloísio Teixeira, celebraram o Dia Internacional em Memória das Vítimas da Escravidão e do Tráfico Transatlântico de Escravos em evento que contou ainda com a presença da Professora Alcione Meira Amos, da Smithsonian Institution (Washington), convidada para falar de sua pesquisa sobre os afro-brasileiros que voltaram à África no século XIX. O evento aconteceu na UFRJ, no dia 24 de março.



Antes de passar a palavra à professora, Giancarlo Summa destacou o primeiro artigo da Declaração Universal dos Direito Humanos, que diz que todos os seres humanos nascem iguais em dignidade e direitos. “O tráfico transatlântico de escravos foi o maior caso de migração forçada de que temos notícia”, disse. Para ele, há uma retratação histórica a ser feita e a SEPPIR tem tido um papel importante nesse processo. Ele lembrou que a escravidão ainda é uma marca em nossa sociedade, uma vez que milhares de pessoas ainda são escravizadas por dívidas, submetidas a trabalhos forçados, dentre outros casos.



A Professora Alcione Meira Amos, em seguida, apresentou sua pesquisa. De acordo com ela, estima-se que entre 3 e 8 mil negros tenham voltado para a África Ocidental do século XIX. Segundo ela, os “retornados” passavam a ocupar lugares de destaque na sociedade africana da época. “Eles tiveram grande influência na arquitetura da região: há construções claramente influenciadas pelo barroco baiano”, disse. De acordo com ela, os retornados deram uma boa educação a seus descendentes, o que permitiu que eles passassem a ocupar lugares na elite cultural e política da África Ocidental. Para a professora, sua pesquisa deixa uma lição: embora a escravidão tenha deixado marcas profundas em nossa sociedade, ela não foi capaz de destruir o sonho de paz e liberdade dos submetidos a ela.



Encerrando o evento, o Ministro Edson Santos lembrou que a escravidão deixou marcas profundas e que as injustiças atuais têm raízes históricas. “Alguns setores da sociedade brasileira se recusam a olhar no espelho e admitir que existem desigualdades em nosso país”, criticou o Ministro. Ele enfatizou a necessidade de uma retratação e destacou a colaboração que os poderes Executivo e Legislativo têm na implantação decotas raciais nas Universidades. Por fim, ele agradeceu às Nações Unidas por promoverem um “contexto internacional” favorável ao debate.