Na ONU, presidente do Uruguai critica sistema de acumulação e pede respeito a conquistas da ciência
25 setembro 2013
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Em seu discurso à Assembleia Geral das Nações Unidas nesta terça-feira (24), o presidente do Uruguai pediu à comunidade internacional para que fortaleça os esforços para preservar o planeta para as gerações futuras.
Falando aos líderes mundiais reunidos no debate geral da 68ª sessão da Assembleia, o presidente José Mujica disse que “o mundo clama por regras globais que respeitam as conquistas da ciência”.
Ele observou que “com talento e trabalho em equipe” o homem pode 'esverdear' os desertos, cultivar o mar e elaborar métodos para usar água salgada para a agricultura, entre outras inovações.
“Um mundo com melhor humanidade é possível, mas talvez hoje a primeira prioridade é salvar vidas”, disse o presidente.
Em seu discurso, Mujica criticou a força dos sistemas financeiros e as consequências econômicas, cujo maior impacto recai sobre pessoas comuns. “A economia globalizada não tem outra direção que não o interesse privado de muito poucos e cada Estado nacional busca sua estabilidade”, afirmou.
“Temos sacrificado os velhos deuses imateriais, e ocupamos o templo com o Deus Mercado. Ele organiza a economia, a política, os hábitos, a vida e até mesmo nos financia em parcelas e cartões, a aparência de felicidade. Parece que nascemos só para consumir e consumir e, quando não podemos, há a frustração, a pobreza e a autoexclusão”, afirmou.
“A verdade hoje é que, para gastar e enterrar os restos, chamada pela ciência de pegada de carbono, afirma-se que, se toda a humanidade viver como um norte-americano médio, precisaríamos de três planetas. Ou seja, a nossa civilização montou um desafio mentiroso”, completou Mujica.
O presidente uruguaio pediu um retorno à simplicidade, com a vida fundada sobre “relações humanas, amor, amizade, aventura, solidariedade e família”, em vez de vidas algemadas à economia e aos mercados.
Na segunda-feira (23), o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, se reuniu com Mujica para discutir vários temas da agenda global, de acordo com um porta-voz da ONU.
Ban saudou o Uruguai pelo trabalho em apoio dos esforços de paz da ONU – o pequeno país latino-americano é um dos maiores contribuintes per capita para as operações de paz da ONU em todo o mundo.
Ban Ki-moon também agradeceu o apoio do país para a reforma das Nações Unidas através de uma abordagem que busca uma maior coordenação e colaboração no âmbito do Sistema das Nações Unidas junto a outros parceiros nacionais e internacionais de desenvolvimento.
Neste semana, estão participando do debate geral da 68ª sessão da Assembleia Geral da ONU 193 representantes dos Estados-membros -- entre chefes de Estado e de Governo, vice-primeiros-ministros e ministros --, falando sobre temas como desenvolvimento sustentável, erradicação da pobreza, mudança climática, direitos humanos, paz e segurança. O debate será encerrado no dia 1o de outubro.